Foto do Senado Federal (CC by/2.0)
No atual momento de polarização política e de ameaça de golpe de Estado no país, é estranho que um nome indicado pelo governo do PT ao Supremo Tribunal Federal consiga aprovação quase que por consenso. Alguns setores da direita ainda fazem uma campanha contra o indicado, mas o nome de Luiz Edson Fachin foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça por 20 votos contra 7, na semana passada no Senado.
A principal defesa dos petistas ao sustentar o nome Fachin é o fato do jurista ter declarado voto em Dilma em 2010 e a oposição de parte do PSDB, das Organizações Globo, da revista Veja e de grupos de extrema-direita. Ignoram, no entanto, qual a razão de tantos membros do campo direitista terem defendido o jurista, como o senador Álvaro Dias (PSDB) e o governador do Paraná Beto Richa (PSDB). Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que procuraria articular apoio ao indicado de Dilma ao STF.
Mesmo juristas que são consultados pela oposição de direita ao governo para avaliar a viabilidade jurídica do pedido de impeachment, como o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Junior e o líder da Opus Dei, Ives Gandra Martins se declararam a favor do indicado ao STF.
Segundo o colunista d'O Globo, Merval Pereira, conhecido por suas posições direitistas e por ser um porta-voz oficioso da cúpula do PSDB, a esposa de Luiz Fachin, Rosana Amara Girard Fachin, é tucana.
Na sabatina, Fachin, com direito à condenação à ocupação de terras e ao aborto, deixou claro que seus posicionamentos políticos não são tão distantes desta direita que o apoia. O PT indicou outros ministros ao STF que se colocaram contra o partido, como o notório caso do ministro Joaquim Barbosa, cuja vaga será preenchida por Fachin.
Não seria de se estranhar que o futuro ministro, apontado como um "legalista", referende o golpe que está sendo armado pela direita, seja no julgamento da Operação Lava Jato, que logo chegará ao STF ou no julgamento de um pedido de impeachment. É de personagens como este que a história das revoluções e contrarrevoluções está cheia e foi, muitas vezes, em função de tais figuras que quando menos se espera, sob a cobertura do que parece um consenso, um bom acordo entre rivais e antagonistas, passa a prevalecer uma opinião, um programa, uma vontade: a da direita.