José Reinaldo de Lima, revelado pelo Atlético Mineiro nos anos 1970, tinha costume comemorar os seus gols com o punho erguido e fechado, em memória dos Panteras Negras e da luta do movimento negro nos EUA, que tinham essa mesma saudação, a saudação Black Power.
O mesmo pode ser visto na mais clássica foto dos Jogos Olímpicos de 1968, quando os vencedores (ouro e bronze) da corrida de 200 metros, Tommie Smith e John Carlos, fizeram o mesmo, ergueram os punhos cerrados no pódio, sendo expulsos dos Jogos Olímpicos imediatamente.
Obviamente esta comemoração, bem como suas posições contra da Ditadura Militar, deu motivo para Reinaldo não ter sido convocado mais vezes para atuar na Seleção Brasileira. Por conta disso, a ditadura esteve no encalço de Reinaldo, tendo barrado as tentativas de convocação do jogador, mesmo quando este estabelecia o recorde de 28 gols em 18 partidas pelo Brasileiro de 1977.
Em entrevista ao jornal Movimento, em 1977, Reinaldo defendeu eleições diretas, anistia aos exilados e pediu o fim do regime ditatorial, na reportagem chamada “Bom de Bola e Bom de Cuca”. “Resolvi falar porque achei que os jogadores também deveriam opinar. O futebol sempre era considerado o ópio do povo, um instrumento da ditadura. Falei para mostrar que não era bem assim”, disse o jogador em entrevista recente ao Correio Braziliense.
No primeiro jogo da Copa do Mundo na Argentina, Reinaldo fez o gol do empate em 1 x 1 com a Suécia e não resistiu: punho cerrado para o alto. Só fez mais um jogo, o 0 x 0 contra a Espanha na segunda rodada. “Depois disso, o almirante Heleno Nunes foi pessoalmente à Argentina me tirar do time”, afirma.
Depois de acumular dezenas de títulos e artilharias, pendurou as chuteiras ainda novo, com 31 anos, após várias lesões. Chegou a ser vereador pelo Partido dos Trabalhadores em Belo Horizonte e hoje trabalha como comentarista esportivo.