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encrovas.jpgGaliza LIvre (O.R.) - Umha das luitas que mais marcou o País, vizinhas e vizinhos assovalhados pola modernidade, umha comunidade desfeita, umha terra espoliada. 


As Encrovas, longe de terem superarado o mais sujo capítulo da sua história, preparam-se agora para umha nova investida do capitalismo que tanto lhe roubou desde os setenta, quiçá menos visível e compacta; quiçá mais difícil de deter.

Em 1974, sob o regime franquista, aprova-se umha concessom de terreno a Uniom Fenosa para a criaçom dumha mina de lignito nas Encrovas, concelho de Cerzeda. Nasce Limeisa, a empresa encarregada da exploraçom da central térmica que hoje debuxa os perfis da zona. Começam os labores de expropriaçom, e com elas um dos movimentos de resistência popular mais fortes nunca recordados. Homens e, sobretodo, mulheres, levam a cabo umha luita encarniçada pola defesa de muito mais que uns terrenos: umha vida.

Porém, e sob a promessa duns benefícios que nunca se chegárom a cumprir de todo, em 1977 chega-se a um acordo para a venda das terras. A maçá envenenada, uns postos de trabalho que só precariçavam a situaçom até daquela estável de centos de famílias. No 1980 a central de Meirama começa a sua actividade, e vinte e sete anos mais tarde deixa de extrair o carvom da zona. Ainda assim, o fantasma da Fenosa segue presente: índices de contaminaçom por dióxido de enxofre que, junto com as Pontes, somam 30% do total do Estado; casas esquartejadas que tenhem que ser abandonadas; colheitas inteiras para o lixo; espécies em perigo de extinçom; aumento da temperatura por efeito estufa mui superior à media europeia (1,4 graus em trinta anos). E por se todo isto nom bastasse, eis que a Fenosa tem já projectados novos fins para os terrenos, um novo jeito de colonialismo mais concorde com os tempos do que a indústria térmica: a exploraçom turística.

Elevado impacto ambiental

O buraco provocado pola extracçom do mineral, de 500 hectares, dous quilómetros de longo, 700 metros de largura e umha capacidade de 150 milhons de metros cúbicos, começou já e ser enchido com água  do rio Varzês com o objectivo de criar um enorme lago artificial, o segundo mais grande trás o das Pontes e um dos mais grandes da Europa. A sua água abastece também a cidade da Corunha, embora para cobrir a mina é preciso um caudal de 807 litros por segundo do rio, ficando este a 33% da sua capacidade e incidindo maciçamente no meio. Segundo informes publicados recentemente, é provavél que as condiçons climáticas do Vale do Várzea (um dos mais férteis da zona até os começos da industrializaçom) mudem para mais dias de névoa ao ano e um atemperamento das temperaturas.

Arredor deste gigante aquático existem cinco milhons de metros quadrados a serem urbanizados, para os quais empresa e Câmara Municipal já achárom fim: um campo de golfe de dezaoito buracos (900.000 metros quadrados), um bosque industrial, que intercalará árvores com as máquinas que se empregárom durante a extracçom do lignito (milhom e meio de metros quadrados), um centro de alto rendimento desportivo (no que, segundo o informe, poderiam trabalhar selecçons espanholas de desportos relacionados com a água), três polígonos industriais, um porto desportivo com amarre para embarcaçons, e zonas verdes para caminhadas e passeios a cavalo. Todo isso centrado por umha urbanizaçom (ainda em desenho) que ficará com a única paragem do TAV das redondezas, mercê da qual o megalómano conjunto estará situado a sete ou oito minutos em trem da Corunha e Compostela. Nom é por acaso que esta paragem seja a única que siga em pé, embora nom ser das mais úteis para os vizinhos. A mente previdente do presidente da Câmara e a chefia da empresa estám detrás desta nova prova de que o trem de alta velocidade estará ao serviço das necessidades das elites.

A face amável do capitalismo

Existem já projectos de complexos semelhantes a este, como o Lago Senftenberg na Alemanha que a própria empresa cita como exemplo ou mesmo a reconvertida central das Pontes. Todos eles respondem a umha segunda fase da exploraçom das multinacionais nos terrenos adquiridos, cujo objectivo é tirar o máximo rendimento económico da situaçom ainda que isso suponha aniquilar o meio de vida de centos de pessoas. Porém, a resistência perante esta nova ondada de destruiçom é mais difícil de organizar, assim como mais difuso é o fim à hora de emitir umha crítica. Nom se trata já de nuvens de carvom que provocam problemas respiratórios e impedem os cultivos; a cara mais amável do capitalismo afia as suas gadoupas para dar cabo de vez com a comunidade que espoliou por partida dupla.

Tirado do Novas da Galiza, nº 86.


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