Dentre muitas pautas, a questão da violência contra a comunidade LGBT foi lembrada durante a 17ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, realizada em 2 de junho. Os números não deixam dúvida sobre a importância do tema. Segundo o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais de 2012, compilado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), 338 gays, travestis e lésbicas foram assassinados no ano passado em todo o país, tornando o Brasil o primeiro colocado no ranking mundial de assassinatos homofóbicos.
O último caso a ganhar repercussão foi a morte do cabeleireiro Luiz Antonio de Jesus, de 49 anos, encontrado desmaiado dentro de uma boate gay no Rio de Janeiro em maio. O laudo do Instituto Médico Legal apontou uma “ação contundente” na cabeça da vítima, o que reforça a hipótese de homicídio. A suspeita recai sobre os agentes de segurança da casa noturna que, no mesmo final de semana, foram denunciados por agressões e maus-tratos contra clientes. O presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), Fernando Quaresma, conta que a entidade recebe muitas denúncias de homofobia na cidade de São Paulo. Ainda que a incidência de crimes em São Paulo e outras capitais preocupe, é nos interiores que a homofobia se revela ainda mais forte. “Quanto mais você vai para os interiores do Brasil, mais se depara com a homofobia muito mais enraizada”, diz Quaresma. “Nos interiores esse tema é tabu”, completa.
Desde 2006, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que criminaliza a homofobia. Apoiado pelo movimento LGBT e diversas entidades populares, o projeto enfrenta resistência da bancada evangélica, que realiza manobras para impedir sua votação. Para Fernando Quaresma, é urgente a mobilização em torno do assunto. “São coisas que a gente vê acontecendo no dia a dia e não podemos compactuar e silenciar diante dessas situações”, afirma.
Somente em 2012, o serviço telefônico Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, recebeu 3017 denúncias de violência motivadas por homofobia.