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bentaoBrasil - AND - [Mário Lúcio de Paula] No dia 9 de agosto de 1995 ocorreu a Batalha de Santa Elina, também conhecida como “Massacre de Corumbiara” [Rondônia]. Seiscentas famílias camponesas sem terra montaram acampamento para conquistar o sagrado direito à terra para nela viver e trabalhar. Antenor Duarte, latifundiário vizinho, organizou outros grandes fazendeiros, contratou e armou pistoleiros para atuar ao lado de tropas da Polícia Militar no despejo das famílias.


Área Revolucionária Zé Bentão. Foto: AND

Policiais da PM e da COE fortemente armados atacaram o acampamento de madrugada, juntamente com pistoleiros. Os camponeses resistiram bravamente com as armas que tinham: paus, foices e espingardas. Depois de rendidos, foram humilhados, espancados, torturados e muitos executados. Pistoleiros e policiais furaram os olhos e castraram um camponês ainda vivo, obrigaram trabalhadores a pisar nos corpos de seus companheiros e a comer pedaços de cérebro de um acampado que teve sua cabeça esmagada. A quantidade exata de camponeses assassinados ainda é desconhecida, já que muitos corpos foram levados em camionetes. O número conhecido é de 9 camponeses, incluindo a menina Vanessa, de apenas 7 anos. A maioria dos camponeses sobreviventes tem sequelas físicas e emocionais até hoje. Muitos morreram ao longo destes 20 anos por doenças que poderiam ter sido evitadas ou tratadas, caso as famílias tivessem recebido indenização e assistência de saúde adequada.

O Estado brasileiro foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por esta barbaridade, mas a justiça ainda não foi feita. Numa farsa de julgamento, dois líderes camponeses e dois soldados da PM foram condenados e presos. E os maiores culpados seguem impunes: José Ventura Pereira, tenente-coronel que comandou as tropas assassinas; Valdir Raupp (PMDB), governador na época e comandante geral da PM; e Antenor Duarte, latifundiário mandante. Em 2015, numa audiência com as vítimas sobre indenizações, um juiz substituto disse que não houve massacre e que os crimes bárbaros já prescreveram.

Em agosto de 1995, Lula/PT, então candidato a presidente, esteve no que restou do acampamento e prometeu: “Se um dia for presidente do Brasil, corto a fazenda Santa Elina para as famílias, puno os responsáveis pelo massacre e indenizo as vítimas”. Hoje, passados 12 anos de gerência petista, não fez nada disso. Se mais da metade da fazenda Santa Elina hoje está nas mãos de camponeses, foi graças à luta das famílias organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP).

O começo do acerto de contas

Em 2010, finalmente os camponeses começaram a fazer justiça. Após uma tentativa frustrada em 2008, dezenas de famílias organizadas pela LCP conseguiram retomar mais da metade da fazenda Santa Elina. Foi uma grande vitória, uma conquista histórica do movimento camponês brasileiro, que completa 5 anos. E como tudo na vida do povo, só foi possível com muita luta.

Os camponeses cortaram as terras por conta própria e distribuíram entre si. Rapidamente, as famílias ocuparam seus lotes, começaram as plantações, criações, construíram casas, estradas e pontes, tudo com seus próprios esforços. Quando o Incra apareceu, só deu prejuízos. O superintendente na época, Carlino Lima, do PT, prometeu mundos e fundos para as famílias saírem do acampamento, mas não cumpriu nada. Desconsiderou o corte realizado pelas famílias e fez um novo corte, diminuindo o tamanho e mudando a posição dos lotes.

Carlino e dirigentes de movimentos oportunistas espalharam mentiras e calúnias contra lideranças camponesas combativas, gerando confusão, desconfiança, desunião e desânimo entre os camponeses e causando a prisão injusta de um trabalhador por 9 meses.

Mesmo com tudo isto, as 800 famílias nunca deixaram de trabalhar. Criaram associações e aumentaram a produção, mesmo sem apoio técnico e financeiro. Os comerciantes de Corumbiara, Chupinguaia e Cerejeiras sempre agradecem aos camponeses, pois a retomada da fazenda Santa Elina ajudou a desenvolver a economia destas cidades.

E as famílias nunca deixaram de lutar. Fizeram manifestações, atos, ocupações de prédios públicos e fechamento da BR. Elas conquistaram energia elétrica, reformas de estradas e pontes, construções de escola e posto de saúde na área. Mas, o mais importante, o movimento camponês volta a um novo período de ascenso, aumentando sua união e organização.

