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191213 maduro com a oposicomVenezuela - Opera Mundi - [Luciana Taddeo] Presidente manteve encontro com governadores e prefeitos de partidos da oposição no Palácio de Miraflores, em Caracas.


Os venezuelanos assistiram, na noite desta quarta-feira (18/12), uma cena imaginada por poucos há oito meses, quando a vitória de Nicolás Maduro por 1,5% dos votos na eleição presidencial não foi reconhecida pelo candidato opositor Henrique Capriles. Governadores e prefeitos da oposição, alguns deles com histórica trajetória antichavista, foram recebidos no palácio de Miraflores para uma reunião de quase cinco horas com o chefe de Estado venezuelano.

Transmitida ao vivo e sem cortes pela televisão estatal, que não costuma dar espaço a vozes críticas ao governo, os líderes opositores fizeram diversos questionamentos sobre a situação das administrações locais e reivindicaram recursos governamentais. Todos cantaram o hino nacional venezuelano acompanhados pela voz de Hugo Chávez, em uma versão utilizada em quase todos os atos governamentais desde a morte do líder. O diálogo, no entanto, manteve tom de cordialidade e contou com sorrisos e agradecimentos ao presidente pela iniciativa.

“Vocês têm sua posição política e eu respeito, respeito cada um de vocês em sua posição política, em sua postura ideológica”, disse Maduro, afirmando que o objetivo da reunião não era convencer os líderes opositores ideologicamente, mas que ambos os lados se escutem para “selar uma vontade coletiva de paz” e “abrir uma nova etapa” na vida política do país. O presidente venezuelano mostrou descontração, fez comentários bem humorados e anotou pontos de cada intervenção dos presentes, mas foi enfático, no entanto, em pedir que os opositores não tomem “atalhos fora da constituição”, como no golpe contra Chávez em 2002.

O grande ausente da reunião foi Capriles que, segundo a imprensa local, afirmou que recebeu uma chamada de convite para o evento, mas que não iria porque a reunião inicialmente foi planejada para prefeitos e que a instância que corresponde a governadores é o Conselho Federal de governo. A ausência foi criticada por líderes chavistas e até mesmo por apoiadores da oposição nas redes sociais. Durante a reunião, Capriles se manifestou no Twitter, afirmando que o país “clama” pelo diálogo e que a oposição se sentia representada pelos prefeitos presentes.

Primeiro a discursar, o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, afirmou que a oposição participava do evento sem intenção de duelar ou de responder a insultos, e que não levava “camisas de força ideológicas”. “Diálogo não significa claudicar com nossos princípios” expressou, dizendo que não quer converter a reunião em uma aula do verbo “reconhecer”, mas sim resolver a “crise de governabilidade” do país. “Para nos reconhecer temos que nos respeitar (...) eu me sentiria um farsante se viesse assumir aqui um discurso diferente do que defendemos na rua”, manifestou, afirmando que o canal estatal foi utilizado contra os opositores durante a campanha eleitoral.

Ledezma fez uma exigência de diversos opositores durante a reunião: que o governo chavista devolva as competências e os recursos às prefeituras, eliminando estruturas paralelas de gestão lideradas por seguidores do governo em localidades onde a oposição obteve triunfo eleitoral. Maduro, que ao final da reunião anunciou a criação de uma comissão para abordar as reivindicações feitas e os problemas apontados pelos opositores, afirmou que estas estruturas foram criadas como resultado de problemas de administrações locais, mas que está aberto à busca de “novas circunstâncias”.

“Vou lhe confessar que sentia temor em vir, porque não sabia o que ia encontrar. Mas com todo respeito, quero agradecer em nome da minha cidade, em nome do meu povo, o trato que nos deram”, disse Evelyn Trejo, prefeita de Maracaibo, capital do Estado petrolífero de Zulia, reeleita nas eleições municipais de 8 de dezembro. “Aplaudo essa convocatória, essa conversa. Sabe por que, presidente? Toda a Venezuela tem os olhos postos nessa reunião, tinha expectativa em saber o que aconteceria com os prefeitos e governadores de oposição”, continuou, ao iniciar sua intervenção.

Trejo manifestou desejo de trabalhar com o governo venezuelano para a resolução de problemas da capital que administra e afirmou que se dirigiu a Miraflores para reivindicar o que corresponde à sua cidade. “Se tenho que falar com o diabo, vou fazê-lo”, disse ela, provocando risos na sala, antes de se desculpar e afirmar que não se referia ao chefe de Estado. “Reitero que nós viemos muito assustados”.

“Não posso lhes pedir que não me subestimem ou que não me menosprezem, mas lhes peço me respeitem, que eu os respeitarei”, disse Maduro, que chegou a abraçar um líder opositor. Edgar José Miranda, prefeito de San Rafael de Onoto, município do estado de Portuguesa, solicitou o gesto como “símbolo da democracia e respeito às ideologias”. Maduro respondeu: “Quem me abraça, eu abraço. Quem quiser paz, terá paz e cada um com sua visão, e quando haja eleição, nos medimos”. Outro dos prefeitos, por sua vez, afirmou que é “muito belo” poder falar pela primeira vez com um presidente.

Um dos poucos momentos de tensão do encontro foi quando o prefeito de San Cristóbal do Estado de Táchira, Daniel Ceballos, fez comentários sobre os colombianos na fronteira com a Venezuela. O presidente classificou a declaração como “polêmica” e afirmou que a xenofobia foi promovida pelos opositores quando o acusaram de ter nascido no país vizinho. “Eu teria orgulho de ter nascido em Cúcuta ou em Bogotá. Nasci em Caracas e muito anti-colombianismo foi propagado e continua sendo”, disse o presidente venezuelano.

Maduro afirmou que o debate sobre temas nacionais com governantes opositores continuará, apesar das diferentes posturas ideológicas. “Acho que é um êxito para toda a Venezuela o fato de termos sentado cara a cara para conversar esta noite”, expressou, dizendo que a paz não significa a ausência de conflitos. “Interpretemos corretamente o que o país quer. Nós vamos continuar fazendo revolução, acreditamos no socialismo profundamente”, complementou ele, ao esclarecer que o governo não deixará de criticar, e pediu que os opositores fizessem o mesmo. “Com mais respeito”, complementou, após a intervenção de um dos presentes.


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