Publicidade
Publicidade
first
  
last
 
 
start
stop
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (2 Votos)

conexõesBrasil - Barão Gaucho - [Igor Pereira] Confortavelmente instalados na estrutura montada no 4º andar da Casa de Cultura Mario Quintana em Porto Alegre, concebida para receber a imprensa interessada em cobrir o Conexões Globais, entrevistamos a jornalista da Carta Capital e autora do blog Socialista Morena Cynara Menezes.


Na minha companhia o estudante de relações públicas da PUC Lucas Bernardes, autor do programa Crítica, exibido na Rádio Web Falando de Amor.

Nessa entrevista feita na meia hora anterior a sua participação na mesa de debate do Conexões Globais sobre comunicação e poder na era da internet, onde debateria ao lado de Franklin Martins, Vera Spolidoro, Natália Viana e Marcelo Branco, Cynara soltou o verbo. Falou com entusiasmo das possibilidades que a internet abre para a democratização da mídia, deu sua opinião sobre o projeto de lei do novo marco regulatório enfatizando que desconcentrar a comunicação é fundamental, convocou a esquerda a construir um portal de comunicação para competir com os portais da mídia empresarial que considera de conteúdo fraco, e falou das motivações de seu blog, que surgiu inspirado na ideia de Darcy Ribeiro de que o Brasil pode construir um socialismo com a cara do povo brasileiro. Acompanhe aqui a íntegra dessa entrevista de uma socialista morena que revela um profundo otimismo pelo Brasil e pela juventude.

Democratização da comunicação na era da internet

O que eu vou falar pra vocês é um pouco o que eu falava ali na rádio do Conexões Globais que é a possibilidade de pés rapados poderem ser donos de veículos de comunicação, certo? Porque uma pessoa que não tem dinheiro algum como você provavelmente, tem uma rádio. Antigamente como era? Uma pessoa para ter uma rádio ou um jornal precisava ser rica, não é? E a gente não sabe onde isso vai dar. Como é que a gente sabe o que vai acontecer no futuro? Por que nós não podemos ser os grandes donos de veículos de comunicação do futuro sem dinheiro algum, só a vontade de compartilhar conhecimento e informação? Eu acho tempos fascinantes esses.

A necessidade de um novo marco regulatório da comunicação

Eu acho que desconcentrar a comunicação é fundamental. A gente não pode permitir que apenas, como o Lula costuma dizer e o Lula falou isso várias vezes, meia dúzia de famílias detenham toda a comunicação nesse país. Isso não é bacana, sob nenhuma óptica, e isso não existe em lugar nenhum do mundo isso é uma coisa brasileira, o Repórtes sem Fronteiras fez um relatório dizendo que nós temos 50 berlusconis no Brasil, ou seja pouquíssimos donos de comunicação dominam todo o negócio. Eu acho que o principal objetivo deverá ser evitar a propriedade cruzada. Eu acho fundamental que não esteja concentrado e mais concentrado ainda na mão de familias um negócio que poderia ser enorme. Mas eu acho também que vai depender das próprias pessoas, não vai depender do projeto. Então assim em outros países existem jornais com o perfil menos conservador e no Brasil só existem jornais conservadores, então o ideal seria que tivessem também meios de comunicação não conservadores no Brasil, né? Na França tem o Le Monde mas tem o Liberacion, aqui no Uruguai tem o jornal El Observador que é mais conservador mas tem o La Republica que é mais a esquerda. Então eu acho que não depende tanto de lei, eu acho que precisava ter um empresário mais interessado em investir em comunicação que fosse mais a esquerda ou a própria esquerda se juntar e fazer um meio de comunicação.

O papel de um novo marco regulatório e a vontade da mudança

De qualquer maneira nós temos as rádios públicas que são boas e eu não consigo entender como é que as pessoas ouvem rádio comercial porque eu acho elas uma porcaria, as músicas são ruins, a programação é ruim, então eu acho que tem que facilitar, a lei é feita pra isso, pra facilitar que as rádios comunitárias e as rádios dos sindicatos e as rádios ligadas aos movimentos sociais surjam, mas também existe a boa vontade. Agora na internet, o mais bacana é que você pode ter uma rádio on line e não precisar de toda essa estrutura, você não precisa pedir concessão pra ter uma rádio na internet.

