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bolsaAlemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O enfraquecimento do imperialismo alemão tem levado à pioria das condições de vida dos trabalhadores. Entre 1998 e 2008, o número de trabalhadores com contrato de tempo integral diminuiu em 800.000, enquanto o número de trabalhadores com empregos precários aumentou em 2,4 milhões. Em 2012, trabalhadores “atípicos” correspondiam a 21,2% da força de trabalho alemã. Hoje, mais de 2,6 milhões de pessoas têm dois empregos.


Bolsa de Valores de Frankfurt. Foto: Wilson Loo Kok Wee (CC BY-NC-ND 2.0)

EUA e Alemanha: aliados ou inimigos?

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos surgiram como a super potência que passava a dominar o mundo, desde a Europa desenvolvida até o Pacífico, passando pelas Américas, a África e a Oceania. O bloco liderado pela antiga União Soviética era muito secundário em relação ao controle do mercado mundial e, em grande medida, seguia a política do VII Congresso da Internacional Comunista de 1935, a aliança com as potências imperialistas democráticas.

O controle do mundo foi possível por meio de uma frente única com as demais potências imperialistas que tem sido mantida em pé até hoje. Na década de 1960, os imperialismos europeu e japonês conseguiram se recuperar, mas nunca em condições de contestar o domínio militar norte-americano.

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Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte I)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (parte II)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte III)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte IV)

Com o colapso capitalista de 1974 apareceram rachaduras que acabaram sendo “remendadas” mediante a contenção da crise em cima das chamadas “políticas neoliberais”. O colapso capitalista mundial de 2008 significou o colapso dessas políticas. O imperialismo não conseguiu colocar em pé uma política alternativa.

As rachaduras entre as potências voltaram a tona. As tendências centrípetas, desagregadoras, apareceram com o fortalecimento das potências regionais, em primeiro lugar a China e a Rússia, mas também de várias outras, com o Brasil, a Índia, o Paquistão e a Turquia.

A Alemanha e os EUA

O aprofundamento da crise capitalista mundial tem levado à busca de alternativas para salvar os lucros dos monopólios, aplicando a política do “salve-se quem puder”.

A Alemanha, a França e até a Inglaterra passaram a fazer parte do novo Banco de Infraestrutura da Ásia impulsionado pelos chineses. Esse banco junto com o Banco dos BRICS representam mecanismos que não são controlados diretamente pelo órgãos que dependem do imperialismo norte-americano, o FMI e o Banco Mundial.

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Os chineses impulsionam o chamado Novo Caminho da Seda com o objetivo de facilitar o comércio com a Europa. O núcleo da integração é feito pela construção de um trem bala que reduzirá de 35 para 25 dias o tempo do transporte de Pequim até Berlim. Outras rotas passam pelo Ártico.

Ao mesmo tempo, serão integradas as repúblicas da Ásia Central, o Paquistão e o Irã.

O pivô da integração da Europa é a Rússia, por meio de acordos iniciais entre a União Euroasiática e a União Europeia.

Os capitalistas alemães pressionam para levantar as sanções contra a Rússia e acelerar a integração. Mas é um caminho tortuoso por causa das relações com o imperialismo norte-americano, que tenta dificultar essa aproximação.

O aumento da disputa na especulação financeira

O coração da economia capitalista mundial é, hoje, a especulação financeira. A disparada do parasitismo dificulta, cada vez mais, a obtenção de lucros das atividades produtivas.

A Alemanha representa uma das duas potências industriais de primeira ordem, junto com o Japão. Quase a metade das exportações têm como destino os países da União Europeia. O complexo industrial depende das importações de peças e insumos dos países da periferia, em primeiro lugar da Polônia.

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Conforme a crise capitalista tem se aprofundado na periferia, o contágio tem se tornado cada vez mais forte em direção à Alemanha. Desde a década passada, a Alemanha passou a direcionar volumes de capitais, em crescente aumento, para a especulação financeira. Os créditos que inicialmente deviam ser utilizados para impulsionar as compras de produtos alemães passaram a ser direcionados para a especulação imobiliária.

Hoje a Bolsa de Frankfurt, que movimenta 90% das transações do país, depende em mais de 50% dos nefastos derivativos financeiros. Somente o Deutsche Bank se encontra contaminado por mais de 55 trilhões de euros em derivativos. Os aumentos do parasitismo e da recessão econômica continuam botando pressão na sociedade. De acordo com o Süddeutsche Zeitung, um dos maiores jornais alemães, na primeira metade de 2015, os trabalhadores ficaram parados mais de 350 mil dias. No ano passado, foram 156 mil dias, enquanto que, em 2010, foram apenas 28 mil dias. Se trata do colapso das propagandeadas reformas Hartz IV que foram impostas pelos social-democratas no início da década passada. Apesar do alto índice de sindicalização, os sindicatos alemães têm sido controlados por meio dos excedentes da máquina exportadora alemã. Essa “máquina” entrou em recessão por causa do contágio dos compradores dos seus produtos.

O enfraquecimento do imperialismo alemão tem levado à pioria das condições de vida dos trabalhadores. Entre 1998 e 2008, o número de trabalhadores com contrato de tempo integral diminuiu em 800.000, enquanto o número de trabalhadores com empregos precários aumentou em 2,4 milhões. Em 2012, trabalhadores “atípicos” correspondiam a 21,2% da força de trabalho alemã. Hoje, mais de 2,6 milhões de pessoas têm dois empregos.

Com o objetivo de manter os lucros, a burguesia alemã tem aumentado a migração dos capitais para atividades especulativas. O grosso da especulação financeira mundial é controlado por Wall Street e a Citi de Londres, que estão na origem dos derivativos financeiros. A entrada, em peso, dos alemães neste segmento, tende a acirrar a disputa.

As divergências em relação à taxação dos derivativos financeiros na Europa, por exemplo, à qual os ingleses se opõem de maneira contundente, faz parte das contradições.

Gastos militares

O grosso do orçamento da OTAN (Organização do Atlântico Norte) depende dos norte-americanos.

A política alemã tem sido de manter esses gastos reduzidos muito abaixo do limite dos 2% do PIB estabelecido. E sem intenções de aumentá-los. Da mesma maneira, a Alemanha tem se mantido distante das aventuras militares dos Estados Unidos no Iraque, no Afeganistão e na Líbia. Em alguns casos, apareceu mais tarde, em papéis secundários.

No caso das invasões da Líbia e do Iraque, a França, que é o aliado mais próximo da Alemanha, tinha interesses próprios. As próprias petrolíferas e bancos acabaram sendo relegadas a um papel secundário em relação aos bancos norte-americanos.

Conforme a crise capitalista mundial se aprofunda, se fortalece a política do salve-se quem puder. A tendência é que a disputa pelo controle do mercado mundial se torne cada vez mais acirrada.

A solução dos chineses, na realidade, não é uma solução. A crise capitalista é uma crise de superprodução. A aceleração do ciclo da circulação das mercadorias e a colocação no mercado de mais produtos, mesmo que mais baratos, tende a se chocar com o empobrecimento crescente, o desemprego, a carestia de vida e a inflação.

A contradições entre as potências têm se concentrado nas contradições com as potências regionais. Para o próximo período, essas contradições tendem a exacerbar-se nos centros, entre os países imperialistas.

Alejandro Acosta está atualmente na Alemanha.


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