Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia, discursa em seção conjunta do Congresso dos EUA, em setembro de 2014. Foto: Heather Reed (CC BY-NC-ND 2.0)
O que busca a extrema-direita na Ucrânia?
A eleição de Andrzej Duda pode representar o aumento das contradições com a Alemanha. Um distanciamento das relações desenvolvidas pelo ex-primeiro-ministro Donald Tusk e, ao mesmo tempo, uma aproximação com os Estados Unidos, em primeiro lugar, com o Partido Republicano, que já domina as duas Câmaras do Congresso e que, provavelmente, vencerá as próximas eleições presidenciais, que serão realizadas em 2016.
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Mas a extrema-direita não controla o governo. Para isso, precisará vencer as eleições parlamentares programadas para o final deste ano. Será o confronto de duas políticas, que têm por trás setores diferenciados do imperialismo. Por um lado, a política predominante da União Europeia e da Administração Obama busca o acordo com a Rússia, a distensão e o "favorecimento dos negócios".
Por outro lado, a extrema-direita busca uma saída militar para o conflito. E não somente para o conflito na Ucrânia, mas para a crise no geral. Essa política representa o aumento do escoamento da produção de armas e o sufocamento pela força das tendências à insurreição das massas, que estão sendo atingidas, cada vez mais pelo aprofundamento da crise. Qual política irá se impor é uma das questões. Mas a questão mais importante é até que ponto a política vencedora conseguirá estabilizar a crise.
Para o próximo ano, está previsto um colapso econômico de larguíssimas proporções. Muito maior que o de 2008. Segundo o economista norte-americano Nouriel Roubini, que, em 2006, tinha previsto, em detalhes, a crise de 2008, neste ano predominará a aparência de uma certa abundância, por causa do aumento do crédito, impulsionado pelos enormes volumes de capital fictício repassados pelos bancos centrais aos monopólios. Em 2016, a mãe de todas as bolhas deverá implodir a economia mundial. Sobre esta base, e com a crise tendo atingido o coração do capitalismo mundial, o descontentamento social e uma nova onda de ascensão da classe operária são inevitáveis.
A Ucrânia se encontra na linha de frente da crise política mundial, da mesma maneira que acontece com a Grécia e o Oriente Médio. Mas a Ucrânia se encontra localizada nas barbas do coração do capitalismo europeu. O potencial de contágio é gigantesco.
Alejandro Acosta está atualmente na Rússia acompanhando os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.