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290413 salvaamazoniaEquador - ADITAL - [Cristiano Morsolin] Em conferencia de imprensa, realizada nessa quarta-feira, 24 de abril, no Centro Pastoral Intipungo, no Puyo, Pastaza (Equador), o bispo de Riobamba e presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social (Cáritas Equador), Dom Julio Parrilla, indicou que "a voracidade de grupos, transnacionais e governos inescrupulosos ameaçam a natureza".


Isso aconteceu no marco do encontro de missionários que acontece desde o dia 22 de abril na capital de Pastaza. Na conversa com os meios de comunicação, o prelado enfatizou que "muitos ainda pensam que existe uma quantidade ilimitada de energia e de recursos utilizáveis, que sua regeneração imediata é possível e que os efeitos negativos de uma manipulação selvagem da natureza podem ser facilmente absorvidos"; porém, isso é totalmente falso. Agregou que essas ideias "não têm sua origem na ciência ou na tecnologia; mas, em uma ideologia tecnocrata a serviço dos interesses do mercado". A secularização também influi, "na medida em que o ser humano se distancia da transcendência de Deus" e "facilmente cai na tentação de pensar que tudo vale contanto que seus desejos e necessidades imediatas sejam satisfeitos".

Sobre os acontecimentos de ataque contra os povos indígenas não contatados, o bispo Jesús Sádaba, do Vicariato de Aguarico, manifestou sua preocupação de que as autoridades nada façam para esclarecer fatos que aconteceram na comunidade de Yarentaro, onde foram massacrados mais de 20 Taromenane. "Como é possível que somente ontem a Promotoria abra um expediente sobre esse caso que aconteceu há mais de um mês e onde foram raptadas duas meninas?", disse. O padre capuchinho José Miguel Goldaraz, mostrou sua indignação de que as investigações por parte da Promotoria não deem resultados. "Se é verdade que estão jogando comida dos aviões [aos povos indígenas não contatados], isso é um genocídio".

Nesse artigo, entrevistamos alguns missionários reunidos no I Encontro Pan-Amazônico da Igreja: Em defesa da vida, da identidade e dos direitos da Amazônia.

Corrado Dalmonego, missionário italiano, que trabalha no Brasil há 12 anos, contou que o principal problema que as mais de 200 nacionalidades indígenas que existe nesse país enfrentam é a mineração. "Lá, realizamos um trabalho duríssimo porque a selva amazônica brasileira é muito extensa. Vivemos com as comunidades; porém, é muito difícil entender suas necessidades e que eles entendam as do mundo ocidental", disse.

Para Mario Melo, advogado do povo Kichwa Sarayaku durante 12 anos, não há estratégias claras e nem monitoramentos de conflitividade por parte das autoridades para tratar temas de direitos dos povos indígenas. "O trabalho da Equipe do Plano de Medidas Cautelares diminuiu porque não pudemos evitar a violência entre clãs indígenas. Um deles é o caso da morte dos anciãos Huaorani e o massacre de Taromenane". Sobre o caso Sarayaku, contou que chegaram até a Corte Interamericana de Direitos Humanos, sendo emblemática na luta dos povos indígenas no Equador. Ao finalizar seu curso, indicou que se ressalta a necessidade de que todos esses esforços, aparentemente débeis, quando comparados aos enormes interesses econômicos em jogo, se articulem em uma rede bem coordenada e pan-amazônica.

Juan Bottaso, professor da Universidade Politécnica Salesiana, assinalou que podem ser feitas muitas coisas, "porém, uma das mais importantes é ajudar as pessoas a valorizar o que são; que recuperem o orgulho de ser indígenas". Por seu lado, Dom Julio Parrilla, bispo de Riobamba e presidente da Pastoral Social Cáritas Equador, destacou a importância de assumir a luta em defesa da Amazônia, atacando a raiz do problema, ligada a um extrativismo sem escrúpulos. Concluiu sua intervenção dizendo que "a extinção dos povos indígenas suporia uma profunda crise de nossa humanidade".

Para Maurício López, membro da Pastoral Social Cáritas (braço social da Igreja do Equador), através de sua REDE Amazônica da Zona oriente (vicariatos apostólicos de Sucumbíos, Aguarico, Puyo, Napo, Méndez e Zamora) se tem trabalhado durante cerca de dois anos em processos de diagnóstico territorial, articulação e projeção de um projeto comum que se iniciou com a formação especializada (mais aqui).

A Igreja pede que o 'sangramento da floresta' se detenha

A Igreja Católica que vive na Amazônia equatoriana denunciou, nessa quarta-feira, a "falta de investigação sobre as matanças dos povos não contatados". Bem como ressaltou "a ausência de um controle efetivo de armas e o fracasso das medidas cautelares adotadas para defender esses povos e buscar fórmulas de diálogo e convivência pacífica". Esses pontos constam no comunicado final do Encontro da Rede Eclesial Amazônica, que, entre o dia 22 e 26 reuniu a 146 católicos de 12 países em Puyo, Pastaza.

O documento está assinado por Dom Jesús Sádaba, bispo do Vicariato de Aguarico, e por Dom Julio Parrilla, bispo de Riobamba e presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social. Desde o dia 22, no marco do encontro, missionários expuseram o que acontece com a população Taromenane, grupo não contatado que habita nas imediações do Yasuní equatoriano e que se manteve longe do contato com a cosmovisão ocidental. No final de março, pelo menos 30 Taromanane haviam sido massacrados na selva de Orellana, tal como aconteceu em 2003, quando mulheres e crianças foram incineradas por um grupo Huaorani.

"Tanto a Constituição equatoriana quanto as políticas públicas e as normativas que vêm se desenvolvendo sob o amparo, constituem, em princípio, um marco favorável para promover a defesa da natureza e o bem viver da cidadania e dos povos", diz o comunicado da Igreja na Amazônia. "Constatamos, no entanto, que o ecossistema amazônico equatoriano, já muito debilitado, core um grave risco de deterioro irreversível como consequência dos novos projetos de produção petroleira e mineira. Isso tem graves consequências não só para o ecossistema, mas também para a vida dos povos amazônicos e suas culturas. Fatos como as recentes e trágicas mortes nas comunidades Huaorani e Taromenane, somadas a outras que vêm acontecendo, de camponeses e trabalhadores a mesma zona, nos indicam que os direitos, formalmente reconhecidos, não são suficientemente protegidos". "Não estamos sendo capazes de defender a vida dos povos não contatados e do que os rodeiam", enfatiza a representação da Igreja Católica na região amazônica equatoriana.

Os 146 católicos participantes no encontro acolheram o convite feito pelo papa Francisco "a ser custódias da natureza e de suas criaturas, e fazemos um chamado a buscar caminhos de convivência pacífica entre todos os povos e habitantes da Amazônia. Pedimos que se detenha esse sangramento na selva, ocasionado por pressões de todo tipo e por poderosos interesses para os quais os povos desprotegidos são meros obstáculos para o mal chamado desenvolvimento".

Cristiano Morsolin, operador de redes internacionais para a defesa dos direitos humanos na América Latina. Investigador da dívida social e externa; colabora com a Fundação "Giustizia e Solidarieta FGS"- Roma (expressão da Conferência Episcopal Italiana).


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