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Carlos CasaresGaliza - Diário Liberdade - [Rodrigo Moura] Carlos Casares Mouriño nasceu em Ourense em 1941. Passou grande parte de sua infância em Xinzo de Limia, onde passou a morar com a sua família. Estudou nos cursos no Seminario Conciliar de Ourense e continuou sua formação acadêmica no Instituto de Bacharedo da cidade de Ourense. Já em 1959 ganhou o primeiro prêmio em um concurso de contos cujo presidente era, na época, o escritor Vicente Risco.


Foto: «Carlos Casares» de Estevoaei - Licença de conteúdo público. Estatua de Carlos Casares em Ponte Vedra.

Mudou-se para a cidade de Santiago de Compostela para cursar Letras e Filosofia. Nesta cidade, fez logo amizades e entrou para grupos de selos galeguistas e começou a publicar seus primeiros trabalhos literários na Revista Grial, alguns dos quais figurarão no seu primeiro livro Vento ferido (1967). Dedicou-se duranta algum tempo à docência.

A sua novela Xoguetes para un tempo prohibido concedeu-lhe o prêmio de 25º Aniversário da Editorial Galaxia, importante editora de obras em galego. Poder-se-ia salientar que a obra de Casares está centrada, de maneira mais ampla, no conto e na novela.

Vento ferido (1967) assinala o início de uma célebre carreira narrativa. Trata-se de uma coleção de doze relatos que mostram uma multiplicidade de universos interiorizados, tratados com uma clara vontade de renovação técnica. Essa técnica de coleção de relatos está presente em outros autores galegos contemporâneos como Xosé Luís Méndez Ferrín em Elipsis e outras sombras, por exemplo.

Cambio en tres (1969), a primeira novela de Casares, dá preferência ao experimentalismo técnico e construtivo sobre a história, ou seja, teoriza por via ficcional a História. Diante de uma alternância na focalização narrativa, um "narrador-testemunha", emigrante recém chegado, vai lembrando os sucessos da vida do protagonista, um Cachorro, e mistura tudo isso com vivências presentes em que possibilita inúmeras percepções da realidade.

Xoguetes para un tempo prohibido (1975) é uma novela estruturada em torno da evolução psicológica do personagem Elías. O mesmo evoca a sua infância na aldeia, a sua adolescência no colégio e sua mocidade na Universidade. Não chega a ser uma narrativa de memórias propriamente dita como Memorias dun neno labrego, de Neira Vilas. Entretanto, permite a contemplação do processo vital da geração do pós-guerra.

Outros aspectos técnicos, como a sintaxe deslocada ou, mesmo, as elipses contribuem igualmente para a adequação entre forma e conteúdo, expressando a vida de uma consciência em crise. As ânsias por renovação, presentes nos autores e obras da Nova Narrativa Galega também fazem parte de toda a estética de Carlos Casares.

O conjunto da obra narrativa de Carlos Casares tem como marco referencial os âmbitos mais urbanos e os vilarejos de Galiza, porém observa-se também um certo intimismo no que tange à contemplação pessoal do mundo, resulta numa visão indulgente sobre personagens e situações.

A narrativa de Casares centra-se, em parte, em pressupostos realistas, entretanto o escritor introduz em maior ou menor escala elementos insólitos e fantásticos, bem comuns nas literatura galega da segunda metade do século XX, além disso, nota-se em suas obras a utilização do humor e da ironia como componentes interessantes. É conveniente, nesse sentido, atentar para a consciência sutil do autor que nela se detecta todo o labor e poder da palavra, bem como a visão da escrita e da literatura enquanto espelho da derrota da tolerância através dos tempos.

*Rodrigo Barreto da Silva Moura - Mestrado (Conceito 5/CAPES) em Literatura Portuguesa e Galega Contemporânea pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Tem diversos trabalhos publicados em periódicos brasileiros e apresentações em Congressos Internacionais em que defende uma aproximação entre os estudos literários galegos e a lusofonia. Participa da organização da organização das Jornadas das Letras Galegas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.


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