A morte na quinta-feira última de um nativo durante um desalojamento de um grupo de autóctones de uma fazenda em disputa no município de Sidrolandia, em Mato Grosso do Sul, motivou ontem à noite uma reunião da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, com representantes de seu gabinete e de organizações agrícolas.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu que se pesquisasse a morte de Osiel Abriel, se houve excesso no uso da força e se foram usadas armas de fogo para tirar os indígenas da fazenda Burití, em Sidrolandia.
O Tribunal de Justiça estadual determinou a imediata devolução dessa propriedade a seu dono, o ex-legislador Ricardo Bacha e pediu-se apoio à Polícia Militar de Mato Grosso do Sul para tirar os nativos, enfatizou.
Das 17 mil hectares já reconhecidas, a etnia Terena ocupa só três mil (um hectare equivale a 10 metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol).
O Coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Jorge das Neves, confirmou neste sábado que um grupo de 250 nativos voltaram a ocupar essa fazenda, pois consideram seu esse terreno em disputa.
Outra propriedade do Mato Grosso do Sul, localizada na cidade de Aquidauana, foi também invadida por autóctones, segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
A propriedade conta com 12 mil hectares, é demandada pela etnia terena e localiza-se dentro da reserva Taunay/Ipeg, reconhecida por um estudo antropológico da Funai.
No estado amazônico do Pára, os indígenas Mundurukú aceitaram uma proposta do governo federal de dialogar na próxima semana em Brasília e abandonarão na segunda-feira que vem os terrenos de Belo Monte, onde se constroem uma represa e uma das maiores hidroelétricas do planeta.
Os Mundurukú reclamam a realização de um estudo ambiental que certifique que a represa e a hidroelétrica não causarão danos ao meio.
Queremos que se cumpra com a Constituição e se aplique neste caso "a consulta prévia aos povos indígenas", antes de tomar qualquer decisão de continuar essa obra, denunciaram em uma carta difundida nesta semana.
Segundo especialista do CIMI, o atraso das autoridades federais na demarcação das terras indígenas, a burocracia e as decisões da justiça em favor de poderosos grupos rurais mantêm encurralados os indígenas brasileiros.