A CGTB, seus sindicatos filiados e os trabalhadores brasileiros em geral sabem da luta dos imigrantes árabes para encontrarem seu espaço e se integrarem ao trabalho e ao povo brasileiro. Sabemos todos também da luta dos nossos irmãos trabalhadores nos países árabes - a exemplo do Iraque, da Síria, da Líbia, do Egito e, em especial, da Palestina - para se libertarem do jugo colonialista, que ainda hoje, mesmo depois da vitória sobre o fascismo e o nazismo na Segunda Guerra, depois da construção da ONU e de sua Carta de Princípios de organismos internacionais e convenções, ainda se sobrepõe sobre os direitos humanos e soberanias nacionais.
É do conhecimento geral a luta do povo palestino para construir seu Estado em confronto diurno e constante com o assalto às suas terras, humilhação de sua gente, prisões e deportações em massa, destruição de residências e tentativa de décadas de genocídio biológico e cultural desse povo.
É de conhecimento de todos de que o valoroso povo palestino não se dobrou a todo este conluio e fez de seu martírio uma demonstração profunda da capacidade humana de resgate de seus valores históricos e morais.
Foi este reconhecimento que levou a ONU, em votação histórica, a reconhecer como membro observador o Estado Palestino antes mesmo de sua plena constituição – o que só ocorrerá quando a luta e a resistência do povo palestino, com apoio dos povos do mundo inteiro, acabar com a inaceitável chaga da ocupação da Palestina. Uma chaga mais detestável e inaceitável ainda depois da saga vitoriosa de Nelson Mandela e da luta de seu povo pelo fim do Apartheid na África do Sul e da vitória de Martin Luther King e dos trabalhadores e pessoas de todas as origens contra a discriminação racial e os criminosos da Ku Klux Klan.
Retratar a resistência do povo palestino, uma das maiores demonstrações de apego à liberdade e à justiça de toda a condição humana, de "terrorismo", quando é o ocupante que o instituiu na Região - seja através do horrendo massacre de Dir Yassin ainda em 1948, seja erigido à condição de terrorismo de Estado ao longo de mais de 50 anos em todos os territórios ocupados, ou através da distorção dos fatos e de mentiras -, procurando manter a sujeição de seres humanos para atender a inconfessáveis interesses.
A CGTB, que sempre integrou a luta internacional do conjunto dos trabalhadores por liberdade, justiça e soberania das nações, condena este tipo de usurpação e reafirma o seu apoio à justa causa do povo palestino, sua resistência à ocupação e se une a todos os setores da comunidade árabe e dos brasileiros em geral que se sentiram atingidos e lesados pela degradante cena da referida novela.
Nada disso faz parte de nossa história de integração, nem de nossas relações internacionais amistosas e nem da vitória sobre a discriminação racial. Portanto, não pode fazer parte da programação de uma TV cuja irradiação é concessão pública em nosso país.
Maria Pimentel é Secretária de Relações Internacionais da CGTB.