A vigésima oitava Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro, foi instalada essa semana, dia 20, numa das maiores favelas da América Latina, a Rocinha.

A instalação da UPP na comunidade é a continuidade da verdadeira operação de guerra, precedida com ajuda do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Batalhão de Choque e oficiais da Marinha há quase um ano atrás.

A favela já estava parcialmente ocupada pelas forças do Bope e da Polícia Militar, com um efetivo aproximado de 400 homens. No entanto, a inauguração dessa UPP que contará com nove bases distribuídas pela comunidade, com um efetivo de mais de 700 policiais, um amplo sistema de patrulha e monitoramento 24 horas, consolida a ocupação e permite que se forme um sistema de controle e vigilância muito maior contra os moradores.

"Os policiais da UPP da Rocinha contarão com a ajuda de 100 câmeras de monitoramento instaladas em toda a comunidade, além de 12 motocicletas, veículos considerados fundamentais para o patrulhamento das centenas de vielas que cortam a favela. O comando da UPP ficará a cargo do major Édson Raimundo dos Santos, o mesmo que comanda as ações desde o início da ocupação permanente pela polícia." (Rede Brasil Atual, 24/9/2012).

A instalação da base na Rocinha é parte fundamental do plano de sitiar a cidade, isolando os bairros "nobres" das áreas pobres. A favela fica no coração da Zona do Sul e separa os bairros de Ipanema e Leblon da região de São Conrado e da Barra da Tijuca, e com a UPP na Rocinha, o governo pretende formar um corredor que ligaria os bairros da zona Sul e esta região, dando um passo fundamental para a formação de uma espécie de "Zona Verde" na cidade, semelhante à implantada pela invasão norte-americana na cidade de Bagdá.

A ocupação, portanto, é um marco da política de repressão e violência contra as comunidades pobres do Rio, organizada diretamente pelo governo e pela direita para favorecer a especulação imobiliária e reprimir a população. Por outro lado, ao mesmo tempo em que a ocupação é um marco dessa política, ela é também um desafio para a burguesia com grandes chances de fracassar.

A experiência com a ocupação em outras comunidades, como o complexo do Alemão, Cidade de Deus e etc, demonstrou claramente que a população não está disposta a conviver com as arbitrariedades cometidas pelos militares nos morros. Aquilo que a imprensa capitalista procurava apresentar como um combate ao tráfico de drogas se revelou na realidade uma verdadeira ditadura contra os moradores e uma política de favorecimento as empreiteiras, assim como o crime, o tráfico e a criminalidade continuam a existir só que de outra forma, controlado diretamente pela polícia.

Centenas de manifestações e enfrentamentos se seguiram às ocupações em praticamente todas as favelas. Denúncias de abusos de poder, violência indiscriminada, tortura e roubo praticado por policiais das UPPs foram registradas nas áreas de ocupações e a hostilidade dos moradores a presença da polícia é total.

Ocupar e controlar uma comunidade habitada por mais 70 mil pessoas numa área de 840 mil metros quadrados mergulhada na mais absoluta miséria e pobreza é uma política que só terá como resultado o confronto com a população, é uma política fascista, desesperada que certamente aumentará ainda mais a indisposição da população contra a polícia e levará inevitavelmente a uma desmoralização completa.

A UPP, portanto, tem como único objetivo controlar e vigiar a população da Rocinha, reprimir a pobreza e atender os planos da burguesia que pretende lucrar com o aumento da segregação social na cidade.