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Foto - Brigitte DeisenhammerBrasil - Blogueiras Feministas - Ao ligar a televisão em canais abertos, no final da tarde de um domingo, nos deparamos com uma cena antiga. Atrás do apresentador, mulheres seminuas servem como "objetos de enfeite" do palco.


Provocantes e sensuais, as mulheres que ali estão mexem com a imaginação de muitos. O que vemos é um conteúdo erótico, conteúdo que utilizo em minha vida, acho uma prática saudável. A fantasia, a excitação, a masturbação são auxiliadas através de vídeos, imagens, estórias. Mas, sinceramente, acredito que essas práticas caibam mais em momentos íntimos, sozinho ou com parceiros. O problema é que elas estão ali, em um programa de domingo à tarde, cujo conteúdo erótico aparece de uma forma não declarada, disfarçada de outra coisa. Isso me incomoda bastante.

Visitando minha mãe no último domingo, a encontrei com seu parceiro e uma criança na sala assistindo televisão. O que se via na caixa preta é, como já ouvir dizer um dia, um show de bundas. Elas eram as protagonistas. Nesse dia rolava uma cena, algo como uma pegadinha, com uma mulher que trabalha no programa do Ratinho. Foi quando fiz uma pergunta: o que ela faz no programa onde trabalha? A resposta foi: ah, não sei, ela faz o papel de burrinha. É aí que chegamos ao ponto em que gostaria.

O papel da mulher nesses programas é diminuído ao corpo e a beleza. A algumas é dada a chance de dar opiniões, mas somente opiniões risíveis, assumindo assim o posto de "burrinha". Será isso somente uma estratégia para aumentar a audiência ou mais uma armadilha do patriarcado tentando menosprezar o papel da mulher na sociedade?

Algumas pessoas podem dizer que tudo é culpa da própria mulher, que aceita trabalhar com isso, e vem com aquela ladainha de "elas não se valorizam". Não me venha com essa, por favor! É um trabalho tão digno quanto qualquer outro. O problema é o formato, via e jeito em que isso é passado através da mídia, que acaba por reduzir o que somos. A mídia nos coloca em segundo plano, atrás do Faustão, o tempo todo.

Desde criança vejo estes mesmos formatos de shows dominicais. Só me dei conta da bizarrice ali representada quando tive contato com a televisão aberta de outro país. Quando vi mulheres assumindo outros papéis, quando atrás do apresentador(a) só havia mesmo o fundo do palco e a pauta principal do programa não envolvia bundas. Havia mulheres apresentando os mais variados tipos de programas, com conteúdo humorístico, esportivo, jornalístico, político, de entretenimento e outros. O respeito as opiniões das mulheres ficava bem transparente na tela e o que mais me impressionava era a autoconfiança delas, estampada de maneira nítida e belíssima. Acredito que essa autoconfiança possa ser um reflexo da vivência em um ambiente um pouco menos machista.

Já no Brasil, mesmo após várias conquistas feministas, a televisão aberta, em geral, se nega a ser um reflexo dessas lutas e vitórias e, continua mantendo os mesmos padrões machistas de outros tempos. Mas, ainda acredito que em pouco tempo a renovação da TV lixo se dará de fato, pois chegaremos a um ponto em que isso será inevitável.

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Joice Aline faz pós-graduação em engenharia de alimentos onde estuda textos e texturas, gosta de mandalas, músicas, poesias e figuras, gosta do que não satura, gosta da vida sem estrutura.


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