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chacina capaBrasil - ADITAL - [Marcela Belchior] Uma chacina ocorrida na madrugada do último dia 05 de novembro em bairros periféricos da cidade de Belém (Estado do Pará) deixou pelo menos nove mortos. Indícios apontam para a autoria de agentes policiais do grupo de elite Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam). O caso chocou toda a população da cidade e os movimentos sociais e de direitos humanos exigem imediata investigação dos homicídios.


A ação seria uma retaliação à morte do cabo Antônio Marco da Silva Figueiredo, de 43 anos. Ele respondia na Justiça por suspeita de participação em uma milícia no bairro de Guamá e ficou conhecido por práticas de violência e execuções de muitos jovens nas periferias da cidade — fato que teria colaborado para que sua morte fosse amplamente comemorada nos bairros periféricos do município. A causa de sua morte ainda não foi oficialmente divulgada.

O assassinatos foram praticados em Terra Firme, Marco, Guamá, Jurunas e Sideral, todos bairros pobres da capital paraense. No bairro da Terra Firme, o cobrador de ônibus Bruno de Souza Gemaque, de 20 anos, foi assassinado na rua São Domingos. Em outras localidades foram identificadas mais duas vítimas, um adolescente de 16 anos e o jovem Jefferson Cabral Reis, de 27 anos, executado friamente. Embora números oficiais registrem nove assassinatos, estimativas apontam 20 mortes e rumores dão conta de que em torno de 35 pessoas teriam sido mortas pela mesma ação de retaliação.

Pouco antes de ocorrerem os homicídios em massa, a Rotam anunciou, em sua página nas redes sociais, a pretensão dos agentes, convocando a tropa, extraoficialmente. "A caça começou. (...) A Rotam está com sangue nos olhos", publicou. O sargento Rossicley Silva chegou a convocar "o máximo de amigos para dar resposta", através de seu perfil no Twitter. Um arquivo de áudio revelaria policial afirmando que a ordem seria fazer uma "limpeza na área".

chacina2As ações teriam sido praticadas por homens à paisana, que chegavam às localidades em motos, seguidos de um carro preto. Segundo relatos, eles atiravam à revelia. Durante toda a madrugada do dia 05, denúncias ocuparam as redes sociais, relatando ações, supostamente de milicianos, em diversos bairros, gravações de áudios e vídeos com flagrantes das ações se espalharam pela Internet. Diante dos indícios, o Comando Geral da Polícia Militar declarou que deve apurar denúncias.

Foto: Em publicação nas redes sociais, ROTAM anuncia caça.

De acordo com o jornal Diário Online, em um dos áudios, um suposto policial anunciava: "Senhores, sério, por favor, façam o que for preciso, mas não vão para o Guamá nem para Canudos nem para o Terra Firme hoje à noite. É uma questão de segurança dos senhores, tá? Mataram um policial nosso, e vai ter uma limpeza na área. Ninguém segura ninguém, nem o coronel das galáxias".

Em entrevista à Adital, a advogada e coordenadora do Programa Acesso à Justiça da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Ana Cláudia Lins, acrescenta que são frequentes as postagens dos policiais que atentam contra os direitos humanos da população. Ela destaca que a maioria das vítimas da chacina sequer tem passagem pela polícia, o que reforça a ideia de que os disparos foram aleatórios contra os cidadãos.

"Além de criminosos, a ação atingiu a população em geral e os jovens da periferia", atenta Ana Cláudia. "Não podemos admitir nenhuma morte, nem mesmo a do cabo da Polícia Militar, membro de milícia", critica a advogada. Segundo ela, setores da população organizam atos públicos para pedir justiça. Além disso, órgãos e entidades de direitos humanos se reúnem para articular com o Poder Público a garantia do acompanhamento psicossocial dos familiares das vítimas.

Em nota, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal manifestou preocupação e indignação com o caso e se solidarizou com os familiares das vítimas. A Comissão encaminhou ofícios a órgãos públicos do Estado do Pará solicitando investigação imediata e independente dos crimes, além de punição "com rigor" dos envolvidos e autores dos assassinatos. Solicitou ainda total assistência às famílias das vítimas e informações detalhadas a respeito do ocorrido.

2014 11 chacina legenda2Foto: Sargento convoca "o máximo de amigos" para vingar policial.

Já a Anistia Internacional, movimento global que trabalha pelos direitos humanos, pediu que o governo federal acompanhe o caso e as autoridades do Estado do Pará tomem todas as medidas necessárias para garantir a segurança imediata dos moradores dos bairros onde ocorreram as mortes. "Da mesma forma, a morte do cabo deve ser investigada e responsabilizada", acrescenta.


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