Umha eleiçom escandalosa desde o princípio
Em Fevereiro de 1999 é eligido o desenho de Peter Eisenman para as obras do complexo do Gaiás. O jurado que o escolheu estava composto em 60% por políticos e 40% por arquitectos, algo mui pouco freqüente. Os grandes defensores do projecto dentro do jurado fôrom Galiano e Foster, amigos pessoais de Eisenman. O arquitecto alemám Wilfried Wang intitulou-no já entom de "megalomaníaco e absolutamente irresponsável". Para Pedro de Llano a eleiçom, enquadrada dentro dos actos do Jacobeu 99, foi simplesmente a do "projecto mais grande, mais caro e mais disparatado de todos os que se apresentárom".
Um arquitecto de direitas para um governo de direitas
Porém, para o seu artífice, "o projecto nom foi político até que o governo galego mudou. Enquanto Fraga mandou, estivemos livres de política". As alusons a Fraga continuam, deixando ver a conhecida irresponsabilidade do que foi presidente da Junta: "nós diziamos que seria demasiado caro. Ele respondia. Esse nom é o seu problema. Diziamos que na biblioteca caberiam 250 mil livros e pediam um milhar. Isso figemos".
O posicionamento político do arquitecto nom deixa lugar a dúvidas de que a relaçom com alguem que se comparou a si prórprio com Filipe II ou Luis XIV deveu ser boa desde o princípio. À pergunta de se pensa que os governos conservadores som melhores para a arquitectura que os de esquerdas contesta: "alto e claro: sim. O consenso nom construi nada bom. E aos governos de direitas preocupa-lhes menos o consenso. Todo o que construimos que tem algum valor levantamo-lo sob governos conservadores.
Ohio, Arizona, Alemanha, Itália, Galiza,... Os governos conservadores som conscientes do valor financieiro da arquitectura e estám dispostos a correrem riscos porque nom se sintem obrigados a se justificarem ante a cidadania. Esa, acho, é a diferença entre direita e esquerda: ante quem te sintes responsável do que fas". Com "construçons de valor" Eisenman refere-se a arquitecturas espectáculo que modificam agressivamente o modo de vida dos sítios nos que levantam, como está a ser o caso da CdC. Edifícios vazios que nom tenhem em conta o meio no que som inseridos, a escalas megalómanas e com facturas multimilhonárias nas que o único objectivo é sair no maior número de guias de viagem possíveis.
O desconhecimento e desprezo dos lugares nos que trabalha, habituais nestas arquitecturas espectaculares, também se deixam ver na entrevista: "onrigárom-nos a trabalhar com pedra de Galiza. A canteira nom dava abasto. Tivemos que ir procurá-la a outro lugar. Ao Brasil". A pedra à que se refere é o custossíssimo material com que estám a ser recubertos os telhados dos edifícios, a qual tem que ser extraida de jeito manual pola sua fragilidade. Um dado trazido à luz por Pedro de Llano avonda para demonstrar o caprichoso da eleiçom: sairia mais barato recubri-la de ouro.
A prepotência do artista
Como corresponde ao seu perfil de figura estrela, Eisenman mostra-se em todo momento como umha pessoa arrogante e maravilhada com o projecto arquitectónico mais criticado pola sociedade galega de todos os tempos. Mas ele aclara: "nunca penso que pensarám os demais... O resultado maravilha-me"; e segue: "seria pretencioso que o dixesse, mas creio que a Cidade da Cultura tem um nível do que eu considero arquitectura falta em muitos dos meus colegas". "Olho para o projecto e pergunto-me: figem eu isso? É difícil até pensar que ideei este projecto, porque me encanta". A vaidade do artista, que desenha maquetas pensando na sua glória e sem nengum tipo de consciência sobre o meio no que actua, fica clara noutra frase: "será o meu Guggenheim. A minha oportunidade para dizer o que quero dizer". No entanto, para a sociedade galega será a oportunidade para converter um edifício no maior cemitério de fundos públicos e dignidade política.