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Futebol pode derrubar governos no Oriente Médio

080411_futebolRNW - Na África e nos países árabes, a influência política do futebol é enorme. Clubes e torcedores têm poder real. Um exemplo foi a colaboração entre os torcedores dos times egípcios Al-Ahly e Zamalek, este último partidário do governo. Ao participarem dos protestos em massa que levaram à saída de Mubarak, desferiram um golpe certeiro para a queda do regime.


"Os ocidentais não entendem a importância do futebol no Oriente Médio. O futebol é incrivelmente popular, como na Europa, mas a diferença é que o futebol também é política. Torcer por um time que nutre sentimentos de raiva contra seus rivais é um fato político", afirma o jornalista americano James Dorsay, na revista holandesa "De Groene".O ex-correspondente internacional do Times e do Wall Street Journal tem um blog intitulado: "O mundo turbulento do futebol no Oriente Médio".

Válvula de escape

"Em um regime árabe autoritário, existem duas válvulas de escape para a frustração com a política, dois lugares onde se pode falar de ideologia : a mesquita e o estádio de futebol. Já se conhece a história da mesquita, mas o impacto do futebol é subestimado. Os clubes e as torcidas organizadas detêm um poder real. A queda de Mubarak pode, sem exagero, ser relacionada ao fato de que os torcedores do clube Al-Ahly se envolveram em peso nos protestos. Mas o golpe de misericórdia foi a adesão dos torcedores do Zamalek, já que o time tinha a reputação de ser pró-governista."

"Se você caminhar pelas ruas do Cairo, é possível que as pessoas lhe perguntem: de onde você vem? Se você responde: da Holanda, a reação é sempre a mesma: 'o futebol holandês é muito bom!' E continuam, engrenando uma lista de jogadores holandeses dos quais eu nunca ouvi falar, conta o blogueiro holandês no Egito, Jielis van Baalen.

Ele comenta o jogo da semana anterior entre o Zamalek e o tunisiano Club-Africain, pela liga Africana dos Campeões. "Ao final do segundo tempo, o placar era 1 x 1. O Zamalek deveria ter tirado vantagem do momento, depois de ter um gol cancelado por razões que não estavam relacionadas ao jogo."

Futebol é guerra

"Foi então que o inferno começou. Assovios, vaias e xingamentos. O árbitro teve de ser protegido pela polícia. Eu ainda vejo as bandeirinhas na praça Tahrir, do tempo da revolução. A Tunísia e o Egito são um" . Revolução ou não. O futebol é guerra. E, como nos primeiros dias da revolução no Cairo, eu tive de sair correndo para me proteger." No intervalo, Zamalek se desculpou pela maneira como se desenrolaram os acontecimentos.

Os líderes de outros países do Oriente Médio também conhecem o poder das torcidas e, geralmente, escolhem a solução mais segura. Assim, na Líbia, Tunísia e Algéria, as competições nacionais foram suspensas. No Irã também, contrário ao que o presidente Ahmadinejad queria.

"O presidente iraniano vem tentando, há algum tempo, ser mais bem visto por seu povo via federação de futebol", escreve James Dorsey, em seu blog. Em vão.

"Os slogans contra o regime de Teerã continuam a ser cantados nos estádios. O presidente tem consciência de que, se ele quer reconquistar o coração do seu povo, pode consegui-lo por intermédio do futebol. Suspender os jogos não resolve o problema, mas a outra alternativa é ainda mais perigosa. O medo de que os jogos de futebol se transformem em manifestações contra o poder é muito bem fundado."

Por tudo isso, os países da região têm uma razão ou outra para não jogarem futebol.


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