O Tribunal Supremo (TS) de Chile anulou a sentença pela qual os activistas mapuches Daniel Levinao e Paulino Levipán tinham sido condenados a dez anos de prisão por tentativa de homicídio de vários carabineiros chilenos. Apesar isto, os dois homens continuarão a prisão porque não se lhes anulou a condena a 451 dias de reclusão por posse ilegal de armas de fogo.
Levinao e Levipán, juntamente com outros dois activistas mapuches que estão à espera de julgamento (Rodrigo Montoya e Erick Montoya), estão em greve de fome desde há quase dois meses em protesto contra a legislação chilena vigente: os seus processos fazem-se mediante o código da justiça militar, tal como prevê a Lei antiterrorista chilena, que data da época da ditadura de Augusto Pinochet. Os grevistas reclamam a derrogação da norma e ser julgados pelo procedimento civil, que tem como resultado penas de prisão mais curtas.
O movimento mapuche considera que o Chile mantém vigente a lei pinochetista como medida de repressão das ações dos ativistas indígenas.
Manifestação a favor dos presos
A decisão do TS produziu-se no mesmo dia que um milhar de manifestantes desfilaram pelas ruas de Temuco para mostrar a sua solidariedade com os grevistas mapuches e também com o werken (autoridade tradicional mapuche) de Temucuicui, Mijael Carbone, que também foi condenado por homicídio frustrado de carabineiros. Num comunicado, a Aliança Tradicional Mapuche, organização que convocou a marcha, diz que a greve de fome "é um fato dramático" que demonstra "um dos mecanismos da guerra encoberta que realiza o Estado chileno contra a nação mapuche".
O presidente de Chile, Sebastián Piñera, adoptou uma linha dura contra os activistas mapuches. Se há duas semanas qualificou os grevistas de "punhado de delinqüentes", segunda-feira reiterou que o Estado chileno "derrotará aqueles que acham que a violência é o caminho para reivindicar".
(Na imagem: manifestação de Temuco / Fotografa de MapuExpress.)