A internet ainda está engatinhando

Tá começando ainda. A gente está engatinhando nesse mundo ainda, acho que ainda pode mudar muito. Por exemplo, um exemplo de humor, o Porta dos Fundos é um sucesso ele é tão visto como a Globo hoje em dia e ele tá na ineternet. Eu vi que tem videos deles que tem mais de seis milhões de pessoas que assistiram. Será que tem tudo isso de gente assistindo alguns programas humorísticos da Globo? Como dizem os espanhóis, ojo, cuidado, porque talvez a gente não saiba ainda o alcance do que vai ocorrer.

O Wikleaks e o jornalismo investigativo na era da internet

É interessante porque essas plataformas que surgiram de jornalismo investigativo elas foram abraçadas pelo jornalismo convencional. O Wykleaks as descobertas deles fizeram um acordo com o El País de divulgar com o El País com a Folha de São Paulo, mas mesmo que eles não quisessem divulgar nós saberíamos porque teria saído na internet hoje em dia é muito independente isso, é muito difícil uma pessoa não saber. Antigamente você poderia não ter acesso a uma notícia porque os grandes veículos boicotavam. Mas de certa maneira essa democratização da informação já existe um pouco através da internet, eu sou bastante otimista.

A propriedade cruzada da comunicação e os desafios da comunicação de esquerda

Uma coisa que me preocupa por exemplo é os mesmos donos de jornais serem as pessoas que estão dominando a internet no Brasil. Isso eu acho preocupante, agora que tipo de lei vai poder regular isso? A unica coisa que se pode fazer é concorrência a essas pessoas. Hoje você tem um portal que é o Portal mais visto do Brasil que é o UOL que eu abro o UOL e fico pensando meu Deus, eles ficam divulgando uns conteúdos imbecis para as pessoas. Porque estão preocupados em page views, né? Ou seja, você está pautando o novo jornalismo, entre aspas, pela quantidade de pessoas que acessam uma matéria que é a celebridade que foi pra praia. Você não vai se preocupar em oferecer coisas boas para as pessoas lerem porque você não vai ter acessos? Eu acho que a esquerda, a comunicação de esquerda deve ter, de não ter medo de não ter tantos likes no facebook, sabe? Eu coloco coisas no meu blog que me dão um puta trabalho e não são as mais lidas mas eu vou continuar colocando porque eu quero formar público, sabe? Eu quero que as pessoas percebam que algumas coisas são bacanas de serem lidas, não só os exercícios da bunda sarada de fulana que o UOL coloca on line, sabe? Eu acho preocupante isso daí, caras que ganharam anos dinheiro com o jornalismo impresso no papel são os mesmos caras que ganham dinheiro com a comunicação na internet, e não vai ser lei que vai mudar isso daí, precisa a gente fazer competição a essas pessoas, a esses portais. Não tem jeito. A gente não tem um portal grande hoje independente. Não tem. Poderia.

Eu acho que além da lei do marco regulatório que eu acho que precisa ser impedida a propriedade cruzada dos meios de comunicação é muito importante, é muito perigoso. Então agora, por exemplo, o que se fala, o Estadão, o jornal Estado de São Paulo demitiu vários jornalistas e o que se comenta no mercado é que o Estadão estaria sendo saneado para ser vendido para o jornal O Globo. Ou seja, as organizações Globo, que já contém a rede Globo, o jornal o Globo, no Rio de Janeiro, pode passar a ter também parte do jornalismo de São Paulo. Não pode. Tá errado isso daí. Aí tem que entrar o CAD, que é aquele órgão regulador pra dizer assim olha só, dessa maneira não pode. Então eu acho que o marco regulatório deve ser principalmente para desconcentrar e impedir isso, que essas famílias continuem dominando o mercado. Eu acho que a parte disso daí a gente precisa fazer concorrẽncia aos grandes meios, sabe? Não é lei nenhuma que vai fazer isso daí.

