Um dos principais problemas enfrentados pelos estudantes que ingressam na Unifesp-Guarulhos é a evasão. Não conseguímos obter números oficiais mais detalhados sobre o número de alunos que são obrigados a abandonar seus cursos. No entanto, alguns dados a partir de uma rápida pesquisa, somada a experiência que este jornal tem por acompanhar desde 2007 a luta estudantil nesta unidade, nos permitem uma breve avaliação da situação. E este, por sua vez, é extremamente caótica.
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que este é um problema de toda a universidade. Em um edital de transferência interna aberto neste primeiro semestre de 2014 havia 1738 vagas não preenchidas nos cursos de graduação da Unifesp. E a unidade, de Guarulhos, é provavelmente aquela que apresenta os piores índices.
Em 2012, o Blog Unifesp em Luta fez um levantamento da evasão entre os anos de 2009 e 2011. Em 2009, foram registradas entre os alunos ingressantes 157 evasões. No ano seguinte (2010) o número ficou em 150. Ou seja, houve 518 desistências, um número próximo daquele que ingressa durante o processo seletivo.
Pesquisas da própria universidade apontam que a principal causa do abandono é a situação econômica dos alunos. Mas somente este fato não explica, uma vez que a universidade deveria ter uma política para que estes ingressantes pudessem concluir seus estudos. A Unifesp possui bolsas-auxílio que buscam suprir as necessidades de alimentação, moradia e transporte. Também há o auxílio-creche para as estudantes que são mães. Todos estes auxílios, no entanto, são insuficientes.
A insuficiência é resultado direto da falta de investimento, pois a burocracia universitária e o governo privilegiam os interesses particulares que existem na Unifesp. A falta de investimento, no entanto, tem sido uma maneira de provocar uma evasão proposital na Unifesp-Guarulhos.
Hoje, mesmo com este índice alto, a universidade é incapaz de atender os estudantes com um mínimo de qualidade. A falta de salas de aula, por exemplo, fez com que crescesse o número de indeferimentos em matrículas que alunos realizaram em diversas matérias. Caso a evasão fosse pequena, esta crise seria ainda maior, revelando que a burocracia da Unifesp não é capaz de atender minimamente a demanda oferecida no vestibular.
Assim, a falta de investimento tem sido uma forma de aliviar a pressão contra a política daqueles que administram a universidade. Por isso, é preciso exigir maiores investimentos em assistência estudantil e lutar contra esta burocracia para derrotar esta política que prejudica sobretudo a parcela mais pobre dos estudantes.