Aprofunda-se a crise

Em 1995, o capitalismo burocrático no país já agravava sua crise com redirecionamento no controle do Estado pela fração compradora da grande burguesia brasileira (gerenciamentos do PSDB com FHC), onde duas classes exploradoras e opressoras — latifúndio e grande burguesia — se uniam no controle das terras, das grandes indústrias, comércios e empresas, servindo aos países imperialistas, principalmente o USA.

Hoje, passados 20 anos, o mesmo sistema segue vigente, só que em maior decomposição e em crise profunda. Os gerentes de plantão gastam bilhões em propaganda que o país está melhorando, acabando com a miséria, se desenvolvendo. Pura mentira. Somos o país onde o povo paga mais impostos e o governo gasta metade deste recurso pagando dívidas com bancos. A taxa de juros, definida pela gerência petista, é uma das maiores do mundo, fazendo a dívida crescer sem fim e freando qualquer tentativa de produção nacional.

A gerência petista aumentou o apoio ao latifúndio, aprofundando a condição atrasada do Brasil de quintal do imperialismo, ou seja, mero exportador de matéria-prima barata. Liberou créditos à vontade para produção de gado, soja, cana- de-açúcar, laranja, algodão e isentou de impostos quem exporta. Os usineiros, conhecidos por explorar os cortadores de cana como escravos, foram chamados por Lula de “heróis nacionais”. Paralisaram a reforma agrária, já falida, fazendo aumentar a concentração da propriedade da terra. Dilma/PT é a gerente federal que assentou menos camponeses desde o gerenciamento militar.

A população nunca esteve tão endividada. Nunca foi tão grande a repressão contra a juventude e os trabalhadores em luta, contra a população pobre das favelas e bairros pobres, contra camponeses, lideranças e movimentos combativos que lutam pela terra. Seguem os despejos violentos, calúnias, prisões, torturas e desaparecimentos. O número de assassinatos no campo tem aumentado ano após ano.

É uma lei da luta popular: na medida em que se aprofunda a exploração e opressão das classes dominantes, aumenta a resistência do povo. E os 12 anos de gerenciamento petista, mais do que nunca, provaram que a farsa eleitoral não muda nada. Isto nos levou a um novo período da luta popular no Brasil. O povo tem expulsado direções eleitoreiras, pacifistas e oportunistas e tem trilhado o caminho da luta combativa, independente e organizada.

Revolução Agrária

O “massacre” em Corumbiara foi planejado pelos latifundiários com o objetivo de aterrorizar os camponeses para que nunca mais ousassem lutar pelo direito à terra. Mas foi em vão. As tomadas de terra continuaram, com mais organização e mais preparação.

Aquela batalha despertou a atenção de operários, professores, outros trabalhadores e estudantes em luta para a importância e urgência da luta camponesa. Trabalhadores da cidade e do campo se uniram, fizeram um balanço profundo desta experiência e tiraram importantes lições.

A heroica Batalha de Santa Elina deixou claro a face de cada um dos lados em disputa. A mentira, a covardia, a injustiça, a exploração e o genocídio é a cara dos latifundiários, suas tropas de pistoleiros, seus agentes na “justiça”, nos governos, nas polícias, no monopólio dos meios de comunicação e nos movimentos oportunistas, que atuam como força auxiliar, desunindo, desmobilizando e esvaziando a luta dos camponeses. O trabalho, o heroísmo, a justiça, a igualdade e a resistência é o rosto dos bravos camponeses que lutaram pelo sagrado direito à terra.

A Batalha de Corumbiara deixou patente a existência de dois caminhos do movimento camponês. De um lado, o caminho da conciliação, do pacifismo, da negociação, da reforma e das eleições podres e corruptas, onde não se consegue nada além de migalhas. De outro lado, o caminho da luta combativa e da organização independente e revolucionária, único caminho correto para a conquista da terra.

Os combatentes de Corumbiara, heróis do povo brasileiro, seguem vivos nos corações e mentes dos bravos camponeses que trilham o caminho da Revolução Agrária, tomam terras do latifúndio, cortam-na por conta própria e distribuem os lotes entre si. Produzem de forma cada vez mais cooperada e decidem coletivamente, em Assembleias Populares, tudo o que lhes diz respeito. Este é o início de uma Grande Revolução que vai mudar verdadeiramente o país, conquistar os direitos do povo, justiça e uma verdadeira democracia.


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