1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (0 Votos)

220513 debate cGaliza - PGL - No debate organizado polo diário Praza Públicae o espaço cultural A Nave de Vidán, Eduardo Maragoto, Carme Hermida, Goretti Sanmartín e Henrique Monteagudo intentárom dar resposta às múltiplas implicações entre língua e soberania.


O debate moderou-no o diretor do digital Praza, o jornalista Marcos Pérez Pena. No debate tocárom-se os seguintes temas:

Até que ponto acha que é bom ou mau para a normalizaçom lingüística situá-la no quadro do debate sobre a soberania que se está a abrir?Que vantagens e inconvenientes acreidta que poderia ter?Acha que é mais necessária a língua para a soberania ou a soberania para a língua?Qual seria para você o status lingüístico ideal para a Galiza, tendo em conta a realidade sociolingüística?Uma só língua oficial? Várias? Como?No hipotético caso de a Galiza ter capacidade total para decidir como governar-se, que cousas que agora nom se podem fazer acha que haveria que fazer a respeito à língua?

 

A seguir, publicamos um resumo das opiniões mais destacadas de cada um dos intervenientes no debate.

Henrique Monteagudo (Muros, 1959)

Professor da USC, membro do Conselho da Cultura e a Real Academia Galega.
Integrante da Executiva Nacional de Compromiso por Galicia

«É o nacionalismo o que faz da língua um assunto de interesse transversal para o conjunto da cidadania»

O processo de normalizaçom lingüística nom é separável de um projeto de construçom nacional, que é o que dá um certo rigor histórico aos trabalhos de recuperaçom do idioma.

Cumpre evitar a confusom entre um projeto de construçom nacional e umha focagem exclusiva nacionalista. Com excessiva freqüência esquecemos que o [alargamento do uso social do idioma] só chegará afastando-se de um ambiente exclusivamente nacionalista, que nem beneficia o idioma nem o nacionalismo.

Para mim é muito importante lograrmos tirar o debate sobre normalizaçom dos ambientes nacionalistas. É o próprio nacionalismo o encarregado de fazer da língua umha questom de interesse transversal para o conjunto da sociedade.

A reivindicaçom e recuperaçom da língua pode ser entendido, ao mesmo tempo, como um passo no caminho da autodeterminaçom, dito num senso amplo: a autodeterminaçom de umha naçom começa pola autocategorizaçom dessa comunidade, que se veja a si própria como umha naçom. A reivindicaçom do idioma, neste senso, é um elemento muito importante.

«Cumpre ser exigente com um uso correto da língua, especialmente quando se trata de pessoas públicas»

Este processo [auto-identificaçom, auto-determinaçom] requer umha espécie de mútuo empréstimo de confiança entre as forças que promovem este processo e a maioria social. Muitas vezes tenho a sensaçom de que em amplos setores do nacionalismo há umha enorme desconfiança sobre o próprio país, sobre o próprio povo.

Tenho a sensaçom de que o nacionalismo galego acreditou muito tempo que havia umha relaçom entre poder político e normalizaçom da língua, mas o tema é muito mais complexo, nom há umha relaçom mecânica: é possível fazer políticas mais favoráveis, mas isso nom é tudo. [...] Queda-nos ainda por diante umha tarefa muito difícil, como a de um modelo normalizador no ensino que seja eficaz.

Cumpre ser exigente com um uso correto da língua, especialmente quando se trata de pessoas públicas. Quanta insegurança lingüística nom se cria com tanto debate sobre a língua que a afastam da cidadania? É hora de pormos ênfase na língua falada, nom na escrita.

Eduardo Sanches Maragoto (Manhom, 1976)

Professor de português na Escola Oficial de Idiomas de Santiago de Compostela,
membro do Conselho da AGAL e ex-integrante do Conselho de Redaçom do Novas da Galiza

«Acho pouco prudente no discurso público ligar a normalizaçom com o soberanismo»

Língua e soberania têm muita relaçom, mas a forma em que está concebida a pergunta [«Estám ligados língua e soberania?»] parece apontar para umha relaçom íntima entre o idioma e um determinado projeto político. Na Galiza, o movimento soberanista não é tam forte como, por exemplo, na Catalunha, onde o soberanismo é transversal a diferentes camadas sociais. Na Galiza estamos a falar de organizações com um âmbito muito restrito de atuaçom; de facto, há três anos quase nom havia um discurso soberanista aberto. Por isso, acho pouco prudente ligar no discurso público a normalizaçom com o soberanismo

Devemos continuar a aspirar que o galego seja a língua comum dos galegos, mesmo de quem nom a falam, aspirar a que assumam o galego como a língua comum de todos os galegos. Isso pode ser a bandeira comum de um projeto soberanista, ou bem de um projeto regionalista. Eu nom identifico o galego com um projeto regional, mas isso provavelmente logrou que se mantivessem na língua pessoas que, de outro modo, a teriam deixado.

Acredito que nom deve haver essa relaçom [entre língua e soberania], mas existe. Na mesma linha, por exemplo, há umha identificaçom entre reintegracionismo e soberanismo, pola razões que sejam, e isso tem a ver com o debate da soberania. No interior do movimento normalizador, só o independentismo e o reintegracionismo chegárom a entender a importância que tinha a soberania para a língua.

«O reintegracionismo colocou a questom ortográfica a efeitos de romper a fronteira mental»

O resto do movimento normalizador gerárom umha espécie de consenso com o poder autonómico ou a sociedade galega na linha de o idoma nom necessitar instrumentos de Estado, que podia compartilhar espaço com a língua e cultura que é soberana: a espanhola. Só reintegracionismo e independentismo discutírom nestes trinta anos esse consenso que implica a subordinaçom do galego à língua do Estado.

