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ufpr2Brasil - Diário Liberdade - Os estudantes da Universidade Federal do Paraná estão em greve desde o fim de maio de 2012. Neste meio tempo, a reitoria tratou as negociações (leia-se, conversas) com descaso. Tendo em vista este cenário, dia 3 de julho, os estudantes decidem em assembleia ocupar a Reitoria a fim de fazer com que as negociações avancem. Na semana passada, a Reitoria passa a criminalizar os estudantes envolvidos na ocupação e ameaçou, diversas vezes, expulsá-los, bem como abrir processos judiciais e administrativos. Na manhã do dia 20 de julho, os estudantes decidiram em assembleia desocupar o prédio da reitoria, tendo em vista que teríamos uma mesa de negociação à tarde, também tínhamos a promessa da Reitoria de não punir (administrativamente ou judicialmente) os estudantes envolvidos na ocupação.


No entanto, no seu último informe, a Reitoria da UFPR demonstrou todo o seu ódio contra os estudantes que estão lutando por melhorias nas condições de estudo (e, por que não, de trabalho, tendo em vista que também são solidários à greve dos técnico-administrativos e professores).

O estado de exceção foi a tônica de todo o informe, do início ao fim a Reitoria expôs os alunos/lutadores como “terroristas”, como se ainda estivéssemos no regime da ditadura militar, na qual todos que lutavam pela liberdade e democracia eram incriminados como terroristas. Além disso, a Reitoria buscou deslegitimar os alunos que ocuparam o prédio utilizando o argumento de que estes não foram eleitos e, deste modo, não representariam os estudantes da UFPR. Esse argumento vem sendo usado sistematicamente, pela atual gestão do DCE, para deslegitimar o movimento grevista. Torna-se claro que ambos estão numa relação (perversa) de simetria, na medida em que compartilham o ódio em relação aos estudantes que se levantaram em luta.

Todo ódio exposto no documento deve-se ao fato de que a ocupação da reitoria não aconteceu por acaso, mas foi resultado de um processo de ascenso do movimento estudantil combativo que teve início no ano passado, quando os estudantes deflagraram greve em assembleia. A deflagração da greve no ano passado tampouco foi uma contingência histórica, mas está circunscrito ao regime de precarização que a Universidade Pública vem sofrendo ao longo destes últimos anos, que teve como estopim a implementação do Reuni. Não foi à toa que, depois de quatro anos da implementação do Reuni, duas greves aconteceram num espaço curto de tempo (cerca de nove meses). Foi dentro deste cenário que os alunos vêm realizando, desde o início de maio, diversas assembleias de cursos (e gerais) para discutir e levantar os problemas que sofremos diariamente.

Mesmo com a gestão do DCE nas mãos da direita (a chapa se chama “Nós vamos invadir sua praia”, claro sinal da reorganização da direita na tomada dos espaços que são, historicamente, da esquerda) os alunos conseguiram se organizar e deflagraram greve numa assembleia que contou com a presença de mais de 600 estudantes. Faz-se necessário dizer que a deflagração da greve foi antecedida por um intenso debate nos cursos, nos quais em diversas assembleias locais foram tiradas indicativo de greve ou mesmo greve. Pode-se notar também que este processo não prezou pela “democracia representativa”, mas pela democracia direta na qual os alunos (cansados de assistirem as suas demandas serem preteridas) resolveram tomar para si as rédeas das suas vidas e iniciaram, através da ação direta, um processo que culminou com a decisão, em assembleia, de ocupar a Reitoria, no dia 3 de julho de 2012.

Vale lembrar que os estudantes resolveram radicalizar o processo depois que “numa das reuniões de negociação do Comando de Greve dos Estudantes, a Reitoria deixou escapar que a ANDIFES (Associação nacional de Dirigentes de Instituições Federais do Ensino Superior) recebeu uma orientação do MEC (Ministério da Educação) para que as negociações não avançassem” (Resposta do Comando de Greve dos Estudantes à nota expedida pela gestão do DCE-UFPR). Nota-se que a postura de intransigência da Reitoria obedece às ordens de instâncias superiores, no entanto, isso não é motivo para isentá-la de culpa. A Reitoria é responsável (assim como o Governo Federal) pela criminalização do movimento estudantil! Ao tratar os estudantes como terroristas, como pode ser visto aqui, a Reitoria utiliza táticas que remontam à Ditadura Militar para deslegitimar (e porque não perseguir) o movimento grevista; dentro deste cenário, cabe questionar quais são os interesses que estão por trás desta postura, ou seja, será que a criminalização do movimento estudantil obedece a lógica de uma “cadeia subterrânea” que liga a atual reitoria aos “porões da ditadura militar”? Por que tratar os estudantes como terroristas, sendo que este era o modus operandis que a ditadura tratava o movimento estudantil? Estamos regredindo?

