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Confiar em Lois Pereiro

220810_pereiroGaliza - Galizalivre - [Isaac Lourido] Em conversa com Daniel Salgado.

Com o nomeamento de Lois Pereiro como escritor homenageado no Dia das Letras Galegas de 2011, fôrom retomados os debates que, cada ano, ciclicamente, suscita a convocatória dessa efeméride.


Pola minha parte, acho que o acordo ou desacordo com a Real Academia Galega em relaçom com o 17 de Maio responde basicamente a umha questom de maior ou menor confiança na instituiçom. Quer dizer, que aqueles/as (quase sempre aqueles) que acreditam na capacidade da RAG para encabeçar o desenvolvimento e o dinamismo cultural galego e galeguista, nom tenhem problemas para atopar argumentos com os que reforçar a escolha de cada ano. E som argumentos perfectamente válidos, na maioria dos casos.

Os desacordos procedem, com frequência, daquelas outras posiçons partidárias de candidaturas distintas (incluída a de Ricardo Carvalho Calero) mas que, implicitamente, acreditam na legitimidade histórica, no valor e no potencial da Dia das Letras como emblema da nossa cultura. Menos presença pública semelha ter umha terceira via que pom em causa a operatividade dos termos em que está concibida a celebraçom (carrussel editorial, lastre e pompa institucional, ritualizaçom, etc.), que desconfia da capacidade de qualquer Academia como motor da emergência em culturas ameaçadas e que, para o caso galego, advirte da prática incapacidade da RAG para desbordar o quadro jurídico-institucional em que participa e em que tem sentido.

A escolha de Pereiro evidencia, neste sentido, que a RAG nom é umha Academia exactamente igual que as Academias com reconhecimento cumprido em perspectiva internacional. A dependência cultural, a coexistência num mesmo domínio com a cultura espanhola e o processo de assimilaçom identitária provocam umha série de problemas e instabilidades que podem ser enfrentados com estratégias diferentes: jogar a ser como as Academias indiscutidas (pompa, cerimónia, cánone) ou aproveitar o conflito como estilete de afirmaçom diferencial (tensom com as outras instituiçons públicas, propostas de contra-canonizaçom, contradiçom dos discursos oficializados, etc.). Mália ao predomínio histórico da primeira destas linhas na RAG, nom faltam argumentos para considerar a elecçom de Pereiro como umha pequena concessom em direcçom contrária.

No ano Lois Pereiro atoparemos a resposta a multitude de questons, interessantes sem dúvida para continuarmos a comprovar como funciona a cultura galega em tempos de reconquistas imperiais. Assim, como se vai assumir a figura e a obra deste poeta no ensino? Como se abordará a sua sensibilidade proto-marginal, a dialéctica entre vida e obra, a escasa presença institucional ou a releváncia da morte no seu processo criativo? Serám peneirados os testemunhos gráficos que dam fe do seu percurso vital?

Falta saber, também, que relato nos vam legar aqueles/as que partilhárom com Pereiro cidade e escritas. Qual será a metáfora escolhida por Manuel Rivas. Mas, sobretodo, quantas noites passará sem durmir a persoa encarregada de lhe escrever a Núñez Feijóo o discurso protocolário em memória do homenageado.


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