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Mais de 50% dos ingleses não têm interesse no casamento real

010511_rainhaInglaterra - Esquerda - Numa sondagem recente – divulgada a menos de três dias do casamento –, 56% dos britânicos ouvidos disseram não ter interesse no evento,e 55% acreditam que a imprensa está a fazer uma cobertura exagerada. Por Wilson Sobrinho, correspondente da Carta Maior em Londres


Poucas coisas podem ser mais britânicas que chá e ironia. Talvez por isso a "eu não sou uma caneca de chá do casamento real", vendida pela Internet pelo grupo inglês Republic, esteja esgotada. Aproveitando o frenesi mundial que cerca o casamento entre os possíveis futuros rei e rainha britânicos príncipe William e Kate Middleton, esse grupo de pressão está a fazer o que pode para espalhar a ideia de que a monarquia – outra tradição britânica – também chegou ao esgotamento e deve ser substituída por uma república.

"Estamos entusiasmados", disse Emily Robinson, representante do Republic, num debate no segundo principal canal da televisão aberta britânica, dois dias antes do casamento. "Temos muito mais apoio do que tínhamos no passado. Muito mais do que dobramos a nossa base desde o anúncio do noivado", afirmou Robinson.

Ela vê o recente crescimento do grupo como um resultado de maior discussão e debates fomentados pelos holofotes dos média sobre o casamento real. "É algo que as pessoas não pensam a respeito a maior parte do tempo. A monarquia é algo que está lá simplesmente – as pessoas acham que não importa e não afecta a forma que se faz política nesse país. Mas quando ganha atenção, como está a acontecer agora, nós normalmente vemos um aumento no apoio [ao movimento republicano]".

Para capitalizar esse aumento de apoio popular e chamar a atenção para as suas bandeiras republicanas, o grupo, que passou de sete para 14 mil associados desde Novembro do ano passado, está a organizar uma festa alternativa ao casamento real. Cerca de 300 pessoas são esperadas para a "não festa do casamento real", que ocorre a poucos quilómetros da abadia de Westminster, onde William e Kate trocam alianças e votos nessa sexta-feira. Os números nem de longe são comparáveis aos do casamento real, cujas cifras são medidas com escalas usadas em olimpíadas e mundiais de futebol, mas nem por isso motivam lamento entre os republicanos.

"Tomámos as 'tradicionais' festas de rua que celebram a realeza como inspiração, mas com uma diferença chave – estaremos a celebrar a democracia e o poder popular ao invés de privilégios herdados", diz o convite da festa.

"Com comida e entretenimento, a festa de rua alternativa da Republic certamente será uma forma divertida de passar o dia, mas também tem uma mensagem muito séria – os republicanos britânicos não serão ignorados e certamente não estarão a esconder-se", diz, em referência a sondagens de opinião que apontam que cerca de 20% dos britânicos são favoráveis à extinção da monarquia do país. "Significa que pelo menos 10 milhões de pessoas votariam pelo fim da monarquia – o mesmo número que votou no partido que venceu as últimas eleições gerais", argumenta o grupo.

"Essa é a primeira vez que os republicanos organizam os seus próprios eventos durante uma grande actividade real, portanto é um momento histórico para o republicanismo", diz Graham Smith, membro da directoria do Republic.

Para Smith, os eventos organizados pelos republicanos e o avanço da base de apoio do grupo faz do do casamento de William e Kate um ensaio para o jubileu de diamantes -- o aniversário de 60 anos da coroação de Elizabeth II – no Verão de 2012.

Ele diz que a festa paralela ao evento real "é o auge do período de maior sucesso de nossa campanha desde que nos tornamos um grupo de pressão. Estamos à espera de ainda mais intensas campanhas, conforme nos preparamos para o ano do jubileu".

Os membros do Republic sabem porém que ainda está longe o dia em que o país irá escolher um presidente pelo voto directo. "Uma visão minoritária que faz campanha para se tornar popular por vias pacíficas é a essência da democracia ", diz um documento no site que explica as ambições do grupo. "Muitas das grandes reformas do último século – como o sufrágio universal e o fim da escravidão – começaram com o interesse de minorias e muito pequeno apoio popular."

"Há uma frase do Gandhi que diz algo assim: 'primeiro eles te ignoram, depois riem de ti, então eles te combatem e então você vence'. Estamos passando entre as fases do riso e do combate neste momento", afirmou Smith para o The Independent na semana passada. Ele estabelece o ano de 2025 para que sua campanha encontre sucesso completo.

No sábado, depois da festa, um encontro da Aliança Europeia de Movimentos Republicanos acontece em Londres, com grupos de republicanos de países europeus que ainda mantém monarquias como Espanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Holanda e Bélgica juntando-se aos britânicos. É a primeira vez que esse movimento republicano internacional recém-nascido se encontra, depois da sua criação em Estocolmo, no ano passado, durante o casamento da princesa Vitória, a herdeira da coroa sueca.

Numa sondagem recente – a menos de três dias do casamento –, 56% dos britânicos ouvidos disseram não ter interesse no evento. Enquanto 55% acreditam que a imprensa está a fazer uma cobertura exagerada do casamento. Porém 69% responderam favoravelmente à manutenção da monarquia, 20% se disseram contrários e 11% não souberam responder.

"Sondagens atrás de sondagens mostram que a maioria dos britânicos simplesmente não se importa com o casamento e acha que a imprensa não está a entender o sentimento da nação", afirma Smith.

Actualmente, os cidadãos britânicos elegem o Parlamento e o primeiro-ministro, que é quem toma as decisões políticas fundamentais do país, cabendo à realeza do palácio de Buckingham um papel mais decorativo do que político.


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