Carlos Reis, académico português, defende que todas as línguas que nom contem com um Estado, correm um futuro incerto em questom de décadas. Há umha relaçom fortíssima entre línguas e Estados, e só o reintegracionismo tentou enfrentar isto, furando na fronteira espanhola e explicando que a nossa língua nom se circunscreve unicamente à fronteira espanhola, que um galego pode comunicar no mundo sem necessidade do espanhol.

«Nom pretendemos substituir umha soberania espanhola por outra portuguesa, mas quebrar a fronteira mental»

O reintegracionismo colocou a questom ortográfica a efeitos de romper a fronteira mental. Que a cidadania esteja em dispor de usar o «lh» e o «nh» para romper uma fronteira ideológica. No caminho soberanista da língua, nom se pode pretender que as pessoas saibam como se chamam as cousas só através da dicionarizaçom, mas nom através do contacto com outras variedades da língua.

Os reintegracionistas nom pretendemos substituir umha soberania por outra, espanhola por portuguesa, mas que os galegos tenham acesso a outras possibilidades.

Carme Hermida Gulías (Forcarei, 1961).

Membro do Instituto da Língua Galega, professora da Universidade de Santiago de Compostela (USC) e concelheira de Cultura em Teu por Anova

«Se colocarmos a língua no debate público, devemos estar em condições de responder tudo, mesmo as mentiras»

Que a língua seja elemento de atençom no debate social é bom: quanto mais se debata sobre umha questom, mais clara pode quedar. Mas, vistas as experiências passadas, convém estar em condições a responder todos os argumentos, por falaces que sejam ou sejam mentiras... Deveríamos preparar-nos muito, porque nom temos muito longe a apariçom de umha série de argumentos, máximas repetidas até à saciedade que eram mentira e nom fomos capazes de as contra-restar [em referência a Galicia Bilingüe].

Pensando no estado atual, pode ser interessante para a língua —e avançar na normalizaçom— que esteja dentro do debate soberanista. Mas se o debate soberanista nom calhar, nom vai ser beneficioso para a língua, podendo perder o exíguo apoio que tem da Administraçom pública.

«Pode haver normalizaçom em situações de nom-soberania, e há línguas com Estado que esmorecem»

Há um outro aspeto que me preocupa, que acho inconveniente: o que permitiu a pervivência do galego em épocas difíceis foi que muitos galegos o assumírom como património seu, fosse qual fosse a sua opçom política.

É mais importante a soberania para a língua ou a língua para a soberania? É difícil umha reposta talhante, depende. Provavelmente é mais importante a língua para a soberania, porque a língua é um sinal claro de identidade diferenciada, razom última que explica a demanda de soberania.

Pode haver normalizaçom lingüística em situaçom de nom-soberania. De facto, as línguas pervivem em situações de repressão ou como a que temos hoje. E há línguas com Estado em que esta está a desaparecer. Polo tanto, a soberania nom nos vai garantir a pervivência da língua.

Goretti Sanmartín Rei (Estrada, 1969).

Professora da Universidade da Corunha
e membro da Executiva Nacional do BNG

«As decisões que se tomam sobre as línguas som políticas»

As decisões que se tomam sobre as línguas som políticas, e quantas mais capacidades tivermos, mais medidas poderemos adoptar para beneficiar o uso da língua. Um exemplo temo-lo na Lei Wert e nas nações com capacidade de dizer que serám insubmissas [como a Catalunha ou o País Basco] e aquelas que a assumem [Galiza].

Mas nom basta com a soberania, pois podemos pensar em casos como Irlanda, em que a soberania a respeito da língua é bastante restrita. A soberania deve-nos levar também a pensar nos sistemas de relacionamento entre os povos.

No nacionalismo galego levamos anos a defender que, no quadro da assimetria lingüística sagrada na Constituiçom espanhola, nom há normalizaçom possível.

O debate nom se pode reduzir a reintegracionistas e isolacionistas, mas a defender a qualidade da língua, como Xosé Ramón Freixeiro Mato, que se afirmareintegracionista na norma oficial.

Só ter poder nom soluciona as cousas, mas cumpre lembrar que na Galiza governou pouco tempo o nacionalismo, e ali onde tem algo de poder, logrou cousas. O decreto do galego do Bipartido faria com que a situaçom sociolingüística [na Corunha ou Vigo] fosse um pouco diferente do que é hoje, que vai sair a primeira promoçom que padece o Decreto do galego do PP.

«Seria muito positivo usar o NH ou o LH para romper a fronteira mental»

O ideal para o galego seria que fosse a língua oficial, própria, por defeito, veicular do ensino... Mas isso implica ruptura com o modelo de co-oficialidade. Se assumirmos a co-oficialidade, a assimetria boa deveria ser para o galego, e nom para o espanhol como até o de agora.

Historicamente, o nacionalismo sempre defendeu a receçom dos meios portugueses... e para romper a fronteira mental, também seria muito positivo usar «nh» ou «lh». No acordo normativo de 2003, há muitas cousas que ficárom fora, e isso foi um erro. Todo o que há no português, é galego; toda a reintegraçom ao modelo comum é recuperaçom do modelo tradicional. O modelo de língua de qualidade que nos achega ao português, faz-nos ser mais soberanas.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Publicidade
Publicidade
first
  
last
 
 
start
stop

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.