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Censura Enquanto Politicamente Correto e Instrumento da Ignorância

Raphael Tsavkko Garcia

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Censura Enquanto Politicamente Correto e Instrumento da Ignorância

Raphael Tsavkko Garcia - Publicado: Segunda, 23 Agosto 2010 02:00

Raphael Tsavkko

O comentário de André Egg em meu post Facebook proíbe o termo "Palestinian" e responde o porque, me fez refletir e chegar até este post, questionando a idéia do "politicamente correto" enquanto ferramenta válida para a censura. E, mais ainda, o uso de uma suposta inteligência coletiva para o mesmo fim.


Uma vez eu li uma notícia de um juiz argentino não ter considerado racismo um vizinho xingar o outro de "judeu fliho da puta". Tuitei o termo assim mesmo, e meu tweet foi apagado pelo sistema. Um amigo (judeu) retuitou meu link curto usando o termo "ofensas anti-semitas" - o tweet dele passou.

A censura por termos é sempre burra.

E o usuário pode aprender a driblá-la.

Também existe muito spam que circula em nome de causas humanistas - entendo a preocupação dos caras em tentar filtrar isso.

Sob a bandeira da "proteção do usuário", muitas comunidades sociais - Orkut, Facebook, Twitter, etc - proíbem o uso de um ou outro termo a partir de uma suposta inteligência coletiva, ou seja, através das denúncias dos usuários da rede e da coleta de dados baseadas em palavras-chave.

O Google, aliás, através de sua noção de "relevância", por vezes é vítima (ou nós é que somos?) das chamadas "google bombs", uma falha facilmente verificável no sistema da empresa que deixa supostamente nas mãos dos usuários a escolha dos melhores e mais importantes termos pesquisados (ou pesquisáveis). Obviamente nunca saberemos também quais termos são mero reflexo de sua relevância e quais são discretamente patrocinados, mas isto não vem ao caso.

Ha alguns dias, por exemplo, meu blog saiu do ar por cerca de duas horas. Ainda não entendi o que aconteceu, mas suspeito que meu blog possa ter sido denunciado ao Google - ainda que não descarte a possibilidade de ataque hacker - e, então suspenso. Logo reverti o problema, mas casos de censura contra blogs do blogspot não são raros. Basta que um bom número de pessoas denuncie o blog e a tal "inteligência coletiva" acaba por servir como instrumento de censura. Nada mais que política barata.

O que dizer de outros casos de censura, como contra a página do WikiLeaks ou da Greve de 29 de Setembro?

A página "29 de setembro: Promoveremos a greve geral do primeiro mundo" foi removido juntamente com os links em outros sites, grupos e perfis com as suas observações, sem deixar vestígios. O motivo fornecido pelos fabricantes do Facebook foi: "O grupo leva à violência e não respeitar as regras do Facebook." O que está claro é que esta página muitas pessoas desconfortáveis. A boa notícia é que esse ataque à liberdade de expressão é uma afirmação sobre a idéia que defendeu o site é totalmente correta, por isso nem sequer ter tido conhecimento e tentaram silenciá-la.

As acusações são simplesmente lastimáveis. Contra a Greve, a de que esta levaria à violência.

Qual? Violência é o que sofrem os trabalhadores, explorados pelo patrão. Violência é a exploração da massa trabalhadora e não o movimento para se impor contra o capitalismo selvagem.

No caso do WikiLeaks, qual a violação? Vazar documentos que comprovam - mais uma vez - que os EUA são criminosos? Onde está a infração de regras denunciar crimes?

La red social más grande del mundo borró toda la página del sitio web sueco de Facebook con más de 30 mil fans, alegando que promueve actos ilegales. Nos preguntamos, en el caso de que esto sea cierto ¿no debería de ser un organismo oficial el que determine esto y baje el sitio en internet, no sólo en Facebook? ¿O Facebook se considera parte del gobierno global?

É curioso saber qual a base legal - ou mesmo moral - para acusar estes grupos de promoverem atos ilegais.

Existem outros casos, na verdade são infindáveis. Outro exemplo é o da censura - duas vezes - do perfil de Arnaldo Otegi, líder do Batasuna.

En el caso de Arnaldo Otegi, parece evidente que los responsables de Facebook han decidido suprimir su cuenta porque alguien lo ha solicitado, pero es prácticamente imposible conocer quién es ese «alguien» ni los argumentos que ha expuesto. En este sentido, resulta significativa la existencia en Facebook de un grupo denominado Anti Arnaldo Otegi, que se dedica a atacar la ideología de la izquierda abertzale y aplaudir las actuaciones políticas, judiciales y policiales contra el movimiento independentista vasco.

Mais uma vez caímos na patrulha, ideológica, política e social.

Já foram comuns as contas deletadas no Twitter e mesmo no Orkut por denúncias feitas por usuários contra desafetos. Se por um lado a denúncia de grupos de caráter neonazista, xenófobo e afins é correta e deva ser incentivada, por outro, as formas tradicionais que os diversos sites de mídia social tem ou usam para deletar uma conta são extremamente frágeis.

Em muitos casos basta apenas que um número determinado de denúncias seja alcançado, logo, qualquer um pode ser vítima de uma brincadeira de um grupo mal intencionado e ter sua conta deletada.

Contando que vivemos em uma era dominada pelas redes sociais, ter sua conta excluída causa significativos prejuízos.

Existem também os casos em que a mera ignorância é responsável pela censura ou pela sua tentativa, caso do blog TwitterBrasil.org, processado pela candidata ao senado brasileiro Marta "relaxa e goza" Suplicy.

Hoje Twitter já não é novidade para ninguém e mesmo a maturidade ainda não chegou muito bem no ambiente político.

Acabamos de receber um oficial de justiça com um mandado endereçado ao "TWITTER, com escritório no Brasil" que segundo Marta Suplicy e o TRE/SP somos os responsáveis, exigindo apresentação em 48 horas e solicitando a retirada de um perfil fake do Twitter.

É impressionante como a justiça nacional interpreta os blogs, nesse processo conta que somos um blog e não o próprio Twitter, mas mesmo assim nos considera responsáveis.

O que se vê, depois de todos estes exemplos, é uma mistura perigosa de ignorância com más intenções camufladas de bom-mocismo. De um lado uma gama de advogados e indivíduos completamente ignorantes do que é e de como funciona a rede e , de outro, organizações que tem total noção de seu poder e que se valem de instrumentos, regras e diretrizes frouxas para facilitar a censura de conteúdo que, para eles, parece perigosa.

Já disse antes e repito, O controle da internet é a arma dos poderosos.


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