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greve-estudantil-ufprBrasil - Diário Liberdade - Por todo o país, o setor de Ensino Superior está em greve. Em muitos lugares, a greve abrange as três categorias (estudantes, professores e técnico-administrativo). O que poderia parecer recorrente para alguns, no entanto, para outros, chama atenção o caráter que os estudantes da UFPR deram para a greve local. Por Paulo Gustavo Roman 


Desde o início do processo, o movimento estudantil buscou concentrar suas forças nas bases, isto é, nos estudantes comuns que não necessariamente estão envolvidos com as atividades políticas que ocorrem na universidade, mas, tendo em vista as precarizações que a universidade vem sofrendo, os estudantes passam a se organizar nos cursos e assim se inicia um novo processo de construção da greve, que explodiu no final de maio de 2012. Deste modo, antes de declarar greve geral, cada curso foi levantando seus problemas através das assembleias setoriais, como também os modos pelos quais resolveríamos tais problemas. Três cursos (Psicologia, Medicina e Engenharia Química) entraram em greve antes mesmo dos estudantes, em assembleia geral, decidirem pela deflagração da greve. Outros doze cursos decidiram em Assembleias pelo indicativo de greve.

Também faz-se necessário lembrar que a atual gestão do DCE buscou, de todos os modos, adiar e desmobilizar o movimento grevista que estava nascendo. Dentro deste cenário, os estudantes tiveram que se organizar à margem da Entidade máxima de representação estudantil; tendo em vista que o processo de greve se deu de “baixo” para “cima”, isto é, primeiro a mobilização começou nos cursos para logo após ganhar um caráter geral, assim foi possível, através dos centros acadêmicos, conseguir mobilizar as estruturas suficientes para garantir que as assembleias gerais fossem realizadas, assim como outros eventos relacionados aos problemas que a universidade vem sofrendo (como debates sobre o “Reuni 2”, sobre a mudança de alguns cursos para o “Texeira Soarez”, e outros eventos como a festa junina da greve etc.).

Pode-se notar assim a peculiaridade que o processo de greve na UFPR, não foi à toa que os estudantes decidiram ocupar a reitoria no dia 3 de julho. Este ato foi resultado de um processo mais profundo, no qual os estudantes já estavam inserido. Cabe perguntar-se qual processo? Este responde à crise do sistema político brasileiro, o povo já não acredita mais nesta “democracia representativa”, na qual somos obrigados a “escolher” quem vai nos dirigir, mas não podemos escolher o que será feito. O escritor uruguaio, Eduardo Galeano, tem uma anedota bem interessante que ilutra esse processo, diz ele que havia um cozinheiro que resolveu reunir as aves para que ela decidissem qual salsa elas gostariam que fosse usada para comê-las, algumas disseram que preferiam molho de tomate, outras molho branco, e uma ave disse que não gostaria de ser comida, já o cozinheiro afirmou, afinando a faca, que essa opção não existe. É justamente assim que a Reitoria vem tratando os estudantes da UFPR. Quando estes decidiram por radicalizar o processo, pois entendiam que a reitoria vinha tratando a negociação (leia-se, conversa) com desprezo, o cenário foi o mesmo da ave que não queria ser comida.

Para frear esse movimento de democracia real (ou democracia direta como o movimento grevista tem afirmado), a Reitoria ameaçou os estudantes de expulsão, processos judiciais e administrativo. Como também lançou um “Informe” (veja aqui) no qual deixava entender que os estudantes/lutadores eram semelhantes aos “terroristas”, nada mais perigoso e assustador pois esse discurso frente aos penosos tempos da ditadura militar, na qual todo lutador(a) foi considerad@ um terrorista. No entanto, o que a Reitoria não conseguiu ver é que a crise política já está instalada, que novas formas de organizações estão surgindo das novas relações que estão sendo travadas. Ainda é muito cedo para avaliar o que estes estudantes deixaram para a história das lutas universitária, mas já podemos dizer que uma nova forma de se organizar está nascendo, que o acúmulo deste movimento será (re)aproveitado pelos que virão futuramente. Não vai ser um “Informe Reitoria” que desmobilizará a luta dos estudantes, pelo contrário, a raiva se torna combustível para alavancar a luta. Porque a nossa raiva é digna!

Para finalizar, cabe lembrar que estamos numa encruzilhada histórica, a ideologia da “democracia representativa” está perdendo força, no seu lugar está surgindo outra democracia, uma organização que as pessoas não precisam mais esperar que os Outros façam algo por elas, mas estamos tomando às rédeas da vida em nossas mãos, se não for nós que construiremos Outro Mundo Possível, então quem vai ser? Por isso o choque tende a crescer, é a luta por uma democracia direta que vai de encontro com a “democracia representativa”, é o combate dos “de baixo” com os “de cima” que move este processo. Nós não precisamos que a Reitoria (e as outras instituições que defendem os interesses de uma classe) diga que a ocupação é um instrumento legítimo, mas somos nós, os estudantes “de baixo”, os únicos que podemos dizer quais instrumentos são legítimos e como iremos lutar.

 

A Raiva é digna!

A educação não pagará pela crise!

Ocupe a reitoria que tem dentro de você.

 

Paulo Gustavo Roman é mestrando em Filfosofia pela UFPR.


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