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rap-eduBrasil - Diário Liberdade - [Sturt Silva] Em comunicado divulgado em seu canal no youtube, Eduardo (foto) - vocalista do grupo de Hip Hop Facção Central - anunciou sua saída da banda.


Grupo de rap nascido nos anos 90, Facção Central assustou a burguesia e a "justiça" brasileira quando lançou em 1999 o disco "Versos Sangrentos" com batidas fortes e letras de protesto, relacionadas às injustiças sociais. O disco foi alvo de censura, tendo ido à loja com 15 músicas gravadas e um videoclipe da música "Isso aqui é uma Guerra", que foi acusada e censurada por "apologia ao crime". Em resposta, Facção lançou o álbum "A Marcha Fúnebre Prossegue" que se inicia com uma introdução à notícia da censura, dada em vários telejornais com os dizeres "Rap que faz apologia ao crime: Facção Central". Também neste álbum há "A Guerra Não Vai Acabar", uma espécie de "carta-resposta" a censura do videoclipe - que se inicia com uma pesada letra e críticas a promotoria-, e outras músicas com conteúdo semelhante.

Depois de A "Marcha Fúnebre Prossegue" ainda foram lançados os discos "Direto do Campo de Extermínio" e "O Espetáculo do Circo dos Horrores". A maioria dos discos completos, ou as músicas e clipes, do Facção Central estão espalhados pela internete, inclusive no youtube.

Em 2008, Eduardo anunciou que iria escrever um livro. "A guerra não declarada na visão de um favelado", livro do rapper, foi lançado em 2012, a preço popular, sem apoio de grandes livrarias e à margem do mercado literário brasileiro. Como ele comenta na entrevista abaixo, quando distribuía os livros para seus "manos" revenderem em outras comunidades, houve até batida policial.

Agora Eduardo, em emocionante vídeo, deixa o Facção Central - grupo que acostumamos a referir como sinônimo ao rapper. A mensagem que ele deixa é que em breve estará de volta aos palcos e que se continuasse no Facção não estava sendo honesto com o público, que sempre foi verdadeiro contigo.

"O meu ciclo na banda acabou, mas meu ciclo no rap está apenas começando. A revolução está apenas começando". Promete Eduardo.

Como disse o amigo Augusto César Mazdaki no facebook: "Eduardo é exemplar, tanto como pessoa, quanto como homem. O rapper mais inteligente, talentoso, valioso, honesto e corajoso que o Rap nacional já teve. Enquanto gente como Brown [O Mano dos Racionais MC's, que anunciou a partir de agora que vai fazer um rap 'romanceado' e que é capa da revista alternativa Fórum neste mês] se prostitui indo em shows de funk, dizendo que o funk é uma 'música irmã' do rap (uma música totalmente alienante, machista e burra, que vai contra tudo o que acreditamos) e gente como Thaíde e MV Bil se vendem a emissoras de TV, Eduardo se manteve fiel à nossa causa, a causa do povo."

Na verdade, o tipo de rap romântico - que retira o protesto contra as injustiças sociais de suas letras-, assim como o novo funk – que é apologista ao consumo e retrata as atitudes "banais" do dia-dia do brasileiro-favelado-, está muito relacionado com a cultura "cidadã" de consumo que se intensificou na primeira década dos anos 2000 no Brasil junto às classes populares, incentivada pelo projeto "neodesenvolvimentista" dos governos Lula e Dilma. (Veja aqui o que pensa Eduardo sobre os governos petistas).

"Entre a coragem e a covardia, a honra e a traição, a revolução e o dinheiro, Eduardo nunca vacilou; sempre se manteve leal à causa. Que, a partir de hoje, os Eduardos se multipliquem na cena do Rap, e que nós saibamos, mais uma vez, fazer uma música revolucionária, com a cara e o coração do povo!", completa Augusto em sua página no facebbok.

Encerro este texto com um pequeno depoimento.

Quando escutei as primeiras músicas do Facção Central na voz e composição de Eduardo, logo assustei com trechos de algumas. Achei agressivo de mais e pensei qual poderia ser a causa daquilo. No entanto, em umas das primeiras que ouvi, Chico Xavier do Gueto, veio a resposta: "Não é letra violenta não, cuzão, é a música cantada com o coração."

 

Artigo publicado originalmente no blog Ousar Lutar Ousar Vencer com o título: Rap nacional e Eduardo, ex-Facção Central: a revolução só está começando. Mudamos apenas o título para esta versão no Diário Liberdade. Última revisão: 20/02/2015.

Sturt Silva é colaborador do Diário Liberdade direto do Brasil e considera o rap como elemento portador de consciência crítica na sua formação política.


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