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aecioBrasil - Sustentabilidade e Democracia - [Sandro Ari Andrade de Miranda] Com a chegada repentina de Aécio Neves (foto) ao segundo turno das eleições presidenciais, mais uma página tenebrosa da intolerância da direita foi pintada hoje, segunda-feira, 06 de outubro de 2014, nas redes sociais. Grupos de jovens reacionários passaram o dia proferindo ofensas contra nordestinos, negros, gays e pobres, numa clara apologia à xenofobia e ao racismo.


O nível dos comentários é baixíssimo e não perdoaram ninguém. Nem os beneficiários do programa bolsa família, nem o ex-presidente Lula e, acreditem, nem a ex-candidata pelo PSB Marina Silva.

A crítica à Marina é particularmente abominável, pois uma seguidora de Aécio descontente com uma possível dúvida da ex-Senadora em dar apoio ao tucano no segundo turno, ofendeu a origem étnica da candidata, afirmando que os paulistas não dependeriam dela para derrotar o PT.

Por respeito aos leitores do artigo, não pretendo reproduzir as palavras de baixo calão utilizadas nas mensagens no twitter, no facebook ou em outras redes sociais. Mas apenas condenar esta prática absurda.

Embora já tenhamos realizadas diversas críticas políticas ao projeto defendido por Marina, especialmente a sua sedução pelo capital financeiro e o retrocesso programático em diversos pontos, como em relação à proteção ambiental, não temos dúvida em lhe prestar solidariedade e criticar a conduta abominável desses membros sem escrúpulos da classe média paulistana.

Mas as maiores vítimas das críticas racistas foram os nordestinos, os negros, os homossexuais, os pobres e os moradores da região norte do país. O leque de absurdos contem desde o uso indiscriminado de palavras de baixo calão até desenhos racistas que colocam Dilma e Lula "numa camionete cercada de burros e lixo". É algo lamentável, e absolutamente ofensivo aos mais básicos direitos e princípios que sustentam a dignidade da pessoa humana, inscritos na Carta Constitucional.

Ao ver as imagens lançadas pelos "jovens da classe média paulistana" lembrei dos desenhos realizados pelos seguidores de Hitler contra judeus, negros e ciganos durante um dos períodos mais tristes da história da humanidade. Não é inaceitável quem em pleno século XXI pessoas ainda sintam prazer em ofender a dignidade dos seus semelhantes.

É imperativa uma atuação direta da Polícia e do Ministério Público Federal para coibir o racismo e a xenofobia na internet, posto que estamos diante de crimes imprescritíveis contra a humanidade e contra a democracia.

Mas essa triste da segunda-feira não foi pintada apenas por imbecis anônimos, que saíram por aí destilando o fel do seu ódio contra a diferença. O próprio Jornal Folha de São Paulo fez uma ilação lamentável, ao afirmar que as pessoas que votaram no Partido dos Trabalhadores votaram pelo estômago. Ou seja, para a Folha, empresa jornalística que foi signatária da ditadura militar, não existe mérito político nas decisões dos eleitores do PT, mas apenas busca de subsistência.

Ao contrário de refutar o ódio proferido por reacionários e conservadores, a Folha de São Paulo ainda fomentou o discurso xenófobo.

Mas o pior ficou por conta de Fernando Henrique Cardoso, não pelo grau das ofensas, mas pela conduta condenável a uma figura política que já ocupou o mais alto cargo da nação.

Depois de ofender os aposentados ao chamá-los de vagabundos na década de noventa, FHC novamente apelou, ao afirmar que as pessoas que votaram no PT são das camadas mais pobres e menos informadas da população. O padrinho de Aécio Neves não vê mérito na diferença, desconsidera a capacidade de pensar das pessoas mais humildes e, ainda mais grave, o fato do reconhecimento pelos eleitores de Dilma e Lula que é possível que os indivíduos realizem escolhas racionais à partir da mudança do seu mundo de vida.

Com essa assertiva Fernando Henrique simplesmente confere mérito ao baixo nível de exercício político.

Talvez o príncipe dos sociólogos não consiga lembrar do período de falência econômica que o Brasil atravessou durante o seu mandato, nem dos constantes escândalos de corrupção eu seguem o PSDB desde a onda de privatizações na mesma década de noventa, inclusive o recente caso de Cartel no metrô de São Paulo. Cartel este que, para o recém eleito Senador Serra, é uma coisa comum.

O certo é que os apoiadores de Aécio já deram um sinal de como pretendem conduzir as eleições no segundo turno, numa linha muito próxima a baixaria posta em prática por José Serra nas eleições de 2010. Afinal de contas, não podemos esperar nada de pessoas que criam um escândalo por uma simples bolinha de papel! Menos ainda de um político que reiteradamente condena os próprios escritos.

Cabe à esquerda não entrar nesse jogo de ódio executado nesta triste segunda-feira pela classe média paulista, pela Folha de São Paulo e pelo Príncipe dos Sociólogos. O nosso campo sempre foi o da Democracia e da luta pelas igualdades e combates às diferenças.

A crítica é parte essencial da política, mas não possui nenhum mérito quando é levada para o campo da vida pessoal, do racismo, do sexismo e da xenofobia. A política sem crítica é letra morta. Mas a crítica sem ética é um crime contra todos aqueles que lutaram para que um dia pudéssemos exercer o nosso direito de voto, e as nossas liberdades de expressão e opinião.

Ao grandioso e nobre povo do Nordeste peço desculpas em nome de todos aqueles moradores do Sul e do Sudeste que reconhecem a importância da cultura nordestina para o desenvolvimento do país.

Sem os nordestinos não existiria a pujante economia paulista, nem a Capital Federal, nem haveria colonização no Rio Grande do Sul. Sem o Nordeste, o seu povo e a sua alegria, jamais poderíamos nos orgulhar da nossa brasilidade.


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