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cpiDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] A propaganda da imprensa burguesa tenta encobrir o aprofundamento da crise no chamado reino da “democracia” e do “livre mercado”, que supostamente teriam vindo para ficar após “a morte do comunismo”, com o colapso da União Soviética.


Protesto contra o resgate aos bancos, em Nova Iorque. Foto: A. Golden (CC BY-NC-ND 2.0)

O colapso do neoliberalismo

De acordo com o “célebre” economista burguês Thomas Piketty, a crise do keynesianismo, que deu lugar ao neoliberalismo, teria acontecido a partir da década de 1960 devido ao “excessivo poder do trabalho”. O Estado social e as forças do trabalho teriam começado a “ser desconstruídos”. Depois de 1980, houve uma queda nas taxas mais altas dos impostos e dos ganhos do capital, que tiveram a tributação muito reduzida. O ritmo do crescimento da economia teria continuado bom. Na realidade, a mudança não aconteceu por causa de leis estatísticas e matemáticas.

Na segunda metade da década 1960, os chamados “anos dourados do capitalismo” – dos quais os beneficiários foram fundamentalmente os países imperialistas – chegaram ao fim.

Os movimentos estudantis de 1968 foram um claro sinal de que as coisas não estavam indo bem. No final da década, a economia começou a apresentar problemas no coração do capitalismo mundial, os Estados Unidos. Pressionado pelos gastos militares da Guerra do Vietnã e o aumento da concorrência com os monopólios europeus e japoneses, que tinham se recuperado da devastação da Segunda Guerra Mundial, o imperialismo norte-americano passou por enormes dificuldades na tentativa de conter o aumento do desemprego e a disparada da inflação.

A crise de 1974 representou o ponto final definitivo dos chamados “anos dourados do capitalismo” e o início do fim do chamado “Estado de bem-estar social”. Ficou evidente que a crise capitalista não seria contida por meio da escalada do gasto público. O mundo caminhava na direção da depressão econômica e da hiperinflação.

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A desgraça dos keynesianos e a ascensão dos neoliberais se acentuou com a Revolução Iraniana de 1979, a Revolução na Polônia em 1980, a recessão nos países desenvolvidos e a crise das dívidas públicas de 1982, cuja ponta do iceberg apareceu no México. O mundo capitalista avançava aceleradamente à bancarrota.

A formulação matemática de Piketty camufla os fatores envolvidos no colapso capitalista de 2008.

O neoliberalismo promoveu gigantescos ataques contra as massas trabalhadoras, o que acabou enfraquecendo os mecanismos de contenção do regime burguês. O colapso capitalista de 2007-2008 representou a derrota das políticas neoliberais. A bancarrota da direita neoliberal deixou a burguesia sem uma política para enfrentar a crise e abriu caminho para uma nova ascensão das massas.

O colapso do “neokeynesianismo”

Perante o colapso das políticas neoliberais a partir de 2007-2008, a ala esquerda do imperialismo passou a propor a implementação de políticas keynesianas no lugar dos desastrosos planos de austeridade neoliberais. O prêmio Nobel de economia Paul Krugman e Nouriel Roubini são dois dos mais importantes representantes dessa corrente.

Na Grã Bretanha, o Partido Trabalhista contrapõe às desastrosas políticas do governo conservador – com o objetivo de conter a crise capitalista – a taxação dos lucros dos banqueiros, os investimentos públicos a longo prazo, a redução dos impostos sobre o consumo, o IVA (imposto sobre o valor agregado), e a isenção dos impostos trabalhistas às pequenas empresas. A profundidade da crise capitalista impede a aplicação dessas políticas. Os banqueiros da Citi de Londres se opõem até a taxação de décimos percentuais sobre os ultra parasitários derivativos financeiros.

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O PSF (Partido Socialista Francês) conseguiu eleger o presidente François Hollande e obter a maioria no parlamento em cima das políticas de “crescimento”. Mas em apenas alguns meses essas promessas mostraram a verdadeira face demagógica e tiveram que ser deixadas de lado. Hollande passou a abraçar em cheio as políticas de austeridade promovidas por Angela Merkel.

O problema prático para a implementação de qualquer política por fora do chamado “neoliberalismo” enfrenta, em primeiro lugar, o contexto histórico. A profundidade da crise capitalista não permite a recuperação do sistema capitalista. A visão infantil de que ao se produzirem empregos, os trabalhadores iriam gastar mais e fazer girar a economia se enfrenta com a dura realidade parasitária da especulação financeira que hoje representa o núcleo do capitalismo.

A economia capitalista ainda não engripou como aconteceu nos anos de 1930, mas está caminhando a passos largos nessa direção, em condições muito mais explosivas. Os estados burgueses estão falidos devido aos trilhões que têm sido destinados a salvar os lucros dos monopólios e a manter em pé a especulação financeira, por causa do esgotamento da economia real por causa da decadência histórica do sistema capitalista.

As alternativas para salvar o capitalismo são muito poucas, pois não dependem das soluções brilhantes de um prêmio Nobel de economia ou de um professor de economia promovido pela imprensa burguesia a sábio de plantão. Como pode ser visto na prática em escala mundial, até na própria França, as alternativas não passam de “mais do mesmo”. Ou seja, mais políticas neoliberais, que implicam nos “planos de austeridade” para a maioria da população e keynesianismo para os especuladores financeiros.

A única alternativa real para superar a crise é a expropriação do punhado de parasitas que domina o mundo. A revolução proletária mundial tem esse papel histórico, a destruição da casca do capitalismo, que protege um conteúdo cada vez mais podre, o Estado burguês.


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