François Hollande, presidente da França. Foto: Saly Bechsin (CC BY-ND 2.0)
França e Rússia: novo impulso à política militarista?
De acordo com o jornal Le Journal du Dimanche, os recursos envolvidos na compensação serão conseguidos a partir da venda de helicópteros à Polônia. O contrato tinha como objetivo "mexer a poeira" da burocracia do setor militar russo e manter o nível das relações com a França.
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O novo acordo com a França também mostra a relativa facilidade com que o acordo está sendo desfeito. Por trás do acordo se encontra o Novo Caminho da Seda.
O contrato tinha sido assinado em 2011 entre a empresa francesa DCNS/STX e a russa Rosoboronexport, mas as sanções impostas a partir dos acontecimentos na Ucrânia proibiram o negócio, que envolvia a entrega do primeiro navio no mês de novembro do ano passado.
As sanções contra a Rússia estão previstas para caducar no final deste ano. Ainda depende da validação da Comissão Europeia. Mas isso também explica os esforços do governo russo, e dos europeus, para evitar os "excessos" das repúblicas separatistas. Obviamente, a "linha vermelha" aqui é a entrada da Ucrânia na OTAN.
O desenvolvimento da Rússia tem ficado muito preso às variações do preço do petróleo e do gás. No último período, a queda abrupta dos preços levaram a economia russa à recessão. A "diversificação" que o governo busca se concentra na área da energia nuclear e das armas. Mas, ainda assim, se trata de uma economia poderosa. Sem fôlego para invadir a Ucrânia, pois envolveria altíssimos custos relacionados com a reconstrução do país, além da retomada das sanções e a exacerbação das contradições com as potências imperialistas. Mas a Federação Russa tem amplo fôlego e força militar para aplicar a política defensiva sobre as suas fronteiras, e as dos aliados próximos. E ainda se trata do pivô da inclusão da Europa no chamado "Novo Caminho da Seda", impulsionado pelos chineses.
O acordo entre a França e a Rússia tem dois significados principais. A França poderá desviar os porta-helicópteros para a principal potência da Europa Oriental, a Polônia, o que fortalece o belicismo militarista da burguesia polonesa. Mas há um "pequeno" detalhe: a Polônia somente tem acesso ao Mar Báltico, onde a Rússia conta com o enclave de Kalingrado, armado com armas nucleares de última geração. Ou seja, seria útil para uma política defensiva, mas dificilmente os navios poderiam ser usados para um ataque contra a Rússia.
Em contrapartida, a Rússia irá construir os dois navios em casa. E mas quem detém tecnologia bem sucedida para a empreitada? A China.
Como é natural, a política militar avança impulsionada pela evolução da economia.
Alejandro Acosta está atualmente na Rússia acompanhando os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.