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marchinaChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Mar da China: em direção à Terceira Guerra Mundial?


Exercício militar conjunto entre as marinhas dos EUA e do Japão no Mar da China Oriental. Foto: Jennifer A. Villalovos/U.S. Navy (CC BY-NC 2.0)

O Mar da China representa um dos três principais pontos onde poderia estourar a Terceira Guerra Mundial, junto com a Ucrânia e o Oriente Médio.

O imperialismo norte-americano tem direcionado para a região a metade do orçamento do Pentágono com o objetivo de conter a expansão dos chineses. Além da presença militar direta, tem inundado a região de bases militares e aumentado a rede de acordos com vários países, exacerbando as contradições com os chineses.

No final do mês de junho, a marinha das Filipinas realizou manobras junto com o Japão, após o presidente Benigno Aquino ter visitado Tóquio e assinado um acordo para a compra de vários navios e equipamento militar. Em contrapartida, os japoneses poderão usar as bases nas Filipinas. Trata-se da segunda vez, após o término da Segunda Guerra Mundial, que um fato desta ordem acontece promovido pelo Japão. Um acordo similar já existe com os Estados Unidos. E um acordo similar o Japão assinou com a Indonésia, além de ter realizado manobras navais conjuntas com o Vietnã e ter assinado um acordo de transferência de tecnologia militar com a Malásia.

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A recente abolição do artigo 9 da Constituição de 1947 permitiu que o Japão passe a transformar as chamadas Forças de Autodefesa num exército regular.

Após o colapso capitalista de 2008 e do desastre de Fucuxima, a economia japonesa tem enfrentado a recessão. A burguesia imperialista, com o objetivo de conter a queda dos lucros, tem transferido plantas industriais para os países onde o custo da mão de obra é mais barato, em primeiro lugar, as Filipinas, a Malásia e a Indonésia. Com o objetivo de distanciar as Filipinas dos chineses, está sendo negociado um pacote para investimentos em infraestrutura por US$ 110 bilhões.

O desenvolvimento da indústria militar japonesa busca entrar com força no mercado de armas, e tem como ponto de partida os países da região. Essa política conduz, como tendência, ao aumento das contradições com os chineses e com o próprio imperialismo norte-americano, e vai acompanhada da imposição de medidas mais duras contra os trabalhadores japoneses. O aumento dos impostos tem provocado fortes protestos desde 2009. A partir das eleições realizadas no final de 2012, a direita tem se fortalecido, e a extrema-direita começou a levantar a cabeça sobre a base do apoio dos monopólios. Em 2012, o Partido da Restauração, de extrema-direita, conseguiu passar de zero deputados para mais de 30 e marcou a pauta eleitoral. O governo direitista de Shinzo Abe conta agora com maioria parlamentar e, em várias ocasiões, atua sobre a pressão da extrema-direita da mesma maneira que acontece, nos Estados Unidos, com o Partido Republicano em relação ao Tea Party.

A nova política dos EUA para a Ásia (Pacífico)

A nova política dos Estados Unidos para a região Pacífico da Ásia representa uma mudança em relação à política aplicada desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Se trata de uma política de crise, pautada pelo aprofundamento da crise capitalista mundial e a redução dos recursos.

A aliança entre os países aliados era limitada ao mínimo enquanto se fortaleciam os acordos bilaterais. Somente no Japão e na Coreia do Sul, ainda estão estacionados quase 100 mil soldados norte-americanos.

As alianças regionais têm sido impulsionadas com o objetivo de fortalecer o controle dos países da região por meio de mecanismos mais flexíveis e mais baratos. Este é o caso da chamada Parceria do Pacífico, a TPP, por exemplo, e do novo papel do Japão na região.

Conforme o aprofundamento da crise capitalista tem impactado o orçamento norte-americano e levado ao enfraquecimento dos controles, as potências regionais têm se fortalecido e criado organizações que têm saído do controle do imperialismo. Este é o caso da OCX (Organização de Cooperação de Xangai) e dos bancos dos BRICS e de Infraestrutura da Ásia por exemplo.

O Japão passou a ser impulsionado como uma espécie de proxy da política militar dos Estados Unidos. Mas, o desenvolvimento da crise conduz, inevitavelmente, à política do “salve-se quem puder”, o que implica na tendência ao acirramento das contradições e ao enfraquecimento da frente única por meio da qual o imperialismo norte-americano tem controlado o mundo a partir de 1945.

As ilhas chinesas no Mar da China

A política chinesa para enfrentar a agressividade imperialista é fundamentalmente defensiva, principalmente levando em conta a desvantagem em tecnologia militar, que fica muito clara quando se avaliam os porta-aviões e os submarinos norte-americanos. Somando os fatores políticos e econômicos, a capacidade de expansão da China é bastante limitada na situação política atual.

As ilhas artificiais que os chineses têm construído no Mar da China, como nos arquipélagos de Spratleys e Paracels, fazem parte da política defensiva. A China busca estabelecer o controle sobre a maior parte do Mar Meridional da China, pois se trata de um dos principais calcanhares de Aquiles, junto com o Estreito de Malaca.

O Estreito de Malaca se encontra localizado entre a Malásia e a Indonésia. Trata-se de uma faixa com apenas 30 quilômetros de largura que é controlada pela marinha norte-americana. Por ele circulam 80% do petróleo que hoje a China consome e 30% do gás.

Os países do Sudeste Asiático têm aumentado as contradições com a China na região, impulsionados pelo imperialismo norte-americano. O Vietnã controla dois atóis em Spratleys. O acordo dos Estados Unidos com as Filipinas inclui o uso de sete bases; na base de Carlito Cunanan, se encontra o coração da atuação na China Meridional. A Sétima Frota atua no Mar da China Oriental e também entre os oceanos Pacífico e Índico.

As ações dos chineses têm como objetivo conter a pressão do imperialismo contra a “proteção” da “liberdade de navegação”. Entre elas estão o Novo Caminho da Seda, o Novo Banco dos BRICS e o Banco Asiático de Investimentos de Infraestrutura, do qual participam a Alemanha, a França, a Itália e a Inglaterra.

O Japão é uma das duas principais potências imperialistas industriais junto com a Alemanha. A necessidade de garantir o suprimento de matérias primas o posiciona como um concorrente estratégico tanto da China como dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a contenção do Japão faz parte da política norte-americana do controle da Costa Oeste.

O Plano Marshall recolocou em pé o imperialismo europeu e japonês devido à necessidade de conter o desenvolvimento das tendências revolucionárias, em primeiro lugar.

Hoje a economia capitalista depende visceralmente de salários baixos para manter os lucros. Por esse motivo, um grande número de plantas industriais foi movido do Japão para outros países da região. A Coreia do Sul enfrentou o mesmo problema a partir da crise de 1997 e, agora, a China enfrenta o problema do aumento dos salários, que passaram de aproximadamente US$ 30 na década de 1980 para aproximadamente 3500 iuans ou US$ 450 nas principais cidade do país, Beijing, Xangai e Huan Do.

A recessão da economia japonesa da década de 1990 levou à disparada do endividamento e à queda dos lucros por causa da política da burguesia de manter a estabilidade social. Os salários continuaram aumentando e a economia japonesa se tornou pouco competitiva em escala mundial.

A partir da crise dos chamados “Tigres Asiáticos”, de 1997, a Coreia do Sul teve que manobrar para conter os protestos sociais e manter a competitividade das exportações, o que acabou provocando a queda da taxa de lucro.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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