Os diferentes maios
1) Manifestaçons agrárias
Os maios visam favorecer a colheita enxotando o mal, já seja o que provém das pessoas (bruxas), animais ou mesmo do clima.
Este costume continua vivo sobretodo em pessoas velhas. Na derradeira noite de abril alumea-se o pam ou fai-se as danças do pam que consiste em percorrer os campos semeados com fachucos de palha prendida, recitando invocaçons. Atualmente mantém-se nas ribeiras próximas da foz do Ulha, rias de Noia e Muros, comarcas de Amaía e Barbança, e alguns lugares dos concelhos de Cúntis, Caldas de Reis e Vila Nova de Arouça. Há quem em vez de andar com os fachos prende fogueiras como na noite de Sam Joám, e arredor delas dim-se cantigas propiciatórias.
Lume ,lume
Vê o pão, Deus che dê muito grão
Cada grão coma um bugalho
Cada pé como um Carvalho
Lume ao pão, lume ao pão
Cada espiga seu bom pão.
Dentro deste ponto incluímos também o costume de chantar polinhas nas leiras durante ou após o trabalho, o normal é que sejam de gesta, considerada na cultura popular como possuidora de grandes propriedades para afastar os malefícios.
A gesta é umha planta tóxica para o ser humano, mas nom para o gado. A cortiça era usada para curtido de coiros e para a fabricaçom de cordas e vassouras; as varas, preparadas, fôrom usadas como aguilhadas para arrear o gado. Também foi utilizado na elaboraçom de teias de iluminaçom.
Foi também usada em troca do colmo habitual em zonas montanhosas para coberta de casas já que impede a passagem da água e permite a transpiraçom da fumaça gerada no interior dos lares. Em França é ainda possível ver casas com ese tipo de coberta na alta Ardèche e em Lozère.
Também é tradiçom pendurar o ramo de gesta nas cortes, portas das casa, portais de alboios, carros de bois ou hoje nos automóveis, para espantar os males do corpo, a preguiça e o azar. Costume como todo o referente ao maio muito antigo, pois no concílio de Braga no ano 570 já o quigeram proibir.
2) Manifestaçons relacionadas com os animais
O dia 3 na festa da Santa Cruz non se junguia o gado bovino, nem sequer era amarrado polos chifres, o seu significado nom está claro mas podia ser que estivesse relacionado com o crescimento dos animais, pois ceivos comem à vontade.
A começos do século, o 1º de maio, nos Ancares, as vacas eram enfeitadas com flores, também era o dia de marcar os anhos, cordeiros, etc... para que se pudessem ceivar polo monte.
Infelizmente, esta tradiçom já desapareceu.
3) Manifestaçons marinheiras
Fôrom morrendo todas agás a de pendurar os galhos de gesta nas proas dos barcos, isto fai-se, nomeadamente, nas Rias Baixas.
4) Manifestaçons lúdicas
Maios do Norte da Galiza: De maio fai um neno, que recebe o nome de rei do maio, desfilando com as roupas totalmente recobertas com flores, edras, fiúncho, etc. Nos cantos fai de solista, enquanto que os seus acompanhantes fam de coro, repetindo a estrofe que ele canta. Depois pedem gulichadas e dinheiro.
Maios do Sul da Galiza: Som os mais conhecidos. Som famosos os de Ponte Vedra e os de Ourense, mas também saem em Marim, Vila Garcia de Arouça, Redondela, Caldas de Reis, Alhariz, Val de Orras e Verim.
Ponte Vedra: A estrutura, de forma cónica, é feita com varas e vimes, recoberta con fiúncho, edras e espadainas e é enfeitada com flores, laranjas, bandeirinhas de papel, casca de ovo, et cétera. O cerimonial incluía o roubo, mais ou menos encoberto, dos elementos necessários para a construçom do maio. O neno que fai às vezes de solista agacha-se dentro do maio, enquanto os demais membros do grupo dam voltas calados ao seu redor. Quando o solista cala os que estám a girar repetem a mesma estrofe batendo no chao com fungueiros. As letras das coplas maioritariamente costumam ser de tom crítico, brincalhom ou satírico.
Ourense: Os maios de Ourense diferenciam-se dos de Ponte Vedra principalmente polos materiais e pola forma, pois ainda que se dá algum piramidal ou cónico, os mais abundantes som os de forma caprichosa: potes, piornos, cruzeiros, cruzes, etc... Outra característica que os diferencia é que as crianças que fam de coro nom dam voltas batendo com paus, senom de maos dadas.
Os maios viventes eram moços vestidos con um traje feito de gesta e plantas aromáticas que percorriam as ruas anunciando a primavera. Seguido polos rapazes da aldeia, o maio realizava umha peculiar dança que acabava com a sua simbólica morte e resurreiçom, está praticamente perdida esta tradiçom do maio humano.
Ali vem o Maio detrás do matadeiro/vê-lo ali vem de roubar um carneiro,
Levanta-te Maio que tanto dormiche que passou um burro, sequer o sentiche...
Arcos de flores eram feitos nos caminhos com polas, vimes enfeitados com fitas e flores, o primeiro de maio, no corpus constroem-se cruzes de flores que também se chaman maios.
A árvore de maio, a tradiçom manda roubar umha árvore, a melhor dos arredores, cortam-na, limpam-na e entre cantares levam-na à praça onde a chantam no chao, ali permanece uns dias, até que acaba a festa da Sta Cruz, o dia 3 de maio, conserva-se a tradiçom em Laça e Entrimo, ambos no suleste da Galiza. A interpretaçom sobre este costume é variado, vai desde a morte e resurreiçom do mundo vegetal, varia o ritual segundo o lugar.
Manifestaçons amorosas
A primavera também desperta as paixons amorosas, e estas manifestavam-se através de cantigas e ritos, como o de Luanha, em Briom, onde o moço que pretendia umha moça, fazia-lhe entrega de umha pola de gesta florida, se a aceitava significava que o queria por noivo.
O mais normal é pendurar os ramos nas janelas, se a relaçom ia bem, punha-se de gesta, se ia mal, trocava-se polo tojo, em Entrimo usavam canotos secos de verças, e em Ourense, o ramo dependia da formosura da mulher. Em Buxám (Rois) o dia de alumear o pam os moços e moças tinham permissom para estar fora a noite toda, era a única do ano que tinham licença para ficarem de festa.
Foto: Andarela