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polskiPolónia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O salario mínimo na Polônia é de 1.750 zlotys mensais, ou um pouco mais que 400 euros. Mas em cidades como Gdansk é muito difícil ter um salario superior aos 2.000 ou 2.500 zlotys. Ou seja, algo assim como três a quatro vezes mais baixos que os salários na Alemanha.


A Polônia é o país da UE que conta com o maior número de contratos de trabalho temporários. Foto: J.A.G.A. (CC BY-NC-ND 2.0)

A nova Índia europeia ou o paraíso das terceirizações?

A terceirização tem se tornado um dos componentes fundamentais da economia da Polônia. A tendência tem se fortalecido nas cidades menores, onde o custo da mão de obra é ainda menor.

A Polônia é o país da União Europeia que conta com o maior número de contratos de trabalho temporários, quase o dobro da média, que é de 15%. O número tem aumentado em cinco vezes desde o início da década passada. Um quinto da força de trabalho é composta por "trabalhadores autônomos", que não contam com qualquer tipo de acesso aos direitos trabalhistas.

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A Polônia tem se transformado na nova Índia da Europa, recebendo um número crescente de centros de outsourcing. A movimentação tem muita similaridade com a que aconteceu na Irlanda, na década de 1990, e que levou à implosão do país em 2008.

Uma das frases que mais se vê na imprensa especializada é que a Polônia permite cortar os custos das empresas, sem cortar o nível da especialização e mantendo a proximidade dos escritórios na Europa. O uso da regulamentação da União Europeia e a menor distância dos centros europeus são outras grandes vantagens.

As universidades polonesas se encontram entre as mais qualificadas do mundo e os poloneses podem falar as principais línguas europeias. Fatores culturais também ajudam no aumento da exploração da mão de obra. Por exemplo, os trabalhadores da Europa Oriental procuram resolver os problemas e até buscam caminhos alternativos quando um problema surge, enquanto os asiáticos trabalham seguindo um guia específico. E quando algo sai do "script" simplesmente param.

A Polônia já representa o terceiro maior mercado de terceirizações, apenas atrás da Índia e da China, e na frente do Brasil e das Filipinas.

O salario mínimo na Polônia é de 1.750 zlotys mensais, ou um pouco mais que 400 euros. Mas em cidades como Gdansk é muito difícil ter um salario superior aos 2.000 ou 2.500 zlotys. Ou seja, algo assim como três a quatro vezes mais baixos que os salários na Alemanha.

Polônia: orientada aos lucros... dos monopólios

O chamado corredor do Báltico se compõe de três cidades, Gdansk, Gdynia e Sopot. A agência Reuters, por exemplo, tem um importante centro em Gdynia.

Gdansk, o porto do Mar Báltico onde nasceu o sindicato Solidariedade, que conta com apenas meio milhão de habitantes, encabeça o destino onde têm se instalado os monopólios. O Deutsche Bank, o State Street e a Toshiba abrirão cinco mil novas vagas na região até o próximo ano. As alemãs Bayer e ThyssenKrupp, a Arla da Dinamarca, a Wipro da Índia, a Staples dos Estados Unidos e a PwC da Inglaterra estão abrindo três mil novas vagas. As terceirizações já representam a terceira parte das receitas da prefeitura local. A Lufthansa, a principal linha aérea da Alemanha, tem um dos centros de informática principais instalados em Gdansk.

A Universidade de Gdansk está localizada a poucos metros do centro da cidade e também dos escritórios da grande maioria dessas empresas. Ao mesmo tempo, a cidade tem se tornado um dos maiores centros da especulação imobiliária no país em relação à população. O número de escritórios tem dobrado desde 2008. Nada menos que 40 dos 47 novos prédios em construção serão destinados a empresas de outsourcing.

Em Cracóvia, o centro cultural da Polônia e a segunda maior cidade do país, há 35 mil pessoas trabalhando em 90 centros de outsourcing. A Shell roda mais de US$ 1 trilhão em transações por ano, num desses centros.

Lodz, outrora um grande centro têxtil localizado no centro da Polônia, agora tem a sede da Accenture, da HP e até da indiana Infosys, com milhares de empregados. A Infosys sozinha emprega 2.500 pessoas no país.

A Procter & Gamble controla toda a logística e rede de fornecedores para a Europa desde Varsóvia, que também é a base das operações antilavagem do Citi Group.

Em Wroclaw (ou Breslávia, em português), que está localizada a apenas alguns quilômetros da fronteira com a República Tcheca, se encontra em fase de finalização o prédio de escritórios Dominikanski, um dos maiores do país. Somente a HP ficará com 85% do espaço disponível para ampliar as operações de terceirização que hoje já empregam mais de 4.000 pessoas.

A Google abrirá um centro em Varsóvia ou em Cracóvia.

Mais de 150 mil pessoas trabalham para o setor financeiro, logística e vendas. Credit Suisse, UBS e BNY Mellon abrirão três mil novas vagas neste ano, quando está previsto que o número total de tercerizados trabalhando nesses centros passe para 170 mil. O crescimento tem sido de 20% ao ano.

Alejandro Acosta está atualmente na Rússia acompanhando os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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