Os dois dirigentes partidários assumiram esta posição em declarações à imprensa no final de uma audiência com o chefe do executivo cabo-verdiano, José Maria Neves, em que a situação na Guiné-Bissau e a adesão da Guiné-Equatorial à CPLP foram o ponto-chave da agenda.
Tanto António Monteiro como Armindo Maurício advogam que no caso da Guiné-Equatorial os interesses do país devem ser colocados em primeiro lugar.
"Não é assumindo posições radicais que conseguiremos ajudar países ou pessoas", salientou o presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática, para quem o processo democrático que se está a desenvolver em Cabo Verde, enquanto membro da CPLP, pode ajudar a Guiné-Equatorial a encontrar a via da democracia.
Recordou que, neste momento, operam na Guiné-Equatorial algumas empresas nacionais, assim como um número razoável de trabalhadores cabo-verdianos.
Por sua vez, o secretário-geral do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde afirmou concordar com o apoio do país à adesão da Guiné-Equatorial, uma vez que este, além de ser um vizinho de Cabo Verde, dispõe de um conjunto de potencialidades que podem ser de interesses "estratégicos" para o arquipélago.
Relativamente à Guiné-Bissau, por razões históricas, António Monteiro não gostaria de ver um contingente militar a actuar nesse país.
No entanto, advogou que, numa missão de paz que pode ser boa para a Guiné, alguns oficiais podem participar, a fim de ajudar na construção de uma "paz duradoira" para aquele país.
"Pedimos ao senhor primeiro-ministro para que Cabo Verde tenha uma posição mais firme e forte e assuma o protagonismo neste processo", declarou António Monteiro, referindo-se à situação por que passa a Guiné-Bissau.
António Monteiro afirmou que entre a UCID e o Governo de José Maria Neves existe uma "coincidência feliz" em relação à questão país vizinho do arquipélago.
O líder dos democratas cristãos revelou que sugeriu ao primeiro-ministro no sentido de ter uma "posição preponderante" no apoio humanístico ao povo amigo da Guiné-Bissau e aos cabo-verdianos ali residentes.
Por sua vez, Armindo Maurício adiantou aos jornalistas que o seu partido condena de forma "firme" o golpe de Estado e defende a reposição da ordem democrática constitucional nesse país, bem como o respeito pelos direitos humanos.
"Manifestamos a nossa posição no sentido do não reconhecimento ou legitimação de órgãos ou personalidades saídos do golpe de Estado como forma de poder na Guiné-Bissau", assegurou Armindo Maurício.
Além dos representantes do PAICV e da UCID, o chefe do Governo recebeu ainda em audiência uma delegação do MpD (oposição) chefiada pelo seu vice-presidente, Jorge Santos.