Polícia Militar do Estado de São Paulo. Foto: Diário Liberdade
A reitoria da Universidade de São Paulo (USP) e a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo irão adotar um modelo japonês na Cidade Universitária, conhecido por “Koban”. De acordo com o novo sistema de policiamento os policiais que vão atuar nos campi da USP terão a mesma faixa etária que os estudantes: entre 17 e 25 anos.
Além disso, segundo o secretário Alexandre de Moraes, os policiais que atuarem no campus terão treinamento específico para lidar com a comunidade universitária e serão voluntários, ou seja, apenas os que se propuserem a trabalhar na universidade serão deslocados para lá.
Moraes, afirmou, também, que os policiais cuidarão da segurança da comunidade acadêmica. E ações como de desocupação de reitoria, por exemplo, serão de responsabilidade de outras unidades policiais, principalmente a Tropa de Choque.
Os estudantes da USP, no entanto, já passaram da idade de acreditar em contos de fadas. Por mais que o secretário de segurança e a reitoria de Marco Zago ofendam a inteligência da maioria das pessoas é evidente o que está posto nessa medida: infiltrar policiais jovens nos movimentos políticos dentro do campus, principalmente o estudantil.
Colocar um policial que tenha a mesma idade de um estudante e fazer dele “amigo da moçada” o transforma em um elemento que terá maior facilidade em ficar á paisana entre os estudantes. Esse é o melhor método para que eles possam acompanhar as assembleias, as reuniões dos Centros Acadêmicos (CAs) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) sem que sejam identificados.
Outro mito é dizer que sua atuação será “comunitária”. Uma vez infiltrados dentro do movimento poderão fazer o papel investigativo para saberem suas ações e deliberações. É um delírio acreditar que um policial não irá agir contra estudantes que decidam entrar em greve, fazer um piquete ou ocupar a reitoria. O fato de serem policiais “voluntários” não faz deles menos truculentos, tampouco que não respondem politicamente aos interesses do PSDB em São Paulo.
A política da reitoria e do PSDB é retomar a supervisão e coordenar as atividades de informações e contrainformações dentro do movimento. O modelo Koban, nesse sentido, é uma caricatura do Serviço Nacional de Informações (SNI) da época da ditadura que consistia em infiltrar agentes nos diversos movimentos e até contar com agentes civis não remunerados, que agem de forma voluntária, para recolher informações dos estudantes.
Essa prática, por mais vil que seja, é corriqueira nos meios policiais. O objetivo final é a privatização da USP, que já está em pleno andamento. Do ano passado para esse foram inúmeros os ataques à universidade: corte de bolsas, fechamento de bandejões, demissão de funcionários, fechamento de espaços estudantis e desvinculação de hospitais universitários.
Os ataques agora irão prosseguir, mas não há como fazer isso sem uma brutal repressão em cima do movimento que pode barra-los, sem que se cale o setor mais revolucionário e combativo dento da universidade: os estudantes.
O projeto ainda não foi aprovado, mas já houve algumas reuniões entre algumas instâncias da USP e a Secretaria de Segurança Pública, por isso é preciso armar o movimento e montar uma intensa campanha em toda USP contra o aumento da repressão e a espionagem política dos articuladores da privatização do ensino público no país, exigindo a imediata saída da PM do campus.