A crise de água em São Paulo está atingindo um ponto crítico. O governador reeleito, Geraldo Alckmin, não admite o racionamento, apenas as “falhas” no abastecimento. Ou seja, os paulistas podem ficar tranquilos porque a água não será racionada; ela vai faltar mesmo.
O que mais chama a atenção, no entanto, é que nenhuma atitude é tomada pelo governo. Alckmin chegou a propor bônus para quem reduzisse o consumo, mas isso não vai fazer com que o Sistema Cantareira volte a encher.
A imprensa capitalista faz de tudo para defender os tucanos. A principal tese é que falta água porque não chove. Seria um problema da natureza, talvez de São Pedro, diante do qual o ser humano, em especial o governador, seria impotente.
O problema é que essa tese é completamente falsa. Diversos especialistas ressaltaram que períodos de estiagem, ou seja, de seca e falta de chuvas, são comuns em todos os lugares. É parte de um ciclo. Nem por isso falta água em todos os lugares.
Como acreditar seriamente que em um país como o Brasil, com abundância de recursos hídricos e de chuvas, o problema da falta de água seria “da natureza”?
Se em lugares desérticos, como em Israel, a população não sofre com falta de água nem durante os conflitos em que estão periodicamente envolvidos, por que a falta de água no Brasil seria uma fatalidade?
Todos sabem que com dinheiro tudo se resolve e nenhum país rico vai ficar sem água a não ser que esteja em uma situação realmente crítica, como uma guerra por exemplo. Isso nem de longe é o que ocorre em São Paulo. Temos aqui uma situação em que nada de extraordinário está ocorrendo. Ao contrário, ela é inclusive cíclica e, portanto, previsível.
De fato, vários especialistas alertaram há alguns anos para a necessidade de investimento no setor, com obras, construção de mananciais e outras medidas.
O governo do PSDB ignorou tal necessidade. Por trás disso está a privatização da Sabesp empreendida por esse partido. A privatização significa que vêm em primeiro lugar os lucros dos acionistas da empresa e, em último lugar, as necessidades da população. Por isso, o Cantareira secou. Nada foi investido para não mexer nos lucros dos acionistas, que sugaram a empresa até que literalmente secasse e que a abandonarão para que o governo, leia-se a população, pague pelo prejuízo, assim que ela não der mais lucro. É por esse motivo que Alckmin até agora não quer tomar nenhuma medida que envolva significativo investimento de capital. Tentou desviar um rio de propriedade federal, incentiva a redução do consumo, mas nada de investimento.
A situação da água não vai ser resolver, ao contrário, só vai se agravar, enquanto os recursos estiverem voltados para dar lucro aos capitalistas e não para atender a população.