Foto de Sérgio F. Lima (CC by-nc-sa/2.0)
O Partido dos Trabalhadores parece estar longe de entender o que está em jogo na atual etapa política. Não vê, não quer ver, ou finge que não vê.
Para tirar essa conclusão basta ver como o governo e o partido decidiram "enfrentar" a ofensiva da direita. Decidiram jogar o jogo da direita, no terreno da burguesia com as armas dela.
Ao invés de investir na reação das massas, chamar o movimento operário, popular e estudantil a combater a direita, os conservadores, os golpistas, o PT aposta no acordo de bastidor, de tipo parlamentar, eleitoral. Acha que com discursos e propaganda vai conseguir desmobilizar a direita e inviabilizar o golpe. O que revela a total incompreensão/capitulação da sua direção diante da etapa política atual. O governo agoniza e o partido continua escolhendo manter a mesma política.
O golpe, é um ardil tramado por dentro do governo. Nas costas dos que pensam ser capaz de dominar a situação através de acordos e da conciliação. Essa via escolhida pelo PT já foi comprovadamente incapaz de combater a direita. Foi essa mesma cegueira/capitulação que possibilitou o golpe em outros eventos históricos. Vide Pinochet contra Allende, no Chile.
O PT é um partido da esquerda pequeno-burguesa oportunista. Moldou-se tanto que se adaptou ao regime por completo. No entanto, continua tento sua base de sustentação na classe operária, no movimento popular e sindical. Mas ao invés de mobilizar os trabalhadores, sua verdadeira base, chama-los às ruas para enfrentar os golpistas; prefere o bastidor e, o tapa nas costas, os jantares a portas fechadas.
O próprio PT está convencido da propaganda da imprensa capitalista de que "existe um descontentamento popular".
O PT já capitulou diante do programa do imperialismo para o País. Mas sua capacidade de colocar em prática esse programa é limitada. E nesse momento de intensificação da crise econômica, o capitalismo para sobreviver precisa de uma nova onda neoliberal. Um pacote de ajustes que o PT é incapaz de aplicar com toda a intensidade necessária. Nesse sentido o PT já não serve mais ao imperialismo como antes. Está sendo descartado para ser substituído por um partido/governo mais fiel, mais capaz de aplicar as medidas necessárias para enfrentar a crise.
Nesse sentido, o país passa por uma intensa polarização política. O que está em jogo são os direitos da população, a manutenção das riquezas nacionais. Já não se trata simplesmente de defender o governo do PT, mas de defender o patrimônio nacional, os direitos trabalhistas e as liberdades democráticas.
Porque o ajuste virá junto com leis reacionárias e um governo de cunho ditatorial. Se não for assim não será capaz de fazer valer seu propósito.
A classe trabalhadora no dia 13 de março e no último dia 15 de abril mostrou possibilidade de movimentação. Deu sinais de que, se provocada, convocada e mobiizada, pode ir às ruas em defesa dos seus interesses. Essa a tarefa da esquerda, chamar e organizar os trabalhadores às ruas, para combater a direita e o golpismo.