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C.S. Revolta: 'É tempo de consolidar os projetos e os espaços para a sua sustentabilidade'

050311_CS_RevoltaGaliza - Galizalivre - Este fim-de-semana o Centro Social Revolta celebrou oito anos de vida no bairro marinheiro do Berbés, berço da cidade de Vigo.


Parabenizamos e falamos com membros da associaçom que valorárom a bagagem destes anos, as perspectivas, e como vem eles as possibilidades dos centros sociais e o seu trabalho nos bairros.  

Oito anos som muitos anos para um projecto autogerido, como achades que puido chegar até aqui um dos centros sociais mais velhos da Galiza? 

Por muitos factores, nom podemos dizer que só seja causa-efecto dumha determinada razom. Quiçá ao ser um dos primeiros aglutinou a um amplo número de pessoas do movimento associativo viguês que até esse momento nom dispunham dum local físico onde se reunir, trabalhar e festejar. Durante um tempo a dinámica interna de trabalho constituiu toda umha referência para o tecido associativo e nom foi muito difícil conseguirmos que sempre houvera um núcleo de pessoas a manter vivo o centro social no dia a dia. O de ter um núcleo de pessoas sempre dispostas é fundamental.

Outra razom pode ser a flexibilidade organizativa, qualquer pessoa que vinhera com ganas de fazer cousas podia entrar até a cozinha. Acho que até os picoletos que entrárom com a operaçom castinheira se figérom sócios. Esta flexibilidade sempre atraiu muita gente. 

Quais considerades os vossos logros mais importantes até hoje? 

A recuperaçom da figura historica do Merdeiro para o entrudo viguês é um trabalho do que nos sentimos muito orgulhosas e orgulhosos. A investigaçom e o livro de Gerardo Fernandez Santomé sobre a figura do Merdeiro co-editado por nós e mais a Asociación vecinal e cultural Casco Vello e o desenho da máscara por parte de Pancho Lapena fôrom o ponto de partida do ressurgimento dum bocadinho da nossa história popular. Também o papel que jogamos no nascimento e consolidaçom da rede de colectivos A ria non se vende, da celebraçom do dia da Pátria em Vigo ou mesmo do campeonato anual de futebol-7, som motivo de satisfacçom.

O nosso compromisso com a música em galego nom só nos levou a practicamente todas as bandas que se expressam na língua do país, durante um tempo também fomos referente para as bandas de fora que queriam tocar em Vigo.

Ainda por cima de todo isto, somos cientes de que o nosso logro mais importante é seguir abertos num bairro tam distinto ao que nos viu nascer. 

E as vossas pejas neste caminho? 

O queime das etapas ou geraçons e o seu relevo sempre é um bocadinho dificultoso, mas o que mais dificuldades nos dá é a nossa continua dependência da questom económica. Estar a depender dum balcom como se fóssemos um bar nom é agradável para um centro social e gostaríamos de ir ganhando umha autonomia financeira longe das directrizes consumistas. A eliminaçom da figura do liberado recentemente, muitas vezes associado à imagem de taberneiro, é um bom passo nesta direcçom e conleva maior implicaçom das sócias e sócios. Esperamos que essa implicaçom vaia a mais e chegue a ser o suficientemente forte como para poder plantejar-nos a ocupaçom dum espaço e racharmos definitivamente com este tipo de dependências. Nom somos umhas/uns idealistas e sabemos que a opçom da ocupaçom requer grandes doses de auto-organizaçom. 

Como vos organizades e quais som as vossas linhas de trabalho actualmente? 

Há um ano considerárom-se pouco efectivas as assembleias mensais de pessoas sócias e optou-se por escolher um órgao executivo que leve à prática as decisons assembleares quadrimestrais e gestione a vida associativa entre assembleias. Desde setembro de 2010 a abertura do local é realizada pola base social eliminando assim umha figura característica do nosso centro social desde os seus inícios, a figura do liberado.

Actualmente temos abertos vários frentes de trabalho: defesa da terra, língua e bairro, junto ao potenciamento dum consumo responsável e consciente. Além disto estamos a reforçar o tema formativo com a realizaçom de cursos e obradoiros neste 2011 baixo o programa Partilhamos conhecimentos, partilhamos afeiçons. 

Após a eclosom de centros sociais dos últimos anos todo parece indicar que o temporal amainou. Como vedes o futuro organizativo da base social que nucleou arredor destes centros? 

Sim, houvo em periodo álgido e agora está a cousa mais calma, se calhar é tempo de consolidar os projectos e os espaços para a sua sustentabilidade. Neste sentido, a base social tem um trabalho mais difícil agora que o de abrir um espaço. A consolidaçom dos projectos deveria ser a tarefa prioritária a curto prazo. Achamos que este trabalho é mais fácil em vilas pequenas e medianas do que nas cidades polas características do entorno. 

Gente do C.S. Revolta foi chave na posta em andamento de novos projectos de base e autogeridos neste mesmo bairro nos últimos tempos. Estamos a falar da Escola Popular Galega e da Associaçom galega de maes e pais, Agarimar. É possível manter as mesmas estruturas organizativas quando mudam as conjunturas? 

Estamos muito satisfeitas e satisfeitos de que o centro social seja ponto de partida para outros projectos. Além destes que comentas também está o recentemente constituido grupo de consumo consciente a partir da horta ecológica que um grupo de sócias e sócios da Revolta tinham nos montes de Cabral.

Todo tem que evoluir e adaptar-se às novas conjunturas para que medre o movimento, esse é o caminho. 

Cara onde é que caminhamos entom? 

Quem sabe, as necessidades nos irám fixando novos retos. De momento cara um equilíbrio, manter os centros sociais sempre que sejam necessários, ao tempo que abrimos novas estruturas. O que é fundamental é que as novas estruturas abram com base em necessidades sociais reais. Como já se tem dito, o nosso povo conquistará a independência quando lhe seja tam necessária como é o ar para respirar. 

Há centros sociais que trabalham mais no bairro no que assentam e tenhem participaçom activa da vizinhança e outros com umha vocaçom mais de gueto onde se resguardam independentistas ou anarquistas. A qual vos inscrevedes vós? 

Somos um centro social que partiu dum sector muito activo da populaçom e que maioritariamente fazia vida na zona velha de Vigo, com vontade de incidir no bairro e de luitar polos direitos políticos e sociais do nosso povo. Nom gostamos muito das etiquetas. No nosso bairro a gente reconhece à Revolta como centro social e nom como mais um bar, há um respeito e a gente nos conhece. Gostaríamos de que a vizinhança se implica-se mais na associaçom mas tampouco podemos dizer que nom o faga, temos sócias e sócios que som vizinhas e vizinhos do bairro.

Também reconhecemos e nos satisfaz o nosso papel de gueto, já que em cidades como Vigo a abafante presença do espanholismo fai mais necessário que nunca um lugar de refúgio.  

É o trabalho de bairro um tema pendente para a maioria de centros sociais? 

Cada um sabe onde se assenta e o que tem de fazer de acordo com as suas necessidades. Nom podemos generalizar já que cada centro social tem as suas próprias particularidades e nem todos temos os mesmos objectivos.


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