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180214 flavio aguiar cinema br berlimBrasil - Carta Maior - [Flávio Aguiar] A sensação do Festival Internacional de Cinema de Berlim foi o filme brasileiro 'Hoje eu quero voltar sozinho', do diretor paulista Daniel Ribeiro.


Na 64ª. edição da Berlinale, o ganhador do cobiçado Urso de Ouro foi o thriller chinês Bai ri yan huo, Carvão preto, gelo fino (segundo a versão em inglês), uma história policial que toca também no tema da femme fatale e parece indicar a tendência que houve neste júri de privilegiar a tradiçào cinematográfica, inclusive com um prêmio homenageando o veterano Alain Resnais que, aos 91 anos de idade, teve filme seu indicado para o concurso.

Mas a sensação do Festival Internacional de Cinema de Berlim – desta vez com o recorde de 330 mil ingressos vendidos (sem contar convidados, mídia, etc.) – foi o filme brasileiro Hoje eu quero voltar sozinho, do diretor paulista Daniel Ribeiro, com interpretações magistrais de todo o elenco, especialmente dos protagonistas Guilherme Lobo, Tess Amorim e Fábio Audi.

O filme conta a história de três jovens, estudantes numa escola de S. Paulo, que enfrentam os temas da amizade e da descoberta do amor, com os encontros, desencontros e conflitos íntimos e externos daí decorrentes. Um dos jovens, vivido de modo extremamente competente por Ghilherme Lobo, é cego, o que adiciona mais um tema ao filme: como um jovem não-cego pode explicar a ele certas imagens que levam à compreensão de como aquele “vê” o mundo e o amor mútuo que nasce entre eles.

Todos estes temas – com centro na homossexualidade – são tratados com extrema delicadeza e competência de imagens, trilha sonora, montagem, etc., no filme. Nada “sobra” no filme, nada “falta”.

Os resultados não demoraram a chegar. Primeiro, foi anunciado que o filme ganhara o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema. Logo a seguir veio a notícia de que ele ganhara o “Teddy” – um prêmio especial da Berlinale para filmes que tratem de temas ligados à homossexualidade. E por fim, o prêmio ganhou o segundo lugar na votação do público.

Foi uma consagração.

Um outro aspecto que merece destacar é a atualidade do filme, mostrando duas coisas que são difíceis de entender. Ou melhor, aceitar.

A primeira dificuldade apareceu numa das perguntas feitas pelo público. Por que o diretor tinha escolhido aquele meio “privilegiado” para seu filme, num país que tem “tantos problemas sociais”?

Ora, nós sabemos que o Brasil tem inúmeros problemas sociais. Mas tem, por exemplo, 200 milhões de habitantes – duas Alemanhas e meia – onde há de tudo. Mais da metade destes 200 milhòes pertencem hoje à “média classe média” – um conceito de nível de consumo, não social, também é bom lembrar. Mas lá estão. E há ainda a “baixa” e a “alta” classe média. Sem falar nos ricos e nos pobres – que são diferentes dos miseráveis (que também existem).

Mas é dificil para um público daqui discernir como “Brasil” um filme que não tenha imagens de favela, índio, floresta, violência política ou social, etc. em matérias de clichês, que não devem ser esquecidos, mas não podem ser exclusivos.

De fato, o Brasil mudou de lugar. Se isto é difícil de entender até para brasileiros, que permanecem aferrados à ideia de que antes, quando os pobres eram pobres sem perspectiva se serem outra coisa, era melhor, por que não seria difícil de aceitar para um europeu?

A outra dificuldade é a de aceitar que neste Brasil – que está em viagem para algum outro lugar no espectro mundial – as pessoas possam ser simplesmente felizes. Não. Fora também dos clichês: samba, carnaval, praia, futebol (e olhe lá agora com todo este ressentimento internacional sobre o Brasil), não pode haver lugar para felicidade no Brasil. A imagem final do filme, neste sentido,  é extremamente feliz: o menino não cego ensina ao cego como andar de bicicleta, numa viagem vertiginosa.

Difícil de acompanhar, para quem não quer ver que sté isto é possível no Brasil.

Vai estreiar no Brasil em breve. Não percam.


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