O ano de 2014 bateu recorde em PDVs (Plano de Demissão Voluntária), lay-offs (suspensão temporária do contrato de trabalho) e férias coletivas em várias empresas, especialmente as montadoras. Quase todos os meses do ano, as montadores lançaram mão desses expedientes que são tentativas de driblar a crise. Os patrões, para evitar a crise gerada pelas demissões, lançam mão dessas medidas.
Na última semana, a Volkswagem anunciou um novo PDV junto com incentivos à antecipação de aposentadoria para reduzir custos trabalhistas. Além disso, os salários não serão ajustados em março de 2015 e em 2016 não será concedido aumento superior ao da inflação. O acordo previa ainda a substituição do reajuste por abonos salariais. O mesmo acordo já está valendo na Mercedes-Benz. Todo esse pacote de ataques aos trabalhadores já havia sido fechado com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Mas faltou combinar com os trabalhadores. Em assembleia no último dia 3 de dezembro, cerca de 9 mil operários da Volks rejeitaram a proposta da montadora e o acordo que já havia ido fechado com o sindicato.
A maioria dos trabalhadores presentes na assembleia passaram por cima do acordo que vinha sendo negociado entre a montadora e o sindicato desde julho. Segundo informações, o excesso de mão de obra na fábrica de São Bernardo do Campo chega a 2,1 mil operários, 16% dos 13 mil funcionários da unidade. O objetivo da empresa era atingir essa parcela dos funcionários com o PDV.
O resultado da assembleia mostra a tendência geral dos trabalhadores de passaram por cima da burocracia sindical, impulsionados pela crise econômica. É mais importante ainda por se tratar de um dos setores mais avançados do movimento sindical política e economicamente. A burocracia lulista que domina o sindicato do ABC desde os anos 70, controla com mãos de ferro a categoria, em acordo com as montadoras.
Na medida que avança a crise, a tendência é que o movimento operário volte a entrar em movimento como já está ocorrendo em várias categorias. A única saída para os trabalhadores contra a crise é a sua mobilização. Para isso, é necessário romper com a política de conciliação com os patrões que para se livrarem da crise, vão aumentar os ataques contra os trabalhadores, primeiro com medidas como PDVs e arrocho salarial, depois com demissões em massa.