Uma das razões desse despertar das massas definitivamente é produto pelos novos ares que se respiram em todos os rincões do país em razão das Conversações de Paz em La Habana. A busca da Paz –palavra de ordem bandeira das FARC-EP- está intimamente relacionada com os que se chama Solução Política ao Conflito Interno Colombiano. Com isso queremos destacar que uma e outro não podem ser separados e são um todo dialético e dialógico.
Esse despertar do povo colombiano, vencendo anos e anos de Terrorismo de Estado, é uma parte da vitória do povo contra as políticas guerreiristas promovidas desde o Estado, por ordem do império estadunidense. Ao mesmo tempo, o povo conseguiu reconstruir seu tecido social –uma das metas do Terrorismo Estatal- e vemos organizações como a Marcha Patriótica, o ressurgir da UP [União Patriótica], assim como suas organizações sociais e sindicais, que nos fazem olhar com otimismo histórico o ano porvir.
É claro, então, que assim como as FARC-EP conteve e derrotou o Plano Colômbia –reafirmado pelo Informe da Fundação Paz e Reconciliação-, o povo desenvolveu sua própria linha de ação, conjugando-se com os guerrilheiros, já que ambos são povo, um armado e outro desarmado. O fato das Conversações em Havana nos mostra que o governo está ali obrigado, como o demonstra a suposta «neutralidade» de JMSantos com o procurador no fato da destituição do prefeito de Bogotá. E o estar obrigado torna-o uma parte indecisa, que dá guinadas para um ou outro lado, sem decidir-se totalmente pela Paz.
A Paz merece não as declarações copiadas do presidente JMSantos, mas sim uma decidida campanha para enfrentar aos «inimigos da Paz» que a cada momento estão atravessando como «vacas mortas» no caminho da Paz. Não se pode permitir que «os inimigos da Paz» façam tudo o que fizeram até culminar com a destituição do prefeito de Bogotá, a menos, claro, que se queira pescar em rio tempestuoso e irritar aos delegados das FARC-EP [coisa que nunca conseguirão].
O presidente JMSantos deveria aproveitar a despedida de fim de ano para reafirmar seu compromisso com a Paz de verdade, assim como as FARC-EP continuaram com seus gestos unilaterais de Paz com a declaratória de um novo cessar-fogo unilateral, o qual deverá desembocar num cessar-fogo bilateral como o povo reivindica, já que, afinal, são eles que põem os mortos na confrontação. Igualmente, deveria avaliar com pés de chumbo as mobilizações populares de 2013 que estão mostrando que o povo está farto das políticas econômico-militares promovidas desde a «Casa de Nariño».
Como sabemos que não se darão os pontos enunciados, em janeiro começam a abrir fogo as mobilizações pacíficas, desarmadas, cívicas, que, assim como em 2013 e nos tempos passados, são respondidas com repressão e mais repressão e descumprimento das promessas feitas para tratar de sufocar o incêndio do país, incêndio que corre por conta da oligarquia e do império.
Porém, nesta nova situação que estamos vivendo, neste fim de ano lhes enviamos desde Cambio Total um fraterno e revolucionário
abraço.
Tradução: Joaquim Lisboa Neto