A vitória eleitoral da direita foi superior às previsões e o neofranquista Partido Popular vai açambarcar o poder na maior parte de comunidades autônomas e prefeituras do Estado espanhol: Madrid, Andaluzia, Castela-A Mancha, Castela Leão, Valência, Balears... conseguindo 37% dos votos no conjunto do Estado, 10 pontos acima do PSOE, que ficou nos 27% e só conservará a Comunidade Autônoma da Estremadura, em coalizão com a social-democrata Izquierda Unida. Ao todo, o PP de Rajoi ultrapassou o PSOE de Zapatero em 2 milhões de votos.
Izquierda Unida, plataforma eleitoral do reformista PCE, conseguiu um ligeiro incremento depois de mais de uma década de queda nos apoios de eleição para eleição.
"Fora Bildu, Viva Espanha!"
Os gritos coreados pelos votantes do PP que celebravam a vitória em frente à sede do partido sintetizam o espírito da direita vencedora: "Fora Bildu, Viva Espanha!" O chauvinismo espanhol junto ao rejeitamento à força de esquerda independentista que ressurgiu no País Basco nesta jornada, no que pode ser o único dado positivo destas eleições: Bildu, a coalizão independentista basca, foi a força que conseguiu mais vereadores (907) e a segunda em número de votos na Comunidade Autônoma Basca (25%), depois do PNV (direita autonomista, com 822 vereadores e 29% dos votos). Na província basca de Guipúscoa, a esquerda independentista é a primeira força, enquanto no território de Navarra-Nafarroa também atingiu um ascenso muito notável,
Também na Catalunha o PP não conseguiu ganhar, apesar de subir. A vitória foi para o direitista e autonomista CiU, mas também subiu a xenofóbica e ultra direitista Plataforma por Catalunha, que conseguiu 67 vereadores anti-imigrantes. A esquerda independentista agrupada nas Candidaturas de Unidade Popular (CUP) conseguiu um bom resultado, passando de 20 a 101 vereadores e vereadoras.
Galiza: PP sobe, PSOE e BNG baixam
Na Galiza, o PP passa de não governar em nenhuma das 7 grandes prefeituras a ter maioria absoluta na capital (Compostela), na Corunha e em Ferrol, além de se confirmar como primeira força política a nível nacional. O PSOE e o BNG (social-democrata autonomista) poderão manter governos bipartidos em Lugo, Ourense, Vigo e Ponte Vedra.
A queda do BNG expressa-se nos 315 mil votos de 2007 que se convertem em 261 mil de 2011 mas, paradoxalmente, aumenta o número de prefeituras em que tem maioria, passando de 17 para 22.
Mais voto em branco
Um último dado de interesse, no conjunto do Estado espanhol, é o meio milhão de votos em branco (2,54%) que supõe um aumento de mais de meio ponto em relação aos das anteriores eleições (1,92%) e que parece indicar a influência do descontentamento expressado na última semana pelo movimento 15-M.
Zapatero descarta eleições antecipadas
A presidenta do PP em Madrid, Esperanza Aguirre, reclamou no discurso de celebração dos resultados uma convocatória urgente de eleições legislativas para poder aplicar o programa neoliberal de máximos que o PP reserva para enfrentar a crise com novos sacrifícios da classe trabalhadora, tal como de fato já tem feito o PSOE durante os últimos dois anos.
Entretanto, o presidente espanhol, José Luís Rodríguez Zapatero (PSOE) descartou no seu discurso desta noite a convocatória imediata de eleições parlamentares, para as quais resta mais de um ano. No entanto, a dimensão da derrota e a perda de poder generalizada por parte de seu partido torna complicado que o PSOE possa continuar governando até a legislatura esgotar o tempo previsto.
Foto 1: Celebração de Bildu em Euskal Herria. Foto 2: Celebração do PP em Madrid. Foto 3: Dirigentes do PSOE depois de conhecerem a debacle eleitoral sofrida.