Sobre o blog Socialista Morena

Eu faço reportagens na Carta Capital e ocasionalmente eu publicava artigos opinativos no site da revista. Só que chegou uma hora que eu fiquei com vontade de ter um espaço meu pra eu colocar também algumas coisas que eu fui vendo na vida e queria compartilhar com as pessoas mais jovens. Eu quero ser uma boa influência não muito ortodoxa, minha influência será heterodoxa, porque eu não sou conservadora, mas eu quero ser uma boa influência nesse sentido. Então eu quis abrir um espaço meu, que eu pudesse colocar coisas que eu conheço e vivi e li e compartilhar, porque se você for lá no blog uma das primeiras postagens é sobre o muquiranismo do conhecimento, porque tem gente que tem conhecimento e quer guardar pra si como se fosse o Tio Patinhas com as moedas dele, sabe? Eu tenho o meu conhecimento que eu adquiri na vida, às minhas custas e quero compartilhar com as pessoas. Então o blog tá lá pra isso, pra compartilhar conhecimento, pra ser uma boa influência para os jovens e pra provar que na internet tem bom conteúdo, e pode ter bom conteúdo e as pessoas também gostam de ter bom conteúdo, não gostam só de porcaria como os grandes portais pensam não.

Juventude e internet

Eu digo pra você que eu tenho um retorno muito gratificante com o blog. O blog chama Socialista Morena por que ele é inspirado numa ideia de Darcy Ribeiro de que poderia existir um socialismo no Brasil à brasileira. Aí as pessoas me perguntam, ah mas e a Coréia do Norte? Não tem nada a ver com a Coréia do Norte, é socialismo moreno, seria uma ideia de socialismo brasileiro, nós somos morenos, somos um país mestiço, misturado, olha aqui, você loiro, ela negra, ele mais clarinho, então o socialismo moreno pensa nisso. Então me avisaram que ia sair um documentário da TV Senado sobre a vida do Darcy Ribeiro e eu coloquei no blog a chamado pro Programa, era só isso que eu tinha porque eu não tinha ainda o vídeo completo, tem uma seção no meu blog chamada Cine Morena que eu compartilho vídeos, mas nesse caso eu só tinha a chamada mesmo. E aí no Domingo a noite muita gente assistiu o dcumentario da TV Senado. Inclusive a Folha de São Paulo procurou eles depois pra fazer uma matéria, acho que eu nunca tinha visto algum veículo interessado por algum documentário lançado pela TV Senado. E uma das pessoas que viram naquela noite enviou a seguinte mensagem pra mim, e era um jovem, um menino: Cynara, eu nunca tinha ouvido falar no Darcy Ribeiro. A partir de agora, ele é meu norte. Olha que influência bacana, porque Darcy é uma figura linda. Ele criou a Universidade de Brasília, ele criou os CIEPs, e é uma pessoa que hoje infelizmente os jovens desconhecem. Então o meu retorno que eu tenho lá é gratificante, eu acho que tem muito jovem interessado que ta afim de coisas boas e infelizmente, assim como as televisões não oferecem conteúdo bom, a internet dominada por esses portais, também ta oferecendo conteúdo fraco.

Desafios para o contraponto com os portais tradicionais

O desafio na internet é justamente esse, é você oferecer boas coisas para as pessoas lerem, porque a comunicação na internet ela não é só visual ela é escrita. Então a gente tem que oferecer bons conteúdos pras pessoas, pra elas não ficarem presas a só fatos de celebridade. Às vezes eu fico olhando ali no Portal UOL e fico abismada com as reportagens mais lidas, que são sobre os exercícios para deixar a bunda de fulana mais dura. Gente, nós somos jornalistas né? Nós temos obrigação de oferecer coisas melhores para o nosso público, eu acho que a gente tem que fugir do page view, da audiência, porque foi isso que fez a televisão ficar ruim e fazer uma coisa diferente. Agora, eu acho que a gente só vai fazer diferente quando a esquerda mesmo se propor a fazer um portal informativo. Porque hoje a gente tem um bom site que é o Portal da Carta, que a gente sempre está propondo e colocando conteúdos bacanas, mas é uma revista né, não é um portal. Nós temos que ter um Portal, com e-mail do Portal, com tudo, com uma estrutura boa, com repórteres do Portal, pra gente competir com essa grande mídia que está tomando conta da internet.

O ativismo na internet

Eu acho que ainda tá começando. Tem gente que fala que tem os sofativistas que não vão pra lugar nenhum, que as pessoas ficam em casa se indignando, xingando muito no twitter. Eu sou mais otimista, a indignação é boa. Então as pessoas estão lá demonstrando sua indignação na internet já é ótimo, porque demonstra que as pessoas estão preocupadas e quem sabe se for preciso uma hora ir pra rua se manifestar.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

first
  
last
 
 
start
stop

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.