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iranIrão - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O que mostram as recentes negociações para chegar a um acordo sobre o programa nuclear do Irã? Por que há um esforço “enorme” da Administração Obama para conseguir o acordo? Qual é o verdadeiro significado desse acordo?


Aiatolá Khamenei representado em quadro na fachada da Embaixada dos EUA em Teerã. Foto: David Holt (CC BY-SA 2.0)

As negociações com o Irã, que estão acontecendo em Viena, Áustria, ultrapassaram a data limite (“dead line” em inglês, data da morte literalmente) de 30 de junho. Uma nova data limite foi estabelecida para o dia 7 de julho, com a perspectiva de submeter o acordo à aprovação do Congresso dos Estados Unidos no dia 9 de julho.

Esse acordo está sendo tentado há mais de dois anos, mas foi acelerado, neste ano, pela iniciativa da Administração Obama, que colocou o próprio John Kerry à frente da delegação e das ligações com os demais participantes, Rússia, Estados Unidos, França, Grã Bretanha, Alemanha e China.

Há problemas importantes para fechar o acordo que se relacionam com as contradições existentes entre o imperialismo e o Irã, em primeiro lugar. As contradições também existem com as demais potências regionais, como a Rússia, a China, a Turquia e, principalmente, a Arábia Saudita.

O aprofundamento da crise capitalista tende a acelerar as tendências desagregadoras, acordos e desacordos que anteriormente seriam impensáveis. E conforme a crise continua avançando e a situação se desestabilizando, o imperialismo tende a fortalecer a política de força, militarista e fascista.

O resultado das eleições presidenciais, que acontecerão nos Estados Unidos, no final do próximo ano, será um evento de importância fundamental, onde duas políticas serão colocadas.

Por que Obama busca (desesperadamente) o acordo com o Irã?

A desestabilização do Oriente Médio colocou em xeque a política aplicada pela Administração Obama, que encabeça a “direita tradicional” norte-americana, contra os setores de extrema-direita, principalmente os que se agrupam no Partido Republicano, dentro do “Tea Party”. A chamada “contrarrevolução democrática” teve a pá de cal com o golpe pinochetista no Egito, promovido pela obscurantista monarquia saudita, os sionistas israelenses e a ala direita do imperialismo norte-americano.

A crescente desestabilização do Oriente Médio colocou em xeque a política da Administração Obama, mas, ao mesmo tempo, a crise política dificultou a solução militar. Perante as eleições nacionais que acontecerão nos Estados Unidos no próximo ano, a ala direita ameaça controlar também o poder executivo, após já ter passado a controlar as duas câmaras do Congresso.

Nas eleições presidenciais anteriores, o candidato Republicano Mitt Romney levantou como proposta para superar a crise políticas abertamente de extrema-direita. Para “resolver” a crise com o Irã, a proposta era uma guerra contra ele, abrindo, inclusive, a possibilidade do ataque nuclear. Para “resolver” as contradições com a crise: guerra com a China. Para “resolver” a crise da Síria: envio de tropas. Para conter a crise econômica e a queda dos lucros dos monopólios: acabar com os programas sociais, aumentar os repasses de recursos para os capitalistas e apertar em muito maior escala os países atrasados, principalmente a América Latina.

A burguesia norte-americana não “comprou” a “solução” Rommey, que acabou sendo vencido por Obama. Mas agora, perante o avanço da crise e a perspectiva de um novo colapso de proporções ainda maiores que o de 2008, essa política voltou a ser colocada à ordem do dia. Obama, como representante de uma política “mais moderada” busca uma certa estabilização na região, ou, pelo menos, evitar uma maior desestabilização com o objetivo de evitar o colapso no Oriente Médio e, no curto prazo, apresentar algum mínimo sucesso como uma carta nas eleições. Com esse objetivo, a Administração Obama tenta estabelecer uma frente única, direcionada, em primeiro lugar, contra o Estado Islâmico, e da qual o Irã representa uma carta de primeira ordem, principalmente, por causa do controle das milícias xiitas no Iraque e da influência sobre o Hizbollah libanês.

As contradições com o regime dos aiatolás

Várias questões têm dificultado o acordo, apesar do enorme esforço da Administração Obama. O Irã rebaixou o percentual do enriquecimento do urânio e permitiu a retomada das inspeções pelas Nações Unidas, mas restam contradições críticas. O governo do Irã se opõe a visitas irrestritas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, inclusive relacionadas com o programa de mísseis balísticos, e exige o levantamento de todas as sanções, o que inclui o descongelamento de US$ 110 bilhões.

No dia 24 de junho, o parlamento do Irã aprovou uma lei que estabelece restrições muito estritas sobre as inspeções nas centrais nucleares. A equipe de negociação ficou proibida de incluir o acesso a locais militares e a áreas estratégicas para a segurança do país, mesmo não estando relacionadas ao programa nuclear. O acesso aos cientistas também não poderá ser negociado. A lei ainda precisa ser negociada pelo Conselho de Guardiões, que é ligado ao líder Supremo, Ali Khamenei.

O levantamento das sanções abriria o mercado iraniano aos monopólios, mas ao mesmo tempo, aceleraria a integração no chamado “Caminho da Seda”, promovido pelos chineses. O levantamento das sanções das Nações Unidas permitirá a imediata adesão à Organização de Cooperação de Xangai, liderada pela China e a Rússia.

A Arábia Saudita, os sionistas israelenses e a direita norte-americana se opõem ao acordo com o Irã, e procuram fortalecer a “saída” de força para a crise no Oriente Médio que inclui o enfraquecimento do Irã.


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