Nessa terça-feira, 15, estudantes da USP e professores estaduais convocaram uma manifestação de apoio aos professores em greve do Rio de Janeiro, que têm sido brutalmente reprimidos pela polícia.
Na manifestação, o DCE da USP, dirigido por PSOL e PSTU, não queria a presença dos black blocs, motivo pelo qual a passeata ficou paralisada por muito tempo.
A atitude do DCE foi entusiasticamente apoiada pela imprensa capitalista. Durante o percurso, os repórteres da Globo News, por exemplo, fizeram questão de ressaltar que as direções dos estudantes (que eles tratavam também como sendo os estudantes em geral), não queriam a presença dos black blocs, pois desejavam fazer uma manifestação "pacífica" e "sem vandalismo".
Quando a marcha passou em frente a uma concessionária cujas vitrines foram quebradas, o repórter lamentou ter que mostrar a "depredação", mas justificou como sendo da função jornalística.
Era evidente que para a rede Globo, assim como para outros órgãos da imprensa capitalista, a manifestação do DCE é legítima, assim como a inofensiva reivindicação de "diretas para reitor".
O alvo da imprensa e do governo não é o DCE com sua reivindicação morna e métodos de luta tradicionais; mas sim os jovens que aderiram à tática black bloc. Isso por várias razões. Uma delas é que aquilo que os black blocs introduziram como uma rotina nas manifestações é um método comum de toda a juventude trabalhadora. Quantas vezes não vimos a população nas periferias enfrentando a polícia, queimando ônibus ou destruindo trens?
Para a burguesia, os black blocs são um mau exemplo que pode contaminar a juventude proletária e até mesmo a classe operária como tal, fazendo a situação já delicada escapar totalmente de controle.
Não à toa a imprensa burguesa tem se dedicado a difamar os jovens black bloc. Justificam a perseguição policial contra eles e procuram identificar seu protesto com crimes comuns, bem como tirar o caráter político da sua ação, chamando-os sempre de vândalos e baderneiros.
Nessa tarefa, a imprensa, a serviço da burguesia e do governo, tem aliados fundamentais: o PSTU e o PSOL.
O primeiro já divulgou ao menos duas declarações condenando os jovens. Na última, o presidente do PSTU, Zé Maria de Almeida, diz logo na chamada: "chega de Black Blocs!"
Segundo Zé Maria, eles se aproveitam das manifestações e facilitam a repressão. Essa declaração é um verdadeiro convite à repressão. Em um momento em que o aparato repressivo do estado e toda sua máquina de propaganda estão voltados a esmagar os black blocs, essa declaração equivale a abandonar os jovens que estão sendo perseguidos e, pior, sinalizar à polícia que eles estão sozinhos e isolados, que ninguém irá opor resistência ou lugar contra a repressão a eles.
O que essas organizações fizeram nessa passeata de terça-feira, procurando expulsar os black blocs, repudiando abertamente suas ações, é também fazer coro com a imprensa capitalista que diz que eles são infiltrados nas manifestações.
Dessa maneira, PSOL e PSTU agiram como policiais dentro do movimento estudantil, se adiantando à repressão e à censura da polícia.
A polícia não precisa de motivos para reprimir, como vimos claramente no dia 13 de junho. Os Black Blocs não são agressores são as vítimas e nosso inimigo é o estado capitalista, não quem luta contra ele.