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alemanhaAlemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A Alemanha representa o coração do capitalismo europeu e uma das cinco potências centrais do sistema capitalista mundial, junto com os Estados Unidos, a França, a Inglaterra e o Japão.


Foto: FDE Comite / Flickr (CC BY 2.0)

Crise terminal da União Europeia?

Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, as potências vencedoras, encabeçadas pelo imperialismo norte-americano, chegaram a considerar a transformação da Alemanha num país agrário. Mas o forte desenvolvimento das tendências revolucionárias na Europa levaram a descartar essa alternativa. Na Itália, os operários estavam armados e tinham tomado todas as principais fábricas. Na França, a Resistência tinha uma força militar enorme e grande parte da população estava armada. Os capitalistas da Europa Oriental, que tinham sido expropriado pelos nazistas, haviam desaparecido. Na Iugoslávia e na Albânia, os nazistas tinham sido derrotado por revoluções de massas, dirigidas pelos respectivos partidos comunistas, sem a ajuda do Exército Vermelho. Na Grécia, as tendências revolucionárias se acumulavam e levaram à revolução de 1948. Além disso, estavam ainda frescas na memória, a lembrança das três revoluções alemãs que se sucederam à Primeira Guerra Mundial.

O imperialismo norte-americano emergiu da Guerra, em 1945, como a uma super potência imperialista e impôs a frente única que manteve o controle do mundo e que, em linhas gerais, se manteve quase intacta, nos países centrais, até o colapso capitalista de 2008.

As rachaduras começaram a aparecer conforme as crises capitalistas se reabriram. A crise capitalista mundial de 1929 nunca foi fechada e somente foi controlada com a Segunda Guerra Mundial, por meio de uma gigantesca destruição de forças produtivas. No final da década de 1960, o esgotamento dos chamados “Anos Dourados” do capitalismo, nos países desenvolvidos, deu lugar a uma nova escalada da crise. A crise capitalista mundial de 1974 mostrou que a estabilidade já se tornava coisa do passado. Com o objetivo de conter a crise, o imperialismo norte-americano e inglês impulsionaram as políticas chamadas “neo-liberais”. O imperialismo europeu, que havia sido colocado em pé novamente pelos próprios monopólios, buscou a saída na União Europeia, que teve na origem o Tratado de Maastrich, impulsionado pela Alemanha e a França, o bloco europeu mais importante desde o final da Segunda Guerra.

O que representa a União Europeia?

A União Europeia representa um mecanismo para os monopólios europeus garantirem altos lucros colocando sobre controle estrito a população europeia.

A Alemanha representa, junto com o Japão, uma das duas potências imperialistas industriais. As exportações dependem em mais de 50% da Europa. A competitividade alemã tem na base não somente os ataques contra os salários dos trabalhadores alemães, que aconteceram nas décadas de 1990 e 2000. Os salários dos trabalhadores poloneses, que representam um dos principais componentes da corrente industrial alemã, não passam da terceira parte dos salários alemães. Nos demais países da Europa Oriental são ainda menores, com a exceção da República Tcheca e a Eslováquia que foram transformadas, na prática, em províncias alemãs.

No início da década passada, as crises regionais, que tinham acontecido na década de 1990, colocaram em xeque as chamadas “políticas neoliberais”. A entrada no mercado de centenas de milhões de trabalhadores chineses, asiáticos e do antigo bloco soviético foi o pilar da manutenção dos lucros e do controle do movimento operário. No início de 2000, o governo do então primeiro-ministro social-democrata Gerhard Schröder aplicou a política de ataques contra as condições de vida dos trabalhadores alemães. A reunificação da RFA (República Federal Alemã) com a RDA (República Democrática Alemã) implicou em altos custos relacionados na absorção, mas incluiu no mercado dezenas de milhões de trabalhadores dispostos a ganhar muito menos. As empresas da Alemanha Oriental foram liquidadas e o novo mercado ficou, principalmente, nas mãos dos monopólios alemães.

Nos anos seguintes, novos países da Europa Oriental foram incorporados na União Europeia. Novos mercados se abriram e dezenas de trabalhadores, com custo de mão de obra muito baixo, entraram no mercado de trabalho, passando a pressionar ainda mais os salários da Alemanha e dos países da Europa Ocidental.

O chamado estado de bem-estar social ficou com os dias contados. Os investimentos sociais e públicos foram colocados no olho dos cortes.

O colapso capitalista de 2008

Durante a década de 2000, o imperialismo europeu, liderado pelos alemães, passou a apertar o controle do mercado europeu. Enormes volumes de crédito foram injetados na Europa com o objetivo de facilitar as exportações. As indústrias locais ou bem foram liquidadas, ou foram estruturadas como apêndices dos monopólios alemães e franceses, em primeiro lugar.

Mas o excesso de capitais impôs novos mecanismos parasitários para colocar esses capitais e garantir os lucros. Os bancos alemães também passaram a conceder empréstimos para a construção civil. Quando a crise imobiliária estourou, em 2008, como ponta de lança da crise capitalista mundial, os bancos europeus acumularam um volume gigantesco de títulos podres. Eles foram resgatados pelos bancos nacionais e pelo BCE (Banco Central Europeu), mas a conta foi repassada para os trabalhadores, em primeiro lugar para os países mais fracos.

A disparada do endividamento público tem esses fatores na base, que se resume à garantia dos lucros dos monopólios europeus a qualquer custo.

Os chamados países PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) foram atingidos em cheio. No Estado espanhol, até hoje, há mais de três milhões de imóveis que não encontram comprador. Na Irlanda, a “eficiente economia”, que era gerida como um fundo de derivativos financeiros, implodiu. A Grécia foi transformada em terra arrasada. A Itália, que representa a terceira maior economia da zona do euro, parece uma república das bananas.

Todos os mecanismos de contenção que foram colocados em prática desde 2008 fracassaram. A tentativa de salvar os lucros dos monopólios tem aumentado o contágio, de maneira crescente, em direção ao coração do capitalismo europeu. A crise capitalista avança na Europa rumo a um novo colapso de grandes proporções.

Alejandro Acosta está atualmente na Alemanha como jornalista independente.


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