Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan. Fórum Econômico Mundial, Wikimedia Commons (CC BY-SA 2.0)
A quem beneficia o Turk Stream (gasoduto turco)?
A rota inicial devia passar pela Bulgária, mas foi mudada por causa das pressões da UE para reduzir a dependência da Gazprom e pelas sanções contra a Rússia.
A União Europeia continua pressionando e ameaçando com não construir a extensão dos dutos a partir da Turquia.
A Rússia busca manter relações amigáveis com a Turquia, já que se trata de um estado membro da OTAN que controla a saída ao Mediterrâneo, a partir do Mar Negro. A Turquia busca obter um desconto de 10%.
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Para fazer frente às pressões relacionadas com o financiamento, será construído inicialmente somente um dos quatro dutos, que deverá ser finalizado até o mês de dezembro de 2016. Por esse duto poderá transitar todo o gás que a Turquia consome. Nos últimos 10 anos, a demanda pela Turquia duplicou.
Em dez anos, poderá consumir a capacidade total de dois dos dutos. Dependendo da velocidade dos financiamentos, os russos poderão dosar a construção dos dutos. Se a esse duto for somado o duto que levará gás à China a partir da Sibéria, os custos podem superar os US$ 100 bilhões. Por esse motivo, a Rússia quer construir, também neste caso, primeiro um duto menor, o Altai, da Sibéria ocidental até a fronteira com a China entre o Cazaquistão e a Mongólia.
Com o objetivo de implodir o Turk Stream, as potências europeias tentam tirar do papel o Trans-Anatolia, o Trans-Adriático e o Trans-Cáspio, para transportar o gás a partir do Turcomenistão.
A Turquia hoje fica com a metade do gás a partir da Ucrânia e será o principal beneficiário do novo projeto. Os países do sul da Europa enfrentam o aprofundamento da crise e não têm condições de financiar o Turkish Stream. O financiamento pelos bancos europeus depende do relaxamento das sanções, que caducam no final deste ano.
Alejandro Acosta está atualmente na Rússia acompanhando os acontecimentos geopolíticos da região como jornalista independente.