A Postura de criminalização do Movimento Estudantil precisa ser denunciada, não foi à toa também que, na quinta-feira, ocorreu um ato no Pátio da Reitoria para denunciar esse processo de criminalização, este ato contou com a ilustre presença do Cacique Raony, que luta contra a imposição da construção da hidroelétrica Belo Monte, como também recebeu o apoio dos técnico-administrativos e das pessoas que participaram do Cepial. O Reitor anunciou na TV a possibilidade de expulsar os estudantes que ocuparam a reitoria, tal medida só tinha sido usada na ditadura militar; dado o risco iminente de expulsão e perseguição política, através de processos judiciais e administrativos, os estudantes (em assembleia) resolveram desocupar a reitoria, mas alertaram para o fato de que se as negociações se mantenham em banho maria, o movimento grevista pretende radicalizar novamente o processo.

No fim do Informe da Reitoria, do mês de Julho, o documento se pergunta se “chamar a polícia federal resolve?”, para “desenvolver” esta questão, o doc. aborda a ocupação da reitoria que ocorreu na Unifesp, na qual a polícia federal foi chamada para desocupar o lugar. O documento diz que “a Polícia Federal é chamada novamente pois dias antes o mesmo grupo havia realizado outra invasão da reitoria. O resultado foi o aumento dos atos de depredação e violência: “a cara de um movimento sem rosto e sem identidade”. A reitoria quer fazer seus servidores acreditarem que esse movimento (“sem rosto e sem identidade”) se assemelha aos “terroristas” anônimos que explodem algum artefato num lugar público; ao fazer isso, o órgão gestor da universidade quer transformar os estudantes/lutadores em criminosos, terroristas, a fim de justificar o injustificável, a repressão e a perseguição que estes estudantes sofreram (e sofrerão) por lutarem por melhorias nas condições de estudo (e trabalho). No último quadro do informe, a Reitoria se pergunta sobre o motivo que levou os estudantes a tamparem as janelas do prédio da UFPR, como também os estudantes da UNIFESO tamparam as suas caras. Precisamos dizer que isso foi feito como medida de segurança, pois sabemos que as Reitorias tem “caçado” os estudantes/lutadores, seja por meio de processos administrativos, judiciais ou até perseguições físicas, como aconteceu com os estudantes da UEM.

Portanto, respondendo à última frase do informe da Reitoria da UFPR: “O que não pode ser revelado para a sociedade?” é a brutal repressão que os movimentos grevistas (e combativos) vêm sofrendo ao longo destes anos, o levantamento dos estudantes da UFPR causou “danos irreparáveis” àqueles que estão no poder, “os de cima”. Agora sabemos que não precisamos mais esperar que alguém nos dê algo, vamos à luta para conquistar o que queremos; ao passo que vivificou a esperança e a dignidade dos “de baixo”, dos estudantes (técnicos e professores) que estão lutando para que suas vozes sejam ouvidas. Porque a ocupação é pela educação, e a criminalização do movimento responde à interesses que querem preservar a dominação e a exploração, seja no âmbito universitário, seja no âmbito da sociedade civil. Por isso o movimento grevista vai seguir lutando, já demonstramos o nosso poder de mobilização, realizamos uma assembleia em plenas “férias” que contou com a presença de mais de 600 estudantes. Também realizamos outros atos, junto com as outras categorias da universidade, que contou com mais de 1000 pessoas. Vamos juntos arrancar as conquistas, pois sabemos que a burguesia prefere perde os aneis do que os dedos. Juntos somos mais fortes!

Por um movimento estudantil combativo!

Ocupe a reitoria que tem dentro de você!


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