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jinpingChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A política militar da China e da Rússia.


Avança a colaboração militar da Rússia com a China, principalmente no setor de mísseis, navios de guerra, helicópteros, aviões e maquinário bélico básico. Foto: Wikimedia Commons

A política militar da China, recentemente, foi reformulada. Passou da chamada contenção e proibição de acesso à fronteiras, aplicando zonas de controles, para a possibilidade de agir de maneira ofensiva, além das fronteiras. Trata-se da continuidade, por meios militares, da política econômica do Novo Caminho da Seda.

A chamada A2/C2, conforme a política anterior foi batizada pelos estrategistas norte-americanos, foi elaborada entre 1995 e 1996, quando a Marinha dos Estados Unidos entrou no Estreito de Taiwan sem que os chineses conseguissem esboçar uma reação.

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Devido à defasagem tecnológica, a China passou a concentrar as forças na proteção de uma zona de exclusão nas fronteiras. Por esse motivo, o grosso dos recursos militares foi direcionado para o desenvolvimento de mísseis e para modernização do Exército.

A mudança da política militar chinesa representa uma resposta à nova política do Pentágono para a região Pacífico da Ásia. Devido à redução do orçamento, os Estados Unidos têm incentivado os conflitos regionais, dentro da conhecida política do “divide e vencerás”. O Japão está sendo incentivado a se rearmar e a coordenar a ação de vários países da região, como as Filipinas, a Malásia e a Indonésia, sob o guarda-chuvas dos norte-americanos. Mas, o Japão tem retomado a clássica política militarista, como o principal mecanismo para “conter” a crise capitalista. A evolução da crise capitalista deverá conduzir, inevitavelmente, ao aumento das contradições interimperialistas.

A aproximação da China com a Rússia

Na região Pacífico da Ásia, a China busca conter o aumento da agressividade do imperialismo norte-americano, que direcionou para essa região nada menos que a metade do orçamento do Pentágono. Um componente desta política é o enfraquecimento do gargalo do Estreito de Malaca, por onde circula 80% do petróleo e 30% do gás consumido na China. Trata-se da política que foi batizada como o Novo Caminho da Seda.

O governo chinês passou a controlar o porto paquistanês de Gwadar, nas barbas do Estreito de Ormuz (por onde trafega 30% do petróleo mundial) e da VI Frota norte-americana, estacionada no Catar. Foram assinados contratos com o Paquistão por mais de US$ 80 bilhões com o objetivo de construir um corredor energético desde Gwadar até o ocidente da China.

O governo de Vladimir Putin, em 2012, lançou um plano com o objetivo de priorizar o desenvolvimento, produção e exportação de armas, perante o aprofundamento da crise capitalista. A mesma política está sendo aplicada pela China e as principais potências imperialistas e regionais. Em dezembro de 2014, o próprio Putin anunciou uma nova atualização da política militar para a Rússia. O foco é defensivo, mas a ênfase no desenvolvimento tecnológico e na eficiência foi reforçada, no qual há plena coincidência com a política militar chinesa. Não por acaso. o anúncio aconteceu quando o país enfrenta forte deterioração da economia.

No dia 8 de maio deste ano, foram demitidos 20 generais russos com o objetivo de reforçar a nova política militar. Durante o desfile militar do dia 3 de setembro, o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou a redução do Exército em 300 mil soldados, após terem sido afastados vários generais acusados de corrupção.

Ambos países, como parte da nova doutrina militar e da otimização dos gastos, estão abandonando grande parte dos setores da indústria militar. A competitividade se tornou um dos componentes principais da nova política. Os projetos militares estão sendo revisados para focar os que têm o maior potencial produtivo, tanto em relação à eficiência operacional como na disputa do mercado mundial de armas. O Exército chinês desmobilizará 300 mil soldados de um total de 2,3 milhões.

Avança a colaboração militar da Rússia com a China, principalmente no setor de mísseis, navios de guerra, helicópteros, aviões e maquinário bélico básico. Enquanto a Rússia tem uma experiência superior em mísseis e ogivas nucleares, a China fornecerá peças para navios, que eram produzidas na Ucrânia, tecnologia satelital, além do tão necessitado financiamento para fechar o rombo no orçamento. Os mísseis S-400 foram fornecidos aos chineses e, é provável, que, no próximo período, também lhes seja repassada tecnologia relacionada com os S-500, com os quais a Rússia está blindando o espaço aéreo.

O aumento das contradições com o imperialismo norte-americano

O aumento da pressão do imperialismo norte-americano por meio de vários mecanismos tem levado à aproximação da China com a Rússia, e deixado para trás, em boa medida, contradições acumuladas durantes várias décadas.

A política militar da Rússia identifica claramente como os dois principais inimigos os Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). São os mesmos inimigos da China, aos que se somam a VII Frota, que atua na região Pacífico da Ásia, e os aliados na região, apesar de ainda não terem sido mencionados de maneira implícita.

A política do imperialismo norte-americano busca neutralizar a Rússia por meio da Alemanha, e a China por meio do Japão, apesar de que tanto a Alemanha como o Japão têm interesse em se aproximar com as potências regionais, independentemente das contradições. Para a burguesia, tudo são oportunidades de negócio que, no cenário atual de aprofundamento da crise capitalista, não podem ser desperdiçadas.

A partir do colapso capitalista de 2008, as tendências centrípetas se aceleraram. A Rússia foi a primeira potência regional, do primeiro time, a se contrapor abertamente ao bloco imperialista estabelecido com a implementação das políticas neoliberais: invasão militar da Geórgia, avanço sobre os países da antiga União Soviética e inclusive da Europa, como a Grécia, a Hungria e Chipre. Os chineses têm caminhado no mesmo sentido.

Na década passada, enquanto os Estados Unidos se empantanavam nas guerras do Iraque e do Afeganistão, a China aumentou a penetração na África e na Ásia.

Com o lançamento do chamado “Novo Caminho da Seda”, no final de 2013, pela China, e o fortalecimento da aliança China-Rússia, um novo bloco passou a ameaçar o bloco hegemônico. O novo bloco avança, de maneira muito contraditória, em direção à incorporação da Alemanha e da França. Várias organizações, que confrontam as políticas hegemônicas dos Estados Unidos, têm sido criadas. A OCX (Organização de Cooperação de Xangai) é controlada pela China e a Rússia e inclui países como a Índia, o Paquistão e o Irã. Os bancos dos BRICS e de Investimento em Infraestrutura da Ásia foram criados, e passaram a funcionar, por fora do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional). Várias políticas confrontam diretamente a ditadura do dólar, como, por exemplo, a priorização das transações comerciais em moedas locais, da qual participam até aliados próximos dos Estados Unidos, como a Arábia Saudita.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoa.


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