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dolarEstados Unidos - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] As agências de risco classificam a economia dos Estados Unidos com a nota máxima, AAA, apesar de encontrar-se próxima a um colapso de enormes proporções.


Foto: Pictures of Money (CC BY 2.0)

As dívidas pública e interna dos Estados Unidos somadas atingem mais de US$ 60 trilhões, que correspondem a mais de 400% da produção anual, que já é muito parasitária. O setor financeiro detém em torno de US$ 400 trilhões em papéis relacionados a derivativos financeiros. O crescimento econômico se encontra quase estagnado. Mais da metade da economia gira em torno ao complexo industrial militar. O parque industrial foi transferido para países onde a mão de obra é quase de graça. O principal produto das exportações é o papel moeda dólar, sem lastro produtivo, uma moeda semi fantasma.

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A inflação continua subindo; de acordo com as estatísticas oficiais seria inferior aos 3%, mas apenas aplicando os próprios critérios anteriores à Administração de Ronald Reagan sobe para os 12%. O desemprego supostamente teria sido reduzido para quase 5% da mão de obra, algo assim como pouco mais de oito milhões de trabalhadores desempregados. Na realidade, considerando os empregos parciais, os trabalhadores que tentam achar um emprego há vários meses (que não são contabilizados), os novos trabalhadores (que também não são contabilizados), e outras falsificações similares, o número supera facilmente os 20%. As pessoas que dependem dos programas públicos e não têm nenhum outro tipo de renda ultrapassaram os 60 milhões, e quase 50 milhões de pessoas comem porque recebem vale-alimentação do governo.

Como explicar que uma economia em alto grau de crise seja qualificada pelas agências de risco com a nota máxima? A resposta:

A "maquininha" de imprimir dólares a todo o vapor

Segundo os critérios das agências qualificadoras de risco, o grau de classificação representa um indicador sobre a capacidade de um país para pagar as dívidas. Quando um país declara uma suspensão de pagamentos é porque não pode obter as divisas necessárias para cobrir o serviço de sua dívida.

O governo norte-americano não necessita obter outras divisas; basta “imprimir” moeda. O risco de não pagar a dívida seria próximo a zero, pois mediante a emissão quase ilimitada de dólares, sem lastro produtivo, a dívida sempre será paga, mesmo que seja em termos nominais. Por esse motivo, qualificar a dívida norte-americana como AAA ou AA+ seria um exercício supérfluo e as agências classificadoras deveriam evitá-lo.

A rebaixamento da dívida pública dos Estados Unidos, que foi feita, há alguns anos, apenas pela S&P´s de AAA para AA-, levou à demissão do presidente da empresa e não se refletiu no aumento das taxas de juros, o encarecimento das dívidas das empresas e dos consumidores finais e a redução do crédito. Por trás da ação da S&P´s, estava a tentativa de apoiar os setores mais de direita no Congresso com o objetivo de pressionar o governo federal a cortar os investimentos sociais, principalmente em saúde (o Medicair), sem reduzir o orçamento militar e em segurança, alegação que a dívida não poderia ser controlada a médio prazo, devido à ameaça dos fundos de pensão, principais credores do Tesouro norte-americano, retirarem os investimentos, pois a regulamentação proíbe investimentos qualificados abaixo de AAA.

Essas argumentações revelam o caráter especulativo dessas agências. Nenhum governo pode imprimir infinitamente moeda, mesmo que o dólar tenha sido transformado em moeda mundial, devido principalmente ao domínio militar e aos “petrodólares” (o dólar é usado como moeda corrente para o grosso das transações com petróleo). O resultado será, inevitavelmente, a inflação, que, na evolução, tende a transformar-se em hiperinflação e está na base da desestabilização social.

Conforme a crise capitalista tem se aprofundado, grandes volumes de capitais especulativos têm migrado para o “porto seguro” dos títulos do governo norte-americano.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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