A redução de 6% introduzida pelo Ministério da Saúde não compensa as perdas resultantes da diminuição do valor das comparticipações dos medicamentos. E, por isso, os preços de muitos medicamentos vão registar um aumento bastante elevado.
Primeiro, os medicamentos não comparticipados não usufruem de redução. Segundo, e ao contrário do que havia declarado a Ministra da Saúde, Ana Jorge, e conforme noticia o Diário de Notícias, 1554 outros medicamentos que gozam de comparticipação não verão o seu valor reduzido. Tal acontece porque ou o desconto é igual ou inferior a 0,18 cêntimos ou já custam menos que o preço máximo estabelecido.
Para aumentar o caos, segundo alertou o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Maurício Barbosa, as farmácias poderão passar a vender o mesmo medicamento a preços diferentes.
Isto acontece porque não será aplicada a redução de 6% aos medicamentos adquiridos pelas farmácias até à meia-noite de quinta-feira.
Segundo divulga o Público, este prazo pode ser alargado por mais 15 dias, caso o ministério ceda à pressão da indústria farmacêutica e das associações de farmácias.
Esta situação irá penalizar duplamente os utentes.
Exemplos de aumentos
O Diário de Notícias divulga vários casos de medicamentos comparticipados cujo valor aumenta, em alguns casos, cerca de 11 vezes. O omeprazol, usado no tratamento de úlceras gástricas e esofagites, passa a custar, para os doentes do regime geral, 18,84 euros, contra os 1,74 euros anteriormente aplicados.
Conforme dados da Autoridade Nacional para o Medicamento (Infarmed), a redução de 95% para 90% de comparticipação no escalão A afecta 877 medicamentos, a redução de escalão de 69% para 37% atinge 520 antiulcerosos e 418 anti-inflamatórios não esteróides e a eliminação do regime especial para os antidepressivos abrange 617 medicamentos.
Existem casos de medicamentos, como o Ability (anti-psicótico), que anteriormente não significavam qualquer despesa e agora implicam um custo de 75€. São vários os exemplos de medicamentos que aumentam entre 16€ a 19€, nomeadamente o Valdoxan (antidepressor) e o Solexa (anti-inflamatório não esteróide).
Foto: Manuel Moura / Lusa