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juan-manuel-santos-alvaro-uribe-diferencias-640x280-arc-16012013Colômbia - ANNCOL - [Alberto Pinzón Sánchez] Sempre, ao fazermos a análise de classes na Colômbia, temos dito até o cansaço que, desde quando Francisco de Paula Santander tomou o poder em Bogotá junto com sua turma de conjurados conspiradores, recentemente morto nosso pai Libertador Bolívar, instaurou-se no país um regime de dominação, exploração e submissão violenta das demais classes subalternas, com a mantido sob o bipartidarismo sectário e agressivo de uma "oligarquia crioula", ou uma amálgama indissolúvel formada por latifundiários escravocratas de Popayan, Cartagena e do planalto condinamarco-boyacense, com financistas e exportadores de matérias primas e produtos agrícolas, primeiro para a Inglaterra e outros países europeus e, depois, quando em meados do século XX esta potência colonial foi substituída, para os EUA.


Esta classe de “crioulos privilegiados” (ricos nascidos na Colômbia) com sua antecipada e férrea aliança com o governo dos EUA, perdura até a atualidade. Quem tiver dúvidas pode consultar o texto clássico do historiador Álvaro Tirado Mejía: "Colombia Siglo y Medio de Bipartidismo", editado entre outras coisas pela Biblioteca da Presidência da República Ernesto Samper Pizano. Bogotá.1998.

 
Esta amálgama classista determinou objetivamente a "contradição essencial" ou como denominava Lênin: "o elo fundamental que permite agarrar os demais elos da cadeia de acontecimentos históricos" e, por esta razão, quando os primeiros marxistas colombianos pegaram teórica e praticamente este primeiro elo, puderam definir (também como propunha Lênin) "a tarefa fundamental" como uma tarefa anti-oligárquica e anti-imperialista que tornasse possíveis as mudanças essenciais que a sociedade colombiana hoje demanda e que até o momento têm sido postergadas. Nunca ninguém propôs às classes subalternas antagônicas ou Povo Trabalhador (segundo a categoria definida por Gramsci) "uma tarefa antielite e anti-império", e sim contra uma classe concreta definida histórica e universalmente e contra a política desse império Global que (também a partir de sua definição por Lênin) se chama imperialismo.
 
Com isso e seguindo o ensinamento (também de Lênin) de que "a arte de um político consiste em encontrar e agarrar com força o elo que menos possa ser arrancado de suas mãos, que seja o mais importante em um momento determinado e garanta o mais possível a quem o possua, apoderar-se da cadeia"; é que no momento presente, o elo atual constituído pelo Processo de Paz de Havana (http://pazfarc-ep.org/), permite-nos fazer uma análise de classe no interior do que está acontecendo nessa amálgama oligárquica dominante na Colômbia: a disputa por sua direção entre Uribe Vélez e o atual presidente JM Santos.
 
Partimos do fato comprovado de que o "Uribo-Santismo" é a máxima coagulação na esfera da ideologia neoliberal dominante que a oligarquia transnacionalizada conseguiu impor, paulatinamente, em todo o aparato Estatal da atual Colômbia, com seus esquadrões fascistas narco-paramilitares, a partir das últimas quatro décadas.
 
No entanto, o processo de Paz de Havana ou elo atual, gerado a partir da confluência de uma série de circunstâncias favoráveis internas: (não poder derrotar militarmente a insurgência guerrilheira), depois da ofensiva gigantesca militar-paramilitar do Plano Colômbia durante os 8 anos de Uribe Vélez, retomada da massiva Mobilização Social e Popular) e de circunstâncias internacionais: perda da hegemonia "unipolar" do imperialismo norte-americano, surgimento da Unasul e da CELAC, avanços nos processos democráticos e anti-imperialistas na Bolívia, Venezuela, Equador, Argentina, Uruguai, Brasil e outros), gerou-se uma diferenciação, realinhamento e pugna externa no interior da amálgama oligárquica, inconcebível até há apenas uns anos na Colômbia entre os que estão por destruir o processo de Paz de Havana, usando todas as formas de luta, e os que estamos a favor de sua completa culminação.
 
Mas há fatos políticos que estão exercendo um peso desmedido sobre o elo atual, com a finalidade de impedir que se possa agarrar o outro elo da cadeia: o das mudanças que a sociedade colombiana necessita e quer. Um, que a força social, política e militar representada por Uribe Vélez não foi derrotada. E dois, que JM Santos não se deu conta disso, e o que é pior ainda, anda com a pretensão parlamentarista de realizar uma "reforma presidencialista" na constituição vigente para equilibrar, através de leguleios e cooptações e sem a participação popular, os poderes que não pode controlar ou equilibrar nos seus quatro anos de governo anterior.
 
Uma reforma constitucional que pretende se antecipar ao referendo dos acordos a serem alcançados em Havana e, claro, atravessar pela verdadeira reforma da Constituição de 1991 que, "necessariamente" deverá se dar ao final do que for pactuado em Havana. Um reforma constitucional apresentada ao parlamento enquanto o chefe dos plenipotenciários do governo em Havana "engabela" a contraparte com a discussão sobre as intimidades da senhora Clara Rojas, com a finalidade de que não haja discussão aberta e democrática sobre a antiga e tão conhecida proposta insurgente de eleger democraticamente e através do sufrágio público o Procurador da República, o Defensor do Povo, as altas Cortes e, enfim, os que Santos suspeita que são fichas incondicionais de Uribe Véle e ainda não pode meter no bolso.
 
Santos ainda não conseguiu entender como se apresentar publicamente como partidário de uma feliz culminação do Processo de Paz de Havana com este tipo de "cachorradas" políticas e, além disso, pretender contribuir para a derrota definitiva de Uribe Vélez.
 
Tradução: Luiz Manuel Cano Prestes.

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